“Em tempos de moedas virtuais, invista em Depeche Mode”, por Sarah Tempesta

Sarah Tempesta é bióloga, colunista no site Global Sustentável e está sempre em busca do reverso do óbvio.

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Por JornalVozAtiva.com Publicado em 20/09/2019, 14:30 - Atualizado em 20/09/2019, 14:30
Sarah Tempesta é bióloga, colunista no site Global Sustentável e está sempre em busca do reverso do óbvio. Siga no Google News

Você, que economiza toda a semana para abastecer o seu cartão do ônibus, está bem distante do mundo sofisticado dos detentores de moedas virtuais e criptografias bancárias das pessoas descoladas, modernas e com cortes de cabelo inviáveis para aquele seu condicionador de uso diário que no máximo é sem sal na formulação, e que você paga R$9,99.

Continue usando o seu condicionador barato, porque o que nutre o cabelo é o abacate e  a banana, gente rica faz os produtos de higiene pessoal nas farmácias de manipulação, gente pobre usa produto da promoção e come banana todo dia! Todo dia!

As pessoas que usam moedas virtuais, já nem falam mais com pessoas pobres, nem um bom dia!

Em um futuro próximo, as pessoas e suas respectivas criptografias bancarias, estarão todas trancadas em seus apartamentos lindos e assépticos, comunicando-se apenas com o oxigênio, e nós os pobres estaremos na praia comendo banana e falando de futebol e rindo de piada que pobre conta para pobre!

Porque a vida para o pobre é uma farra, uma aventura e a alegria do novo dia, a vida do rico é estranha, é uma vida cheia de medos e de desconfianças, e agora criptomoedas!

Eu não tenho a mínima idéia de quando um pobre terá acesso ao dinheiro virtual, até porque dinheiro para o pobre já é uma ilusão, um ser que a gente sabe que existe, mas que nós sabemos que é um “ser” californiano, lá da Califórnia, bem longe!

O pobre é o passageiro da história da sua própria vida, o rico é o condutor de um trem desgovernado.

Toda vez que uma pessoa me diz para eu investir em  moedas virtuais, eu dou muita risada, não que eu faça apologia à pobreza, mas quem trabalha num fica rico, quem trabalha paga conta e come banana e vai à praia, Cabo Frio e de excursão.

Eu descobri que vou poder sacar aquele dinheirinho do FGTS, baixei até o aplicativo no celular, fiquei tão feliz, todos os meus amigos estão felizes, eu tenho amigos ricos mas eles não falam comigo. Ricos não falam, ricos negociam.

Eu vou investir todo esse dinheirinho comprando discos vinis do Depeche Mode ( são três, com quinhentos Reais, eu consigo comprar três discos), que o governo em um ato de extrema caridade e bondade, depositará na minha singela conta bancaria, naquele banco de pobre, que alias é o único banco que eu conheço, mas já estive uma vez num Safra, uma vez, foi só para entrar mesmo e ver como era um banco Safra.    

Depeche Mode, será meu investimento de 2019, e sigo observando o silêncio das pessoas ricas em um mundo de barulho intenso e que nos faz cada vez mais ser parte da vida, porque não nos divertimos em silêncio! 

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