Leia “Um plano de amor em alto grau”, por Roberto dos Santos

Home » Leia “Um plano de amor em alto grau”, por Roberto dos Santos
Por Roberto dos Santos Publicado em 31/05/2022, 11:57 - Atualizado em 31/05/2022, 15:40
Foto – Roberto dos Santos. Crédito – Arquivo pessoal. Siga no Google News

Carlos Eduardo era apaixonado pela cidade de Ouro Preto, desde o ano de 1999 ele residia na cidade. Chegou para estudar se formou e não foi mais embora. Esse era apenas um dos motivos que o fez ficar, o outro se chamava Celeste. Uma ouro-pretana nascida e criada nessa rica terra de ferro e ouro.

Carlos Eduardo conheceu e se encantou por Celeste ao vê-la caminhando pelas ruas do bairro Alto da Cruz. Eles moravam na mesma rua, sendo Carlos Eduardo no fim e ela no inicio. Quase todos os dias ela passava perto da casa dele para ir até a associação de moradores onde se reunia com a sua comunidade para resolverem as pendências do bairro. De tanto prestar atenção quando ela passava em frente de sua casa ele se apaixonou. Cautelosamente aproximou-se das pessoas mais influentes da comunidade, para depois se aproximar dela.

Começou então a participar mais ativamente da vida daquele povo. Estabeleceu uma diretriz própria de alguém que ama. Procurou saber mais sobre ela, afinal Celeste não sorria muito, parecendo ter algo oculto em sua existência. A única vez que ele a viu sorrir foi quando uma amiga brincou com ela próximo a casa dele e ela gargalhou. Talvez seu coração tenha se rendido a ela definitivamente naquele dia. Afinal por detrás de um sorriso existe uma infinidade de coisas e sensações. Ele pacientemente seguiu dia após dia conversando com as pessoas da comunidade para saber ainda mais sobre Celeste. Descobriu que sua amada teve num passado recente uma desilusão amorosa.

Ele ficou angustiado porque viu que se tratava de algo muito doloroso para ela. Decidiu seguir cauteloso e esperar o momento certo para revelar seu amor. Celeste estava sempre na defensiva, mas Carlos Eduardo ficou sabendo dos gostos dela e foi reproduzindo suas preferências ao longo dos dias. O progresso era lento, mas ele percebia mudanças no comportamento, um fator que classificou como positivo.

Ao descobrir que ela tinha uma queda por rosas brancas, plantou algumas na associação.

Instalou um sistema de som ambiente bem simples com pequenas caixas acústicas, que reproduziam músicas instrumentais tocados ao piano. Ele procurava chegar sempre primeiro e deixava tudo do jeito que ela gostava. A última descoberta de Carlos Eduardo a respeito de Celeste foi algo simples, mas que teve grande impacto nos dias que seguiram.

Ele ficou sabendo que ela adorava chocolate branco e duma marca específica.

Então sempre que precisava ir a associação para alguma reunião ou outra situação pertinente ele levava chocolate branco para ela.

Quando ele chegava ao prédio da associação, se ela já estivesse lá ele se dirigia até ela, pegava a sua mão e colocava o chocolate para que o apreciasse.  Ela se alegrava, guardava o presente e seguia para seus afazeres comunitários. Ele não dizia nada, e nem ela.

O dia mais feliz da vida dele foi quando ela sorriu ao receber um chocolate. Nesse dia ele colocou além do chocolate uma rosa branca colhida no jardim que plantou pensando nela.

O mais curioso aconteceu dois dias depois nesse mesmo prédio de reuniões. Carlos Eduardo entregou a Celeste o chocolate como sempre fazia, e ela esboçou um sorriso, desfazendo-o imediatamente. Ele então percebera que a decepção da moça foi por que não encontrara outra rosa branca junto ao chocolate. Dessa vez ele não ficou calado e disse a Ela:

— Ficou triste por não encontrar junto ao chocolate a rosa branca de que tanto gosta?

Ela respondeu para ele:

— Eu esperava sim uma rosa.

