Foto-Prédio da ACEOP-Associação Comercial de Ouro Preto-MG Crédito: Wendell Soares Por João Paulo Silva A cidade histórica de Ouro Preto (MG) é o município com a maior taxa de sobrevivência de micro e pequenas empresas do país. De cada 100 empresas da cidade, 86 permaneceram no mercado após os dois primeiros anos de existência. Isso é o que mostra o estudo “Sobrevivência das empresas no Brasil”, que foi realizado pelo Sebrae com empresas criadas em 2012 e que se mantiveram no mercado até 2014. De acordo com o levantamento, Minas Gerais registrou 77,4% de sobrevivência e está entre os estados que apresentaram taxa maiores que a média nacional (76,6%). “A cada 100 empresas mineiras que abriram em 2012, aproximadamente 23 fecharam as portas até o final de 2014”, explica a analista da Unidade de Inteligência Empresarial do Sebrae Minas Venússia Santos. Valmir Maximiano, presidente da Associação Comercial de Ouro Preto (ACEOP), comenta os resultados da pesquisa. "Esse resultado é visto com bons olhos. Fico muito satisfeito, partindo do princípio que a ACEOP faz parte deste processo. É muito importante para a região ter e manter esse título, além de dar sequência ao trabalho e fomentar o comércio”. Valmir também destaca a importância dos parceiros que auxiliam na qualificação da mão de obra, oferecendo condições para o empresário entender o planejamento estratégico e financeiro. Para ele, também é importante a participação dos empreendedores na busca por treinamentos e qualificações, para crescer cada vez mais. Para a coordenadora técnica da Agência de Desenvolvimento Econômico e Social de Ouro Preto (ADOP), Jacqueline Guimarães, alguns fatores são responsáveis pela maior sobrevivência dos pequenos negócios. “Ouro preto é uma cidade com enorme vocação para o turismo, que abrange setores de comércio e serviços, nos quais os pequenos empreendedores estão inseridos”. De acordo com Jacqueline, em 2013, juntos, esses setores correspondiam a quase 60% das vagas de empregos ocupadas na cidade. Ainda de acordo com as pesquisa, os fatores que contribuem para o fechamento das empresas no mercado são diversos. O estudo destaca que, antes da abertura do negócio, uma proporção maior de empreendedores que encerraram as atividades estavam desempregados, possuíam pouca experiência no ramo, abriram a empresa por necessidade, não planejaram ou tiveram menos tempo para planejar a empresa. Após a abertura do negócio, esses empreendedores tiveram dificuldades gerenciais, não conseguiram empréstimos em bancos, não aperfeiçoaram seus produtos/serviços, nem investiram na capacitação da mão-de-obra, inovando menos e deixando de lado o acompanhamento rigoroso de receitas e despesas. “A sobrevivência ou a mortalidade da empresa é definida por uma série de fatores, que atuam de forma individual ou simultaneamente”, justifica Santos. O presidente da ACEOP atribui o resultado dessa pesquisa primeiramente ao desemprego que cresceu bastante da região após o fechamento de várias empresas. Empresas de grande porte foram fechadas resultando numa redução de mão de obra muito grande. Essa mão de obra tende a abrir o seu próprio negócio, é quando há a intervenção das entidades de Ouro Preto como a Associação Comercial, a ADOP (Agência de Desenvolvimento Econômico e Social de Ouro Preto) e outras que fornecem respaldo ao microempresário regional. A pesquisa destaca também que a taxa de sobrevivência dos pequenos negócios mineiros vem crescendo ano a ano. Das empresas constituídas em 2008, 59,5% sobreviveram nos 2 primeiros anos. Daquelas que iniciaram a atividade em 2009 e 2010, 60,1% e 77,2%, respectivamente, estavam em atividade nos 2 anos seguintes. A partir daí, houve uma estagnação do aumento da taxa de sobrevivência das empresas de 77,3% em 2011 e de 77,4% em 2012. “O aumento das formalizações do Microempreendedor Individual (MEI) chegou a 65% no universo de pequenos negócios brasileiros em 2012 e contribuiu fortemente para as taxas crescentes de sobrevivência nos primeiros anos. Isso porque possui uma taxa de sobrevivência (87%) superior à de microempresas (55%)”, justifica Santos. O estudo revela ainda as taxas de sobrevivência para os setores da economia. A Indústria e da Construção mineira tiveram as melhores taxas de sobrevivência, 79,8% e 78,3%, respectivamente. O Comércio chegou a 77,5% e Serviços com 76,3%. Além de Ouro Preto, que conquistou o primeiro lugar no ranking dos 454 municípios do país que tiveram 500 ou mais empresas constituídas em 2012, outras 35 cidades mineiras ficaram acima da média nacional. São elas: Vespasiano, Santa Luzia, Sete Lagoas, Conselheiro Lafaiete, Betim, Ponte Nova, Divinópolis, Viçosa, Sabará, Ibirité, Contagem, Nova Serrana, Pouso Alegre, Itajubá, Timóteo, Lagoa Santa, Unaí, Barbacena, Araxá, Paracatu, Ipatinga, São João del Rei, Cataguases, Formiga, Juiz de Fora, Governador Valadares, Ubá, João Monlevade, Teófilo Otoni, Coronel Fabriciano, Ituiutaba, Alfenas, Lavras, Varginha e Ribeirão das Neves. Entre as capitais, Belo Horizonte foi a terceira com o maior número de estabelecimentos de pequeno porte criados em 2012 (33.606 empresas). Porém, no ranking das capitais com as melhores taxas de sobrevivência, ficou em 13º lugar, com o índice de 76%. Justificativas dos brasileiros A pesquisa do Sebrae também verificou que, para 31% dos empresários brasileiros que fecharam o negócio em 2014, os principais motivos foram as despesas com taxas e impostos, os custos e os juros. Além disso, a baixa clientela e a forte concorrência também prejudicaram 29% dos entrevistados. Outros fatores incluem problemas financeiros, inadimplência e falta de linhas de crédito (25%), e problemas de gestão e de administração (25%). Entre os empresários que encerraram suas atividades, 52% indicaram que a redução de encargos e impostos evitaria a mortalidade do negócio. Para 28%, o acesso a clientes, e para 21% o crédito facilitado também teriam impedido o fechamento das empresas. Dez dicas de sobrevivência 1) Planeje-se sempre; 2) Respeite sua capacidade financeira; 3) Não misture as finanças da empresa com as pessoais; 4) Fique de olho na concorrência; 5) Prospecte novos fornecedores; 6) Tenha controle do seu estoque; 7) Marketing não se resume a anúncio, invista em outras estratégias; 8) Inove, mesmo que seja um produto/serviço de sucesso; 9) Invista sempre na formação empresarial; 10) Seja fiel aos seus valores e aos do seu negócio. A Associação Comercial de Ouro Preto vem realizando nos últimos anos um efetivo trabalho de aproximação entre poder público e entidades que regem negócios em todo o Brasil. “A ACEOP está muito próximas de entidades fomentadoras de micro e pequenas empresas, como Federaminas (Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado de Minas Gerais.) e o próprio SEBRAE”, explicou Valmir. “Ao longo desse período estamos promovendo palestras, treinamentos, cursos e projetos visando o planejamento de pequenas empresas. O seja, o empresário de hoje tem uma série de informações na nossa região capaz de dar a ele condições para se sustentar no mercado durante muito tempo e perceber a viabilidade ou não de seu negócio”, finalizou o presidente.
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