Ouça aqui – Matéria Especial sobre alerta de fortes chuvas em Ouro Preto-MG

Entenda como a tempestade poderá chegar a nossa região se previsão se constatar.

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Por JornalVozAtiva.com Publicado em 22/01/2020, 23:03 - Atualizado em 23/01/2020, 08:20
Foto – Arquivo JVA. Crédito – Tino Ansaloni. Siga no Google News
Charles Romazâmu Murta, Geólogo da Defesa Civil de Ouro Preto-MG fala sobre as fortes chuvas que podem atingir a região. O fenômeno tem início no oceano e põe em alerta, primeiramente e também, cidades do estado do Rio de janeiro e Espírito Santo. Ouça e entenda o caso, desde a formação do ciclone.

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A capital mineira pode ser atingida, nesta sexta-feira (24/01), pela pior chuva do ano, de acordo com dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). A expectativa é que o volume de água ultrapasse os 100mm, mais de um terço da média esperada para janeiro, o que pode, mais uma vez, impactar severamente a região. No último domingo (19/01), a chuva causou estragos em Belo Horizonte. Várias pessoas ficaram desalojadas e foram registradas inúmeras enchentes e alagamentos em diversos pontos da região metropolitana.

Chuva em Ouro Preto

Apesar de quase 100 km distante da capital, Ouro Preto é considerada, de acordo com a setorização da Defesa Civil, região metropolitana de Belo Horizonte. Por esse motivo, os ouro-pretanos temem que as fortes precipitações também ocorram na cidade histórica que, com o solo encharcado, já registrou dez deslizamentos e 300 mm de chuva só em janeiro. Além disso, três famílias já tiveram que deixar suas casas até o momento, de acordo com a proteção civil.

A equipe de redação do Jornal Voz Ativa esteve na sede da Defesa Civil de Ouro Preto, no início da noite desta quarta-feira (22/01), onde entrevistou o geólogo Charles Romazamu Murta, que esclareceu as colocações de que a possível tempestade poderá atingir o município anos próximos dias.  

“De modo geral, existe sim um grande sistema atmosférico se formando próximo ao litoral da divisa entre o Espírito Santo e o Rio de Janeiro. Esse sistema, em termos didáticos para melhor compreensão da população, é um ponto chamado de 'baixa pressão'. É como se houvesse ali um redemoinho que consegue puxar a umidade que se encontra perto da superfície da Terra e lançá-la nas porções mais altas da atmosfera, de modo que quando essa umidade atinge as porções mais altas com temperaturas menores, acaba se condensando e se transformando em chuvas, que podem ser severas ou moderadas”.

“No caso específico que está acontecendo nesse momento, e que nós tivemos inclusive notas assinadas por diversos órgãos responsáveis pela segurança nacional em relação aos riscos e também pelas previsões meteorológicas, essa previsão indica que o sistema, como ele está se formando, ocasionará uma chuva fora do padrão convencional”.

"Por isso, não podemos deixar de informar que em se tratando de chuva, é muito importante que a população entenda alguns fatores fundamentais, por exemplo, a duração da chuva, ou seja, ela vai cair por quanto tempo? Chuvas de curta duração e grande intensidade podem causar muito estrago. Outro fator que se pode levar em consideração é a frequência da chuva, ou seja, quanto dias vai chover no dia ou na semana?”

O território ouro-pretano conta com 11 equipamentos que medem a chuva. Os chamados pluviômetros foram instalados na região via Governo Federal por meio do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Ambientais. A população pode ter acesso direto ao volume de chuvas usando o aplicativo da Defesa Civil Municipal.

Aplicativo Defesa Civil - Ouro Preto

Caso algum morador ainda não tenha instalado o aplicativo em seu celular, o procedimento é muito simples. Basta acessar a loja virtual Play Store, acessar “Defesa Civil – Ouro Preto” e fazer o download (CLIQUE AQUI). Por meio do aplicativo "Defesa Civil – Ouro Preto", a população pode contribuir relatando possíveis incidentes por meio de fotografias e tomar conhecimento de todas as áreas de risco enquadradas nas categorias “alto” ou “muito alto”, tanto na Sede quanto nos distritos. As regiões foram mapeadas pelo Serviço Geológico do Brasil em 2016 e é possível saber até mesmo se uma residência se encontra dentro de uma área de risco.

“Se o cidadão considerar as informações muito técnicas, ele também pode pedir orientação junto à Defesa Civil, discando gratuitamente o 199 ou no telefone fixo (31) 3559-3121 (WhatsApp). Nós temos um horário fixo de trabalho constituído de oito horas, mas durante o período chuvoso, o nosso plantão para urgências e emergências funciona 24 horas. A qualquer momento, a população poderá entrar em contato com a Defesa Civil que nós estaremos a postos para fazer vistorias e verificar se existe algum risco, iminente ou não”.