Carlos Eduardo movido pelo amor até aquele momento silencioso tomou a pela mão, pediu licença e a conduziu até o canteiro com rosas brancas. Ao fundo ouvia-se uma musica suave em que os acordes remetiam ao som de piano.

Ele disse:

— Essas rosas são todas suas. Eu plantei para você. Essa musica suave ao fundo é a trilha sonora do meu amor por você. O chocolate branco de que gosta tanto simboliza o meu beijo, e o sabor adocicado é uma porção de você em mim!

Celeste não dizia nada, ficou imóvel sem conseguir se mexer. Lágrimas deslizavam pelo seu rosto como uma cachoeira

Carlos Eduardo então percebeu que aquele era o momento que tanto esperava. E disse:

— Eu sei que você viveu momentos difíceis na sua vida amorosa. Eu também vivi só que há muito tempo. Isso me fez compreender o que sentia. Por isso tive paciência, para conquistar o seu amor. Queria que você quando me olhasse, enxergasse o homem que te amava (eu) e não aquele que te fez sofrer. Por isso descobri tudo que você gostava, coloquei nessas coisas todo meu amor. Plantei rosas, instalei as caixas de som para você ouvir musica, te ofertei chocolate.

A cada rosa branca que nascia eu te amava mais, as musicas eram o som do meu amor, os chocolates tinham dois propósitos. Um era alegrar-te e o outro era desfazer toda a amargura que desamor lhe fez. Em tudo eu coloquei todo meu amor, porque eu queria que você se sentisse amada. Tinha que ser assim senão eu correria o risco de não conseguir chamar sua atenção.

Mas Carlos Eduardo, ainda tinha algo importante a fazer. Perguntar a Celeste se ela o daria a chance de viver a seu lado. Só ele havia falado. Ela permanecia como que em estado de choque. 

Ele então ficou meio trêmulo, um misto de medo e ansiedade. Isso porque ele estava prestes a pedi-la em namoro.

Ele então respirou fundo e falou:

— Celeste, diante de tudo que conversamos eu ainda queria dizer que o passado não está aqui, mas a possiblidade de um presente inesquecível e de um futuro inimaginável. Eu te pergunto de todo o meu coração! Você quer namorar comigo?

A essa altura tinha até plateia, pois os participantes da reunião agendada para aquele dia observavam calados o desenrolar dos acontecimentos. 

Celeste que chorava sem parar estava a um passo de Carlos Eduardo. Ela ergueu a cabeça, fitou os olhos nele e por alguns segundos se ateve a magia do momento.

Parecia ler algo escrito no olhar o moço apaixonado. A resposta viria surpreendentemente a seguir. Celeste projetou seu corpo na direção de Carlos Eduardo e o abraçou sem medo. Mas continuou sem dizer nada. Ficaram abraçados por alguns segundos quando ela quebrou aquele silêncio avassalador dizendo:

— Obrigado por me amar assim, por cuidar dos meus sentimentos que estavam partidos, quase que dilacerados. Tudo que você fez foi me curando pouco a pouco e eu fui te amando sem sentir que era amor. Todos os dias eu queria encontrar você e receber chocolates. Na verdade você estava me dando amor. Muito amor.  Hoje só restou o medo que minhas lágrimas lavaram.

Não me resta outra coisa senão dizer que todo o meu amor é seu. Prometo a cada minuto do resto de minha vida amar-te com todas as minhas forças.

Após o sim de Celeste, Carlos Eduardo chorou. Celeste num abraço sem fim tentava enxugar as lágrimas que brotavam na face do moço, ele também tentava enxugar as lágrimas quentes a deslizar no rosto dela, por fim desistiram e com os rostos umedecidos ouviram gritos dos participantes da reunião que alegres manifestavam seu contentamento com o desfecho desse amor sem igual.

Naquele dia não teve reunião, os assuntos a serem tratados se tornaram pequenos diante daquele amor do tamanho do mundo.    

Carlos Eduardo e Celeste seguiram felizes vivendo o mais bonito dos amores, aquele em que os corações se entrelaçam e se tornam um só coração.

Deixar Um Comentário