“Todo dia ela faz tudo sempre igual…” na Coluna Viagens Literárias, com Priscilla Porto

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Por Tino Ansaloni Publicado em 13/10/2015, 11:23 - Atualizado em 13/10/2015, 11:25
Foto-Escritora Priscilla Porto Crádito-Bruna Santos E ele sacode às 6 horas da manhã. O relógio despertador? Não! O celular. E, junto, a bendita e honrada mas, escravizadora, responsabilidade. Aquela que sempre te faz levantar! (“Todo dia ela diz que é pra eu me cuidar”) E os dias vão passando... e se configurando em meses, semestres, anos, décadas... E o temor maior, é a gente nem perceber: como somos escravos da rotina! Pois: a vida, na maioria das vezes, é: estar dormindo e, sem querer, levantar. Tirar o gostoso pijama. Lavar o rosto, escovar os dentes e tomar um café. Depois, ir andando, de ônibus ou de carro para o trabalho. Um trabalho que é: muitas horas de serviço trocadas por poucas notas de dinheiro; alguns clientes que se repetem; algumas satisfações; muitos fins de expedientes desejados; algumas reclamações do chefe e dos colegas de trabalho. E, entre tudo isso, a hora mais desejada: a do almoço. Um almoço que é: pegar um prato, pegar um garfo, pegar um pouco de arroz e um pouco de feijão. Às vezes, uma carne e uma salada. E, desejosamente, mas mais raramente, umas batatas fritas. Em seguida, assistir televisão pra ver se o Cruzeiro ganhou, se o Galo perdeu, se o Evaristo Costa está mais bonito e se o Lula ou a Dilma ainda não foram indiciados no caso Lava Jato. Depois, preguiçosamente, voltar para o trabalho e repetir o que foi feito no oitavo parágrafo. Até "baterem" seis horas da tarde e você estar livre. E “sorrir um sorriso pontual”. É.... estar livre para: chegar em casa e tomar um banho. Banho que é: pegar uma bucha e um sabonete e passar pelo corpo que tem que estar molhado. Pode ser rápido ou demorado. Mas que, geralmente, é santo e finalizado por um secar de toalha. E, então, ela ou ele “diz que está me esperando pro jantar”. Porque, então, vem o jantar que é quase igual ao almoço do nono parágrafo. E, ainda depois, vem o sentar-se no sofá confortável para ver a novela, o jornal, ou o programa de entretenimento. E, ao final, dormir. “Todo dia eu só penso em poder parar Meio dia eu só penso em dizer não Depois penso na vida pra levar E me calo com a boca de feijão.” Dormir que é: escovar os dentes, colocar o gostoso pijama, que no começo do dia foi retirado, deitar-se em uma estrutura de madeira com um acolchoado em cima e fechar os olhos. E ficar esperando um pouco até cair em um estado de desfalecimento total, no qual você não tem a mínima ideia do que está por vir, uma vez que nos sonhos tudo pode acontecer. (...) Talvez, por isso, seja tão necessário sonhar... _____________________________________________ Priscilla Porto Autora dos livros “As verdades que as mulheres não contam” e “Para alguém que amo – mensagens para uma pessoa especial”. Contato: www.priscillaporto.com

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