Festejo do Tambor Mineiro é realizado em Ouro Preto pela primeira vez

Por JornalVozAtiva.com Publicado em 25/04/2024, 10:03 - Atualizado em 25/04/2024, 12:04

Foto — Festejo do Tambor Mineiro. Crédito — Reprodução / Arquivo.

Realizado na capital mineira desde 2002, o Festejo do Tambor Mineiro vai celebrar o Reinado de Minas Gerais pela primeira vez em Ouro Preto. Reunindo guardas de congado, apresentações artísticas e feira de arte e gastronomia, a edição especial será no dia 19 de maio, domingo, a partir das 9 horas, na Vila da Chapada, perto de Lavras Novas. A entrada é gratuita. Esta edição é patrocinada pelo Instituto Cultural Vale, via Lei Federal de Incentivo à Cultura.

As atividades têm início na parte da manhã, com a chegada das Irmandades do Rosário em um momento de celebração da cultura reinadeira. Serão treze guardas, entre Moçambiques, Congos, Caboclos e Marujos vindos de Ouro Preto, Congonhas, Belo Vale e Belo Horizonte. Os reinados/congados negros, com suas guardas, reapresentam nas ruas a história da retirada de Nossa Senhora do Rosário do mar pelos negros escravizados. Centenas de guardas mantêm a riqueza dessa tradição afro-mineira no estado.

Na parte da tarde, o público é convidado a acompanhar apresentações de circo, cortejos de grupos percussivos e shows com artistas referência da cultura afro. 

O destaque da edição é a participação da cantora paulista Fabiana Cozza (SP), que se apresenta ao lado de Mauricio Tizumba e do Bloco Tambor Mineiro. Fabiana é uma das principais intérpretes do samba no país, com fortes raízes na música afro-brasileira, tendo gravações e participações ao lado de estrelas como Maria Bethânia, Péricles, Ivan Lins, Paulinho da Viola, Hermeto Pascoal e Chico César.

Criada em Cachoeira do Campo, distrito de Ouro Preto, a cantora e atriz Silvia Gomes se apresenta com Sérgio Pererê e o Bloco Oficina Tambolelê. Outro destaque desta edição do Festejo é o cantor, violeiro e compositor Pereira da Viola, da Comunidade Quilombola de São Julião, no Vale do Mucuri. 

Além deles, participam o Grupo Ingoma, de Juiz de Fora, que pesquisa o congado mineiro e as toadas tradicionais; a Radiante Jazz Band, de Ouro Preto, dedicada à performance do jazz com influências de dixieland; o Bloco Saúde, liderado pelo músico, percussionista e cantor Bruno Messias, de Belo Horizonte, dedicado a promover a cultura negra no Brasil e no exterior; Cici Floresta e Bloco Encantado, também da capital mineira, com repertório de maracatu do baque virado, Bumba Meu Boi do Maranhão e ciranda; e a artista circense Roseane Corrêa, outro talento de BH, com performance de circo.

Completam a programação artística Anabella Porta, percussionista e cantora, e Ignacio Benítez, violonista e compositor. O duo argentino explora a tradição de voz e violão portenhos, abarcando ritmos latinos como chacarera, zamba e huayno.

“A relação desses grandes artistas que virão festar o Tambor Mineiro é de uma partilha de cultura, experiências e arte, a partir da valorização da cultura afro em toda parte do Brasil e em outros países. E é de grande ganho para Ouro Preto, que carrega a memória de Chico Rei, um dos precursores do congado, que esta edição do festejo aconteça na nossa cidade”, avalia Kedison Guimarães, diretor de Igualdade Racial da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Ouro Preto.

FESTEJO DO TAMBOR MINEIRO

Idealizado por Mauricio Tizumba e realizado desde 2002, o Festejo do Tambor Mineiro é um dos principais festivais culturais da capital mineira. Com o objetivo de difundir e valorizar a cultura afro-mineira, reúne anualmente guardas de congado de Minas Gerais, grupos percussivos, grandes nomes da música afro-brasileira e feira de artesanato e de comidas, atraindo um público de cerca de 5 mil pessoas a cada edição. O festival faz parte do calendário oficial de Belo Horizonte. Todos os anos, o Festejo do Tambor Mineiro também recolhe alimentos para somar às festas das guardas e fortalecer os festejos de Irmandades do Rosário.

