Megaoperação do MPRJ mira “Escritório do Crime” e suspeitos do assassinato de Marielle Franco
A operação Tânatos, uma referência ao “Deus Grego da Morte” conta com a parceria da Polícia Civil do Rio; Dois denunciados de compor o escritório de homicídios por encomenda já foram preso na manhã de hoje (30/06).
Polícia Civil e Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) realizam nesta terça-feira, 30 de junho, operação conjunta contra o chamado “Escritório do Crime”, como ficou conhecida a milícia com atuação na zona oeste do Rio de Janeiro. Batizada de Tânatos, uma referência ao “Deus da Morte” na mitologia grega, a operação é um desdobramento da investigação sobre os assassinatos da vereadora carioca Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em março de 2018. O crime causou comoção no mundo todo e gerou revolta dos militantes ligados aos movimentos de Direitos Humanos.
Objetivo
Segundo o MPRJ, o objetivo é cumprir mandados de prisão e de busca e apreensão contra denunciados de compor organização criminosa que se dedica a homicídios por encomenda. Já foram presos no início desta manhã Leonardo Gouvêa da Silva (vulgo 'MAD') e de Leandro Gouvêa da Silva (vulgo 'Tonhão').
Ainda de acordo com informações oficiais do MPRJ, a operação é resultante de três denúncias apresentadas pelo GAECO/MPRJ, que descrevem os crimes cometidos pelo grupo, que possuía ligação estreita com Adriano Magalhães da Nóbrega, conhecido como 'Capitão Adriano', que exercia forte influência sobre o bando, que nutria verdadeira reverência a sua representatividade no submundo do crime.
Agressividade e destreza
“Cabe lembrar que Adriano foi denunciado pelo GAECO/MPRJ na operação “Intocáveis”, em 14 de janeiro de 2019, tendo sua prisão decretada. Logo, o 'capitão' tornou-se foragido da Justiça e acabou sendo morto por agentes do BOPE em 9 de fevereiro de 2020, durante operação visando sua captura, realizada pela PCERJ e a Polícia Civil da Bahia, na zona rural da cidade de Esplanada, no interior daquele estado”.
Numa das denúncias apresentadas, descreve o MPRJ que na atuação do grupo criminoso há emprego ostensivo de armas de fogo de grosso calibre. A agressividade e destreza nas ações finais revelam um padrão de execução. Fortemente armados e com trajes que impedem identificação visual, tais como balaclava e roupas camufladas, os atiradores desembarcam do veículo e progridem até o alvo executando-o sem chances de defesa.
Homicídio de Marcelo Diotti
'Capitão Adriano', conforme informou o MPRJ, “é apontado como mandante do homicídio de Marcelo Diotti da Mata, cuja execução, na noite de 14 de março de 2018, no estacionamento de uma hamburgueria na Barra da Tijuca, ficou a cargo do grupo criminoso agora denunciado. Diotti, que já havia sido preso por homicídio e exploração de máquinas de caça-níqueis, era visto como desafeto por seus executores”.
A instituição que tem como prioridade a defesa da ordem jurídica ressalta também que o mesmo grupo criminoso é apontado como autor da tentativa frustrada de execução do PM reformado Anderson Cláudio da Silva ('Andinho') e do também PM Natalino dos Santos Rodrigues, em 6 de janeiro de 2018, na Rua Ribeiro de Andrade, em Bangu.
“O primeiro alvo, no entanto, não foi atingido pelos disparos. O segundo, apesar de baleado, sobreviveu ao ataque. Após essa data, apurou-se que os denunciados, em diferentes dias, se deslocaram a outros endereços vinculados a Anderson, com o intuito de monitorar sua rotina, em busca de obter êxito em uma segunda investida criminosa, que veio a ocorrer em 10 de abril do mesmo ano”.
Morte sob encomenda
O Ministério Público do Rio de Janeiro, traz mais detalhes sobre a milícia. De acordo com a instituição, o “Escritório do Crime” possui estrutura ordenada e voltada, sobretudo, para o planejamento e execução de homicídios encomendados mediante pagamento em dinheiro ou outra vantagem.
“Nesta hierarquia, Leonardo Gouvêa da Silva (vulgo 'MAD') exerce a chefia sobre os demais, competindo-lhe a negociação, o planejamento, a operacionalização e a coordenação quanto à divisão das tarefas criminosas a serem executadas por seus asseclas, sendo forte braço armado. Destaca-se ainda a atuação de Leandro Gouvêa da Silva (vulgo 'Tonhão'), irmão e homem de confiança de Leonardo, que atua como motorista do grupo, tendo ainda como incumbência o levantamento, a vigilância e o monitoramento das vítimas. Outros dois denunciados cumprem funções semelhantes, sendo ainda braços armados: João Luiz da Silva ('Gago') e Anderson de Souza Oliveira ('Mugão'), ambos ex-policiais militares”.
Denúncias
O Ministério Público do Rio de Janeiro, deu mais detalhes sobre três das mais graves denúncias, além do caso Marielle Franco, que culminaram na operação de hoje.
“Foram oferecidas três denúncias, sendo uma junto a 1ª Vara Especializada da Comarca da Capital, tendo sido expedidos mandados de prisão e busca e apreensão por crime de organização criminosa”.
“A segunda, por crimes de homicídios, foi distribuída à 3ª Vara Criminal da Comarca da Capital, em face de Leonardo Gouvêa da Silva ('MAD'), Leandro Gouvêa da Silva ('Tonhão') e João Luiz da Silva ('Gago'), onde também foram expedidos mandados de prisão e de busca e apreensão”.
“A terceira denúncia oferecida foi distribuída junto à 4ª Vara Criminal da Comarca da Capital, tendo como vítima de homicídio Marcelo Diotti da Matta, morto em 14 de março de 2018, na Barra da Tijuca”.
“Cabe ressaltar que a investigação que originou as denúncias contou com técnicas inovadoras, sobretudo no aspecto de uso de tecnologias, em procedimentos autorizados pela Justiça. As provas que compõem as denúncias resultaram na deflagração da presente operação Tânatos”, informou a instituição.
Com informações oficiais do Ministério Público do Rio de Janeiro.
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