Alerta

A nota conjunta citada pelo geólogo Charles Murta, resultante de metodologias de previsão e divulgada pelo Inmet, infere que as chuvas mais intensas deverão começar a cair a partir desta quarta-feira (22) e podem prosseguir até o final de semana, atingindo principalmente os estados de Goiás, Distrito Federal, Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro.

Dentre essas áreas, pelas características de riscos e vulnerabilidades da região e por terem registrado eventos críticos nos últimos dias, destacam-se a região metropolitana de Belo Horizonte e Zona da Mata Mineira, além do Estado do Espírito Santo.

Previsão

Devido à credibilidade de todos os órgãos envolvidos na produção da nota que foi amplamente divulgada pelos canais de comunicação no país, Charles Murta afirma que a mesma deve ser encarada com total seriedade, mas é importante frisar que se trata de uma previsão. E nenhuma previsão pode dar a garantia de cento por cento de acerto.

“As previsões são baseadas em dados estatísticos e o acerto nos últimos anos vem sendo muito grandes. E quando nós temos um alerta assinado por vários órgãos, isso chama a atenção de um modo muito expressivo. Com oito anos de experiência em defesa civil, nunca presenciei um alerta dessa magnitude e com tantos órgãos envolvidos”.

Bairros ouro-pretanos

Aos moradores dos bairros de Ouro Preto que vão desde o São Cristóvão, passando pelo São Francisco, Centro, Morro Santana e Taquaral que se encontram na Serra, além de outros pontos como Padre Faria e Alto da Cruz, que também apresentam risco de deslizamento, a Defesa Civil faz um alerta.

Se você mora em uma dessas áreas e já ouviu falar que houve um deslizamento próximo ou mesmo em sua residência, é preciso ficar em alerta sobre a chuva que está por vir. Existem algumas maneiras de identificar caso algo de errado esteja acontecendo.

"É importante que a população esteja atenta e entre em contato com a Defesa Civil quando há indícios de movimentação do terreno ou aberturas de trincas, tanto em áreas baixas quanto altas das residências. Principalmente se essas trincas tiverem um ângulo de 45 graus".

“Isso indica um abatimento do terreno e pode ser grave. Outra observação importante é a presença de água com a coloração barrenta no solo, dentro ou fora da residência, que antes não existia. Árvores e cercas inclinadas também podem ser um alerta importante”.

Caso seja observada alguma das situações descritas acima, é importante que a população entre em contato imediatamente com a Defesa Civil.

Cidadão em área de risco

Um alerta conjunto de tempestades e chuvas intensas assinado pelo Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), Centro Nacional De Monitoramento e Alerta de Desastre Naturais (CEMADEN), Serviço Geológico Brasileiro (CPRM) e Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (CENAD), recomenda:

  • Se você reside em áreas de risco ou áreas que já tenham registrado desastres anteriormente, procure conhecer junto à defesa civil de seu município o plano de contingência para a região, principalmente, rotas de fuga e pontos seguros para utilização em um momento prévio ao desastre;    

  • Fique atento aos alertas emitidos pelas defesas civis estaduais e municipais através mensagens SMS e TV por assinatura. Se ainda não é cadastrado, envie mensagem para o número 40199 com o CEP de seu interesse. Os alertas pela TV não precisam de cadastro;

  • Para saber como proceder em um momento prévio, durante e pós desastre, acesse https://mdr.gov.br/protecao-e-defesa-civil/centro-nacional-de-gerenciamento-de-riscos-edesastres-cenad/recomendacoes-cenad

  • Em caso de emergência, ligue 199 (Defesa Civil) ou 193 (Corpo de Bombeiros).

Outras medidas

Em entrevista aos meios de comunicação, o tenente-coronel Flávio Godinho, coordenador-adjunto da Defesa Civil de Minas Gerais, fez um apelo à população no sentido de ajudar a prevenir uma tragédia e perdas materiais.

“Cama, colchão e geladeira, por exemplo, devem ser elevados para ficar numa altura maior para evitar a perda desses bens que as pessoas levaram anos pra conquistar. Sinais de movimentação do solo, como trincas nas paredes das casas, são um alerta para que as pessoas deixem suas casas imediatamente. Nunca tentar atravessar áreas inundadas, pois há o risco de haver bueiros e galerias que podem puxar as pessoas. Nenhum tipo de alimento em contato com águas contaminadas deve ser consumido”, destacou.

O tenente-coronel destaca também a importância do serviço de envio de SMS gratuito da Defesa Civil com alertas de área de riscos.

“Aproveito para indicar o serviço 40199. Esse trabalho de alerta é muito simples. A pessoa manda uma mensagem de texto pelo telefone para o número 40199 e no campo de texto vai colocar o número do CEP do lugar que ela quer monitorar. Com duas horas de antecedência nós vamos emitir um alerta para aquela pessoa saber que naquele local vai cair chuva”.

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