Segundo dados do IBGE, a taxa de informalidade no Brasil avançou no último ano com a pandemia, chegando a 39,5% do mercado de trabalho no último trimestre de 2020. Isso significa cerca de 34 milhões de trabalhadores informais, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad).
Contudo, antes mesmo de falar sobre dificuldades ou problemas, é importante considerar que por trás de todo pequeno empreendimento, há um profissional com sonhos, expectativas e, claro, muita dedicação.
O mesmo estudo sugere que as mulheres representam 42% da categoria e é importante considerar que estes números podem ser maiores, inclusive pela dificuldade em mapear todas as pessoas que trabalham dessa forma.
Durante a pandemia, muitas destas pessoas tiveram de recorrer ao auxílio emergencial para sobreviver, e mesmo com certa estabilização dos números de infectados após o início da vacinação, vários retornaram ao serviço mesmo com os riscos.
Walmir Rodrigues, proprietário da Feira do Nhô, no distrito ouro-pretano de Amarantina é um deles. Para Walmir, “ainda há medo do que possa acontecer [em relação à pandemia], mas sigo acreditando que dias melhores virão”.
Já Wanderley Mathias, da Lei acessórios em Itabirito, reitera que mesmo com as dificuldades os sonhos continuam. Ele informa que “o impacto nas vendas foi imenso, mas a vontade de ver meus filhos formados e em bons empregos continua. E por isso trabalho.”
E foi pensando em pessoas como o Walmir e o Wanderley, que alunos do 3º período do curso de Psicologia em Itabirito desenvolveram um projeto, sob supervisão da professora Amanda Margarida, com o intuito de ajudar na qualificação destes profissionais.
Ideia do projeto nasce da percepção do comércio com a covid-19
O projeto nasceu da ideia dos alunos, que pretendiam investigar o impacto da pandemia na vida desses trabalhadores, e para isso, mapearam 7 empreendedores que vendiam seus bens e serviços de forma tradicional, ou por possuírem dificuldades em lidar com a tecnologia ou até mesmo pela necessidade de maior investimento para esta finalidade e realizaram entrevistas, e tiveram seu trabalho impactado pela pandemia. A conclusão chama atenção para questões importantes: trabalhadores informais, com impacto na renda e ausência de programas que ofereçam suporte eficiente, apresentam uma urgência anterior ao Covid-19, a urgência de manutenção de condições dignas de vida. Vale salientar que a concepção de saúde se pauta também em indicadores sociais, ou seja, saúde depende diretamente de acesso à alimentação, moradia, trabalho e renda.
De acordo com Alice Couto, aluna do curso e participante do projeto, “a expectativa é que os vendedores autônomos possam ganhar mais espaço no comércio e também para que o produto seja compartilhado com diversas pessoas da região, para atingir um público cada vez mais amplo''.
Em uma pesquisa da Mastercard Brasil, apenas em 2020, 76% das empresas que não movimentavam seu negócio pela internet, iniciaram os primeiros passos. Contudo, a mesma pesquisa mostra que os maiores percalços para começar com vendas online são: concorrência com grandes empresas (21%), apresentação da marca no meio digital (26%) e em primeiro lugar a dificuldade em aprender sobre as plataformas (41%).
Sobre os dois últimos itens, o projeto decidiu focar para tentar minimizar os impactos.
Cartões virtuais, E-book informativo e visibilidade nas redes sociais
Dessa forma, foi criado para cada um dos empreendedores participantes um cartão de visitas virtual, sem qualquer custo de investimento, para a distribuição por plataformas de mensagens, como o whatsapp, por exemplo.
O outro ponto foi a criação, com a ajuda de um comunicador e jornalista, de um e-book dedicado que ensina o passo a passo para colocar o negócio no Whatsapp Business e Instagram para negócios, alimentar as duas redes e engajar o público consumidor. A partir do guia, os empreendedores que participaram do projeto poderão dar início a vendas online, além de aprender as principais técnicas de vendas e como se comunicar com seus consumidores.
Para a aluna de psicologia Raquel Romualdo, a iniciativa veio de encontro à uma percepção de que “muitos deles não têm conhecimento para utilizar as redes sociais de forma assertiva.” Ela completa afirmando que “muitos trabalhadores tiveram queda significativa em suas vendas desde o início da pandemia, pois suas vendas dependem de um bom fluxo de pessoas nas ruas e as medidas de seguranças impostas e necessárias contra a disseminação do vírus dificultaram o contato.”
O aluno de psicologia Ângelo Oliveira reitera a posição de Raquel, afirmando que o projeto é só o início de ações que podem ser realizadas para outros empreendedores. Segundo ele, "a expectativa é que esse apoio permita que esses profissionais vendam mais e melhor.”
Conheça abaixo os empreendedores que participaram do projeto
Eloisio Severino Moreno (Luís) - Artigos do Luís
Telefone: (31)98683-4595
Local de Trabalho: Rua São José durante a semana e estacionamento do Farid nos fins de semana (Ouro Preto)
Luiz é vendedor ambulante há 12 anos e trabalha com artigos diversos como presentes, brinquedos e acessórios. Quinzenalmente vai à BH para repor mercadorias, conforme a necessidade de seus clientes.
Ivanete Coimbra dos Anjos - Loja Fashion
Telefone: (31)99514-5639
Local de trabalho: Miguel Burnier (distrito de Ouro Preto)
Ivanete comercializa peças íntimas, calçados, roupas e cosméticos em Miguel Burnier e ainda sonha com abrir sua própria loja para realizar um atendimento mais completo a seus clientes.
Edson Ferreira Pedrosa - Strada Hortifruti
Telefone: (31)99519-7124
Local de trabalho: Distrito de Amarantina (Ouro Preto)
Edson trabalha com frutas, legumes e verduras, vendendo de porta a porta nas redondezas de Amarantina e Itabirito desde 2016. Segundo ele, o trabalho árduo é para o sustento da família.
Walmir Rodrigues - Feira do Nhô
Telefone: (31)98658-3235
Local de trabalho: Distrito de Amarantina (Ouro Preto)
Walmir comercializa frutas, verduras e legumes em uma banca dedicada no distrito de Amarantina. Aposta em produtos frescos como o diferencial e acredita em dias melhores para o seu negócio e para o país.
Wanderley Mathias da Silva - Lei Acessórios
Telefone: (31)98544-3892
Local de trabalho: Estacionamento do supermercado BH (Itabirito)
Wanderley é vendedor desde a adolescência, e considera que o impacto causado pela pandemia foi um fato crucial para apostar em novas possibilidades. Vê no futuro dos filhos a sua maior realização pessoal.
José Antônio Melo Nave - Mega Churros
Telefone: (31)98897-2022
Local de trabalho: Praça da Estação (Itabirito)
José é um expert na venda de churros, onde atua há 3 anos com os mais diversos sabores de uma delícia com receita própria.
Nota: um dos participantes do projeto optou por não ser divulgado em nenhum canal externo.
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