22ª Reunião da Câmara de Ouro Preto
Clique play e assista

“Quando a esperança também sobe ao pódio”, por Priscilla Porto

Home » “Quando a esperança também sobe ao pódio”, por Priscilla Porto
Por Priscilla Porto Publicado em 05/08/2021, 10:27 - Atualizado em 05/08/2021, 10:46
Foto – Priscilla Porto é natural de Belo Horizonte, mas mora na histórica Ouro Preto. Crédito – Divulgação. Siga no Google News

Sinceramente não achei que, em plena pandemia, as Olímpiadas de Tóquio poderiam nos emocionar tanto.

O choro do surfista Ítalo Ferreira, primeira medalha de ouro do Brasil nos Jogos Olímpicos 2021, junto ao choro do repórter da Globo, Guilherme Pereira, durante a entrevista subsequente à vitória, foi muito emocionante, muito tocante. Talvez ainda mais para nós jornalistas - formatados para formatarmos a notícia sem o burilamento de emoções próprias.

E o que dizer da graça da menina de 13 anos, Rayssa Leal, voando no skate, dando show nas manobras, sorrindo, se divertindo e fazendo passinhos de dança em plena final olímpica? A medalha de prata nos pés, no peito e nas mãos de uma criança - primeira conquistada pelo Brasil em Tóquio.

Tão espetacular como a medalha de prata da ginasta Rebeca Andrade - pelo segundo lugar no individual geral - conquistada com gosto de ouro e trilha sonora de baile de favela. A primeira medalha olímpica da história da ginástica feminina artística do Brasil, seguida ainda, com muito louvor pela medalha de ouro na prova de salto. A primeira brasileira a conquistar duas medalhas na mesma edição olímpica: uma jovem de origem humilde, negra e filha de mãe solo - realidade notável e muito, muito admirável!

“Essa medalha não é só minha, é nossa, é do Brasil” - comemorou o corredor de apenas 21 anos, Alison dos Santos, o “Piu”, medalha de bronze nos 400 metros com barreiras. Marcado por uma grande cicatriz na cabeça, causada por queimadura em um acidente doméstico aos 10 meses de idade, o paulistano marcou agora sua história como primeiro medalhista olímpico brasileiro na prova de 400 metros rasos com barreira.

Exemplos de vitórias que representam, muito além das medalhas, momentos de genuína esperança, em época tão desesperançosa. E mesmo que não sejam tantos os pódios - já quase no último dia olímpico - são conquistas de muito orgulho, por representarem retratos tão legítimos do Brasil: de histórias difíceis de vida, de resiliência, de garra e de muita superação.

Parabéns aos campeões brasileiros olímpicos pelas vitórias! E muito obrigada por nos emocionarem de forma excepcional, em momento tão ímpar e angustiante de nossa história.

Priscilla Porto - @priscillaportoescritora
Jornalista e autora dos livros “As verdades que as mulheres não contam” e “Para alguém que amo – mensagens para um pessoal especial.

Deixar Um Comentário