Tarifa de transporte público terá reajuste de 10,85% em Mariana; veja valores

Por João Paulo Silva Publicado em 13/09/2019, 20:46 - Atualizado em 13/09/2019, 20:46

Foto-Reajustes passam a valer tanto para linhas urbanas quanto distritais. Crédito-Rodrigo Fontenelle.

Colaboração – Estagiário Rodrigo Fontenelle, estudante de jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), sob supervisão de Tino Ansaloni

A tarifa do transporte público em Mariana (MG) será reajustada a partir de segunda-feira (16). Os novos valores foram publicados no Diário Oficial do município nesta quarta-feira (11). O maior reajuste nas linhas distritais foi de Mariana para Cláudio Manuel, que chega a R$ 11, 45.

De acordo com o decreto assinado por pelo prefeito Duarte Júnior “ficam revisados os preços das passagens das linhas urbanas e distritais do Município em 10,85% (dez vírgula oitenta e cinco por cento) com a finalidade de conceder o reequilíbrio econômico-financeiro do sistema de transporte coletivo municipal de passageiros, mantendo-se para efeito de praticidade o critério de arredondamento no limite de R$ 0,05 (cinco centavos)”.

Guilherme Schultz, gerente de relações institucionais da Transcotta, afirma que os trâmites para que se chegasse aos valores finais do reajuste da tarifa de transporte foi um processo longo que demandou encaminhamentos, discussões e intenso diálogo com o poder público. “A Transcotta entrou com a solicitação de reajuste no início de 2017, logo que ficou evidenciado o desequilíbrio econômico financeiro da empresa”.

“No decorrer de 2018, a prefeitura, por meio de uma solicitação do Conselho de Transporte e Trânsito de Mariana, contratou uma empresa responsável para realizar a aferição da planilha financeira. Algumas discordâncias por parte da Transcotta em relação ao resultado levou a um pedido de readequação do estudo, porém o mesmo não foi realizado. A decisão final de R$ 3 reais no valor da tarifa foi tomada pelo próprio prefeito”.

A equipe de redação do Jornal Voz Ativa conversou também com Braz Luiz Azevedo, Secretário Municipal de Defesa Social e presidente do Conselho Municipal de Transporte e Trânsito (COMTRAT). Azevedo esclareceu outros pontos sobre o aumento da tarifa do transporte público.

“A empresa responsável pelo transporte público na cidade nos apresentou uma solicitação de reequilíbrio econômico financeiro, mas levando em consideração as planilhas de custo e da operação, nós do conselho chegamos à conclusão de que não tínhamos condições técnicas de avaliar tais planilhas. Então os membros do conselho decidiram por unanimidade solicitar ao Executivo a contratação de uma empresa especializada, a fim de que o estudo fosse realizado”.

“Após o estudo da empresa, nos foi apresentado um primeiro reajuste no valor de R$ 2,70, passando a tarifa para o valor de R$ 2,99. Contudo, a Transcotta contestou esse resultado. Um pedido de revisão foi encaminhado à empresa, que trabalhou essas contestações, chegando ao valor final de R$ 3,00. Considerando que não houve reajuste em fevereiro, o conselho aceitou a atualização e o valor foi aprovado pelo Executivo”, completou.

O secretário municipal de Defesa Social afirmou também que o reajuste teve como principal preocupação o bolso dos milhares de usuários que necessitam diariamente do transporte público, tanto na região urbana quanto na zona rural.

“A preocupação principal do Executivo se deve à difícil situação financeira que atualmente enfrentamos não só no município, mas em todo o país. Agora que a cidade começa a se reerguer, houve esse cuidado para que tal reajuste não viesse a lesar os usuários”.

Outro ponto destacado pelo secretário Braz Luiz Azevedo diz respeito à demissão dos cobradores de ônibus pela prestadora de serviço. “Tal medida foi tomada pela empresa com a justificativa de conter gastos, no entanto uma lei municipal exige o retorno desses trabalhadores. Uma ação por parte da empresa fez com que esse recurso fosse suspenso. Quanto a isso, nós aguardamos a decisão da Justiça”.

A dona de casa Fátima dos Reis é uma das moradoras que não aprovou o aumento das passagens de ônibus no município. De acordo com ela, esse não era o momento ideal para o reajuste, visto que Mariana ainda enfrenta graves problemas econômicos causados pela crise minerária desde o rompimento da Barragem de Fundão, em 2015. Fátima criticou também o serviço oferecido pela empresa de transporte público.

“Tanta gente desempregada, a crise enfrentada pela cidade... Realmente não era o momento do cidadão sentir mais esse peso no bolso. Além disso, às vezes chegamos ao fim do dia mortos de cansaço e ainda somos obrigados a viajar de pé. Sem falar nos atrasos que são muito frequentes”.

Ineuza do Carmo mora no Bairro Cabanas e como trabalha na região central precisa pegar duas conduções diariamente para chegar ao emprego. De acordo com ela, o aumento no preço das passagens vai pesar no orçamento doméstico. “Todos os dias, terei de desembolsar seis reais somente em passagem. Tudo anda muito caro: farmácia, mercado e agora mais essa despesa”.

Confira abaixo a reprodução do decreto publicado no Diário Oficial da Prefeitura Municipal de Mariana, bem como os valores atualizados das linhas urbanas e distritais. Caso tenha dificuldade para visualizar as imagens, baixe-as em seu dispositivo.