“A nossa música, a música de Minas Gerais, tem a influência dos congados e reinados, dos nossos batuques, ainda que boa parte das pessoas desconheça isso. Anualmente, as Irmandades do Rosário fazem seus festejos, louvam Nossa Senhora do Rosário, agradecem a São Benedito a comida farta, em um ciclo de visitas mútuas que movimentam suas comunidades. O Festejo do Tambor Mineiro traz essa riqueza para o centro do debate e, pela primeira vez, realiza esse festejo em Ouro Preto, terra de cultura congadeira forte, como um convite para celebrar junto nossas raízes”, completa Mauricio Tizumba. 

Sobre o Instituto Cultural Vale

O Instituto Cultural Vale acredita que a cultura transforma vidas. Por isso, patrocina e fomenta projetos em parcerias que promovem conexões entre pessoas, iniciativas e territórios. Seu compromisso é contribuir com uma cultura cada vez mais acessível e plural, ao mesmo tempo em que atua para o fortalecimento da economia criativa.

Desde a sua criação, em 2020, o Instituto Cultural Vale já esteve ao lado de mais de 800 projetos em 24 estados e no Distrito Federal, contemplando as cinco regiões do país. Dentre eles, uma rede de espaços culturais próprios, patrocinados via Lei Federal de Incentivo à Cultura, com visitação gratuita, identidade e vocação únicas: Memorial Minas Gerais Vale (MG), Museu Vale (ES), Centro Cultural Vale Maranhão (MA) e Casa da Cultura de Canaã dos Carajás (PA). Onde tem Cultura, a Vale está.

Visite o site do Instituto Cultural Vale: institutoculturalvale.org

SERVIÇO.

Festejo do Tambor Mineiro em Ouro Preto
Onde. Vila da Chapada, próximo à Lavras Novas
Quando. 19/5 (domingo), a partir de 9h
Quanto. Entrada gratuita, sem a necessidade da retirada de ingressos

Programação

MANHÃ >>> REINADOS

• Guarda de Moçambique e Guarda de Congo de São Benedito de Nossa Senhora do Rosário – Irmandade do Jatobá (Belo Horizonte-MG)
• Guarda de Moçambique do Divino do Reino de São Benedito (Belo Horizonte-MG)
• Guarda de Congo Feminina de Nossa Senhora do Rosário (Belo Horizonte-MG)
• Guarda de Moçambique São José (Belo Horizonte-MG)
• Guarda de Moçambique de Nossa Senhora do Rosário (Belo Horizonte-MG)
• Guarda São Jorge de Nossa Senhora do Rosário (Belo Horizonte-MG)
• Guarda de Marujos Marinheiros e Sereia do Mar (Congonhas-MG)
• Banda de Congado Nossa Senhora do Rosário e Santa Efigênia (Miguel Burnier, Ouro Preto-MG)
• Congado Marujo de Nossa Senhora do Rosário e Santa Efigênia (Belo Vale-MG)
• Associação Guarda de Moçambique de Belo Vale (Vargem Santana, Belo Vale-MG)
• Guarda de Moçambique Nossa Senhora do Rosário e Santa Efigênia (Ouro Preto-MG)
• Guarda de Congo Nossa Senhora do Rosário e Santa Efigênia (Ouro Preto-MG)

TARDE >>> PROGRAMAÇÃO ARTÍSTICA

Bruno Messias, Bloco Saúde e Bloco Tambor Mineiro (Belo Horizonte-MG)

BRUNO MESSIAS é educador musical, percussionista e cantor reconhecido internacionalmente. É o maestro e essência musical do BLOCO SAÚDE. Desde 2008, ele se dedica à promoção da cultura negra no Brasil e no exterior, com passagens por Portugal, Espanha, Alemanha, EUA e Bangladesh. Sua participação em eventos como o 49º Festival Villa Lobos e o 27º Prêmio da Música Brasileira ressaltam seu talento e versatilidade. Atualmente, Bruno é diretor musical do projeto Meninos de Minas em Belo Horizonte, além de reger os blocos Tereza Beleza e Tambor Mineiro, levando uma festa contagiante às ruas.

