Quem será você na fila da vacina?
O momento já ultrapassou o da reflexão e beira a insanidade humana. Já são 10 meses e alguns dias de pandemia e todos os nervos a flor da pele.
No dia 1º de abril do ano passado, escrevi uma crônica de título “Quem é você na fila do novo coronavírus?” E, na data, eram 206 as mortes causadas por ele. Já na data em que escrevo esta crônica - 20 de janeiro de 2021 - são 8.575.742 casos de Covid-19 e 211.511 óbitos causados por ela. Além de uma suposta empatia que se transformou em um egocentrismo enorme, uma vez que no início da pandemia, propagava-se um discurso de que ela afloraria a generosidade das pessoas em prol dos mais afetados; mas que, a segunda onda da Covid-19 cruamente revelou foi o lado mais egoísta das pessoas, o qual justificaria a saidinha, a ida ao bar, a viagem com a família pra praia, o rolê e a aglomeração nas festas de Natal e Réveillon – todas devidamente comprovadas com postagens nas redes sociais. E por que uns podem e outros não, leitores(as)?
Mas, em meio a tanto individualismo, angústia, doentes e mortos - além de médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e trabalhadores da área da saúde exauridos - a pergunta agora é outra: após a aprovação do uso emergencial de duas vacinas no Brasil, quem será você nesta fila?
1) a pessoa sensata que sabe que se vacinar não é uma questão pessoal, mas de saúde coletiva; 2) o São Tomé que até hoje parece que não se deu conta do que um vírus “invisível” causou em todo planeta e por isso não vai se vacinar – tampouco usava máscara ou higienizada as mãos (no mínimo, para se proteger, sendo óbvio que não usaria para proteger os outros); 3) a pessoa que não está nos grupos prioritários para vacinação, mas mesmo assim anseia pela picada, até porque fez isolamento o máximo que pôde e seguiu as normas sanitárias; ou 4) a pessoa que não se vacinará, com medo de aí sim pegar a doença, ou pior: de virar jacaré.
Ai, (des)humanidade, me poupe!
Instagram Priscilla Porto: @priscillaportoescritora
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