Prosa na Janela: Leia “Jeito de sereia”, por Roberto dos Santos

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Por Roberto dos Santos Publicado em 04/05/2021, 16:50 - Atualizado em 04/05/2021, 16:50
O ouro-pretano Roberto dos Santos possui coluna cativa no Jornal Voz Ativa e escreve, na maioria das vezes, contos de amor e memórias envolvendo a Cidade Patrimônio Cultural da Humanidade. Crédito – Arquivo pessoal. Siga no Google News

Na região de Ouro Preto em Minas Gerais, tem lindas cachoeiras, montanhas e vales, tem frio, vento e silêncio. Belíssimas quedas d’água que atraem pessoas que além de se banharem aproveitam para viverem lindos momentos.

O barulho das águas não incomoda, parece canções que fazem relaxar num ambiente repleto de puro bem. Os pássaros parecem entender os sons que ali se fazem, das águas nas pedras, das águas nas águas, e num canto dão a sintonia perfeita aos lugares. As borboletas bailam tendo sobre si um filete de sol que encontrou entre o verde das matas uma fresta.

Mas têm aqueles dias ainda mais especiais, momentos que a vida reserva principalmente aos olhos mais atentos e sensíveis.

Numa dessas cachoeiras, sentada numa pedra que a margeava, um corpo moreno é notado. Buscava a quentura do sol que incidia naquele lugar, aliás, era o único lugar que conseguia chegar. Sua pele estava arrepiada, minúsculas gotas passeavam pelo seu corpo, o vento as projetava no ar quando as encontravam em queda livre, formando uma cortina esbranquiçada. Essas gotas pareciam um spray natural que quando iam de encontro aquele corpo moreno provocavam arrepios. Era o frio contido naquelas pequenas gotas que deslizavam naquele corpo de mulher.  

Aquela linda mulher sobre a grande rocha ainda não havia se aquecido, embora o sol estivesse presente.

Uma sereia de água doce?

Poderia até ser, mas se os contos dizem que elas encantam pelo canto, a dinâmica natural dos acontecimentos se empreendeu de forma diferente. Quem estava encantada com tudo a sua volta era ela que igualmente encantava.

Parecia que era mesmo uma sereia, minúsculos pingos de água ainda deslizavam pelo seu corpo, sua pele continuava arrepiada, a água era fria e o sol sobre seu corpo ainda não havia lhe fornecido o calor necessário para se aquecer.

Brincos de argola e uma tiara que domava seus cabelos volumosos enfeitavam seu lindo corpo. De pés descalços e com adornos pelo tornozelo, ela se integrou a paisagem do lugar, a natureza que já era bela, mais bela se fez.

Seu sorriso desarmado fazia tudo brilhar, seu olhar sapeca dava ao ambiente leveza e alegria. Sua existência fazia tudo mais bonito.

Talvez fosse mesmo uma sereia, e ali a sua casa, ou quem sabe uma linda mulher em visita ao lugar, o fato era que sereia ou não ela era encantadora e de encantos também se vive.

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