Alergias sem causa aparente, doenças respiratórias, depressão, recorrente falta d’água e sobrecarga de trabalho doméstico motivado pela poeira dos rejeitos. Essas são algumas das realidades enfrentadas pelas mulheres atingidas da Bacia do Paraopeba, mesmo após 5 anos do crime da Vale em Brumadinho. Neste sábado (14) elas se reúnem em BH para debater como avançar na garantia de direitos e reparação para os danos sofridos. “Ser mulher atingida é ter sua vida e seus sonhos completamente modificados por um empreendimento implementado em seu território, sem ninguém ter te consultado, ou informado as possíveis consequências”, pontua Joelisia Feitosa, atingida do município de Juatuba (MG).
Dados publicados em 2023 pela Associação Estadual de Defesa Ambiental e Social (AEDAS), assessoria técnica independente (ATI) que atende municípios atingidos pelo crime em Brumadinho, revelam que em cidades como Betim, Mário Campos, Igarapé e Juatuba (ambos localizados na região 2 da Bacia do Paraopeba), as mulheres são maioria entre as pessoas atingidas. O dossiê revela, ainda, que 65% dessas mulheres são negras e cerca de 57% têm entre 19 e 54 anos. Ou seja, a maioria das mulheres atingidas pelo crime estão em idade economicamente produtiva e muitas delas dependiam diretamente do Rio Paraopeba para sua subsistência, como as pescadoras, agricultoras e artesãs.
Michelle Regina, atingida da Colônia Santa Isabel, em Betim, ressalta outras violações vivenciadas. “A lama e a poeira ainda estão nas vilas, nas ruas, nos quintais, na calha do rio e nas residências. Isso afeta diretamente a rotina da vida das mulheres. Aumento do trabalho doméstico, uma situação que instaura também o constante medo de contaminação pelo pó desse rejeito. É o crime se renovando na vida cotidiana da população atingida e duplamente na vida das mulheres”.
Além das mulheres do Paraopeba, as atingidas pelo crime em Mariana e atingidas pelos projetos de exploração do lítio no Vale de Jequitinhonha também participam do encontro. Representantes de instituições de Justiça como a Defensoria Pública de Minas Gerais e o Ministério Público de Minas Gerais também estarão na atividade, assim como parlamentares e outras autoridades.
Serviço
II Encontro das Mulheres em Defesa da Vida
14/09 de 8h às 17h
Rua Pedro de Carvalho Mendes, nº 70 - Colégio Batista/ BH
Ascom/MAB
(31) Amélia Gomes: 31 98430-4421
Jorn. Vera Lima Bolognini e Zane Ramos (31) 99968-0652 e 98214-3956
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