Por Doula Laura Muller Terapeuta Hipnóloga, Coordenadora de cursos de Preparação para o Parto,Instrutora de Shantala, Facilitadora em Grupos de Coletivos Feministas, Facilitadora em cursos de formação de Doulas. Autora do Projeto Fênix Para Vítimas de Violências Sexuais e Obstétricas, Mãe do Arthur. Cada vez mais pessoas buscam por informações há muito tempo perdidas pela medicalização do parto. Com a chegada de novas tecnologias, vimos um evento fisiológico como o parto ser transformado em algo patológico, sendo retirado o protagonismo no parto da mulher. Nós Doulas, estamos aqui para ajudar a devolver esse protagonismo às mulheres, para que sejam respeitadas dentro das instituições hospitalares. Com informações atualizadas e embasamento científico, as Doulas desmistificam a cesariana sem reais indicações e trabalham para que a mulher venha a ter uma experiência boa na hora do parto. Doulas não são contra a cesariana ou intervenções no parto, desde que essas sejam feitas com real necessidade e não como prática de rotina ou protocolo institucional. Nesse momento já são discutidas em Brasília novas diretrizes para assistência ao nascimento devido aos índices absurdos que o Brasil ostenta. Enquanto a OMS (Organização Mundial da Saúde) preconiza até 15% de taxas de cesarianas, no Brasil temos um índice de 54% na rede pública e de mais de 80% na rede privada e já temos como dados que 1 a cada 4 mulheres são vítimas de violência obstétrica no Brasil. E é contra essa realidade que Doulas, Obstetrizes, Enfermeiras obstétricas, Parteiras, Ativistas e Obstetras humanizados, se unem atualmente. Parafraseando Michel Odent: “Para mudar o mundo é preciso mudar a forma de nascer.” O que é Doula? A palavra Doula vem do grego e significa “mulher que serve”, sendo hoje utilizada para referir-se à mulher sem experiência técnica na área da saúde, que orienta e assiste a nova mãe no parto e nos cuidados com bebê. Seu papel é oferecer conforto, encorajamento, tranquilidade, suporte emocional, físico e informativo durante o período de intensas transformações que está vivenciando. Antigamente o nascimento humano era marcado pela presença experiente das mulheres da família: irmãs mais velhas, tias, mães e avós acompanhavam, instruíam e apoiavam a parturiente e recém mãe durante todo o trabalho de parto, o próprio parto e os cuidados com o recém-nascido. Atualmente os partos acontecem em ambiente hospitalar e rodeado por especialistas: o médico obstetra, a enfermeira, o pediatra... Cada qual com sua especialidade e preocupação técnica pertinente. O cuidado com o bem estar emocional da parturiente acabou ficando perdido em meio ao ambiente impessoal dos hospitais, tendendo a aumentar o medo, a dor e a ansiedade daquela que está dando a luz e consequentemente aumentando as complicações obstétricas e necessidade de maiores intervenções. A doula veio justamente para preencher esta lacuna, suprindo a demanda de emoção e afeto neste momento de intensa importância e vulnerabilidade. É o resgate de uma prática existente antes da institucionalização e medicalização da assistência ao parto, e que passa a ser incentivada agora com respaldo científico. Os resultados deste apoio vêm trazendo revelações surpreendentes na redução das intervenções e complicações obstétricas, bem como facilitando o vínculo entre mãe e bebê no pós-parto. O que a Doula faz?
- Oferece suporte emocional através da presença contínua ao lado da parturiente, provendo encorajamento e tranquilidade, oferecendo carinho, palavras de reafirmação e apoio.
- Favorece a manutenção de um ambiente tranquilo e acolhedor, com silêncio e privacidade.
- Oferece medidas de conforto físico através de massagens, relaxamentos, técnicas de respiração, banhos e sugestão de posições e movimentações que auxiliem o progresso do trabalho de parto e diminuição da dor e desconforto.
- Oferece suporte informativo explicando os termos médicos e os procedimentos hospitalares. Antes do parto orienta o casal sobre o que esperar do parto e pós parto.
- Explica os procedimentos comuns e ajuda a mulher a se preparar física e emocionalmente para o parto, das mais variadas formas.
- Também atua como uma ponte de comunicação entre a mulher, sua família e a equipe de atendimento, fazendo os contatos que a mulher desejar.
- A doula se faz importante até mesmo numa cesariana, onde continua dando apoio, conforto e ajudando a mulher a relaxar e tranquilizar-se durante a cirurgia.
- Pode estar presente no pós-parto, auxiliando a mãe no seu contato com o recém-nascido e com a amamentação.
- Não realiza qualquer procedimento médico ou clínico como aferir pressão, toques vaginais, monitoração de batimentos cardíacos fetais, administração de medicamentos.
- Não é sua função discutir procedimentos com a equipe ou questionar decisões.
- Não substitui qualquer dos profissionais tradicionalmente envolvidos na assistência ao parto.
- Não substitui o acompanhante escolhido pela parturiente. Nesse caso a doula orienta o pai ou acompanhante a ter uma participação mais ativa no processo, sugerindo formas de prestar apoio e dar conforto à mulher.
- Aumento no sucesso da amamentação
- Interação satisfatória entre mãe e bebê
- Satisfação com a experiência do parto
- Redução da incidência de depressão pós-parto
- Diminuição nos estados de ansiedade e baixa auto-estima
- Aumenta as taxas de parto normal
- Reduz a duração do TP e a necessidade de analgesia
- Maior satisfação com a experiência de parto
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