Polícia Civil prende suspeito de feminicídio e crimes sexuais em Itabirito-MG

Investigações apontam que suspeito pode ter agido também em Ouro Preto e região. Autoridades pedem às pessoas que tiveram algum indício ou suspeita de crimes sexuais que procure as autoridades e denuncie.

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Por João Paulo Silva Publicado em 22/03/2021, 13:09 - Atualizado em 22/03/2021, 13:09
Foto – Delegado Frederico Ribeiro de Freitas Mendes é entrevistado pelo Jornal Voz Ativa. Crédito – Arquivo/JVA. Siga no Google News

A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) prendeu, temporariamente, na última quarta-feira (17), um homem, de 42 anos, investigado pela morte da própria cunhada, de 44, em Itabirito (MG). As informações foram repassadas na manhã de hoje (22), durante coletiva de imprensa, pelo delegado Frederico Ribeiro de Freitas Mendes, titular da Delegacia de Polícia Civil da cidade. Mendes informou que o corpo da vítima foi encontrado próximo a um riacho, já em estado de putrefação, dez dias após familiares registrarem o desaparecimento da mulher. Além dos crimes de feminicídio e ocultação de cadáver, o homem é suspeito da prática de violência sexual no município e entorno.

A denúncia do desaparecimento da mulher foi recebida pela Polícia Civil, em Itabirito, no dia 26 de fevereiro de 2021. O delegado conta que “imediatamente, a equipe de investigadores da delegacia cumpriu diligências com a intenção de esclarecer a denúncia anônima realizada por meio do 181”. Cerca de uma semana depois, foram encontrados, em um riacho, alguns pertences da vítima. Na parte da manhã, foi encontrada uma mochila com documentos. No mesmo dia, no período da tarde, em uma estrada de terra sentido à cidade de Rio Acima, foram localizadas fitas plásticas para atar mãos, uma peça de roupa íntima e preservativos.

A mulher prestava serviços em uma empresa que, diariamente, pagava um táxi para buscá-la em casa. “No dia do desaparecimento o taxista passou na casa da vítima no horário de costume, mas não a encontrou. Na residência estava apenas o investigado. O mesmo alegou que a mulher já tinha ido para a empresa, fato que não se confirmou. Foi quando as suspeitas começaram a apontar, de forma mais direta, para o cunhado”. Tudo indica que o crime tenha ocorrido na casa onde morava a mulher, sua irmã e o cunhado. O corpo, de acordo com o delegado Frederico Ribeiro de Freitas Mendes, foi colocado no porta-malas do carro do cunhado e abandonado mais tarde no local onde seria encontrado pela polícia.

O delegado Frederico Mendes também declarou que, dando prosseguimento às investigações, no dia 08 de Março, o corpo foi localizado pela Polícia Civil próximo a um riacho, sem sutiã e já em estado de putrefação. A mulher também estava com a boca tapada com silver tape, uma potente fita adesiva de cor cinza. “Por meio de perícia técnica científica, foi confirmada a identidade da vítima que sofreu pelo menos 12 fraturas nas costelas. A partir disso, foi instaurado o inquérito por meio de decisão judicial”.

Confissão

No dia 17 de março, após ouvidos os familiares da vítima e o suspeito fazer várias declarações desconexas e ter mudado visivelmente o seu comportamento, se tornando uma pessoa fria, em andamento às investigações, foi efetuada a prisão. A polícia temia que outro feminicídio pudesse ocorrer, pois a esposa se queixou que passou a ter receio de conviver com o homem. Diante disso, após prestar depoimento, o suspeito confessou, parcialmente, a autoria do crime, alegando, inclusive, legítima defesa.

De acordo com ele, uma discussão levou à queda da mulher que acabou se machucando com uma chave de fenda. Questionado sobre os motivos de não ter acionado as autoridades ou o SAMU para prestar atendimento à vítima e ter escondido o corpo 30 minutos depois do fato, ele não soube explicar. “Depois de todos os álibes refutados pela PCMG, por meio da necropsia e depoimentos do envolvido, o homem acabou confessando ter praticado os crimes dos quais ainda era suspeito”.

A Polícia Civil em Itabirito destacou que há fortes indícios de crime sexual, o que ainda não foi comprovado. Já a ocultação de cadáver está confirmada, pois o corpo foi abandonado em uma mata densa e de difícil acesso. Ainda de acordo com o delegado, “só falta a confirmação de que se realmente houve a violência sexual durante a prática do feminicídio”.

Outras vítimas na região

Existe também a possibilidade de que o mesmo homem ser suspeito de crime de estupro, no ano passado, em Ouro Preto (MG). “Por isso, nós acreditamos que possa haver novas vítimas envolvendo crimes sexuais praticados por ele”. Embora, por questões judiciais, a PCMG não possa divulgar nomes, o delegado pede que “qualquer pessoa, ou até mesmo crianças acompanhadas pelos pais, que tiveram algum indício ou suspeita de crimes sexuais praticados nos últimos dois anos em Itabirito ou região, que procure as autoridades e denuncie”.

Pena

O inquérito segue em caráter sigiloso para não atrapalhar as investigações. Agora, a Polícia Civil busca esclarecer se realmente houve crime sexual, mas tudo indica que sim. A legítima defesa, alegada pelo suspeito, não se confirmou durante as investigações. Testemunhas alegram que a vítima era uma pessoa pacífica, caseira e nunca causou nenhum tipo de problema com a vizinhança. A PCMG não estimou precisamente a pena, caso o homem seja condenado, pois, isso ainda depende de uma série de fatores e investigações envolvendo o feminicídio. Mas, conforme destacou o delegado, trata-se de crime hediondo com ocultação de cadáver. Levando em conta todos esses fatos e somado o estupro, que ainda está em investigação, tudo indica que ele possa pegar mais de 25 anos de prisão.

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