Grupo Ingoma (Juiz de Fora-MG)

INGOMA é um grupo artístico e de pesquisa sobre manifestações populares tradicionais brasileiras, especialmente em Minas Gerais. Fundado em 2008 por Lucas Soares, o grupo valoriza o congado mineiro e outros elementos culturais através de composições autorais e toadas tradicionais. Referência na Zona da Mata Mineira, o grupo já se apresentou em festivais e ao lado de grandes nomes da música brasileira. O grupo e seus alunos de oficinas de tambor formam um bloco que desfila no carnaval de Juiz de Fora. Com respeito aos congadeiros, o Ingoma participa de festas tradicionais em Minas, honrando os mestres e a cultura popular.

Radiante Jazz Band (Ouro Preto-MG)

RADIANT JAZZ BAND é uma banda de jazz com influências do Dixieland, formada por amigos em 2023. Ativa em diversos cenários, como CorteJazz de festivais, casamentos e eventos corporativos, com muita energia e alegria, movimentando o público. Com instrumentos como trompete, clarinete e saxofone, a banda tem se destacado em eventos como o Festival “Os Sons do Brasil” e apresentações no Museu Boulieu em Ouro Preto. Também contribuiu musicalmente para eventos corporativos e iniciativas inovadoras, como “Música na Janela da Casa de Gonzaga” e cortejos natalinos promovidos pela Prefeitura de Ouro Preto.

Anabella Porta e Ignacio Benítez (Pueblo Liebig, Argentina)

ANABELLA PORTA E IGNACIO BENITEZ são músicos argentinos que exploram a tradição popular de voz e violão portenhos. Com repertório que inclui chacarera, zamba, huayno e mais, o duo apresenta composições próprias e canções de compositores populares. Ignacio Benitez, violonista e compositor, possui experiência como docente e coordenador em projetos de música. Anabella Porta, percussionista e cantora autodidata, enriqueceu sua formação na pesquisa das tradições argentinas e brasileiras. Ministra oficinas de percussão e coordena atividades de mediação para crianças e adolescentes, promovendo a música e a cultura de forma acessível.

Roseane Corrêa (Belo Horizonte-MG)

Cici Floresta e Bloco Encantado (Belo Horizonte-MG)

CICI FLORESTA é uma mestra de capoeira e pesquisadora dedicada à cultura popular afro-brasileira. Seu projeto musical, o BLOCO ENCANTADO, une ritmos como maracatu de baque virado, Bumba Meu Boi do Maranhão e ciranda. Com influências diretas do Maracatu, o grupo honra tradições como a Nação Estrela Brilhante de Recife. Sob a liderança da Cici Floresta (Alcione Oliveira), o coletivo promove ocupações alegres e vivas em espaços públicos de Belo Horizonte, enaltecendo a cultura oral e os mestres populares. Com cinco anos de atuação, o grupo já se apresentou em diversos eventos, levando sua energia contagiante e suas composições autorais para as ruas da cidade.

Pereira da Viola (Comunidade São Julião-MG)

PEREIRA DA VIOLA é cantor, compositor e violeiro nascido na comunidade quilombola de São Julião, Minas Gerais. Com influências afro-indígenas, sua música reflete suas origens e aprendizados musicais desde a infância. Reconhecido nacionalmente, lançou sete álbuns autorais e participou de projetos coletivos aclamados. Sua carreira internacional inclui apresentações na Venezuela, Espanha, Portugal, Alemanha e Inglaterra. Pereira destaca-se por sua habilidade na viola, trazendo uma interpretação única que transcende fronteiras culturais. Seu trabalho enriquece e divulga as artes e tradições de Minas Gerais e do Brasil, contribuindo para uma visão contemporânea da música de raiz.

Sérgio Pererê e Bloco Oficina Tambolelê (Belo Horizonte-MG) part. Silvia Gomes (Ouro Preto-MG)

SÉRGIO PERERÊ é cantor, compositor, multi-instrumentista, ator e diretor musical. Seu trabalho é reconhecido pelo diálogo que estabelece entre a tradição e a experimentação, pela profusão de sonoridades – com destaque para as referências afro-latinas –, e pelo timbre peculiar de sua voz. Sua poesia entrelaça temas cotidianos a enunciados metafísicos e elementos do sagrado de matriz africana, como o culto à ancestralidade e aos orixás. Já se apresentou em várias regiões do Brasil e em países como Canadá, Áustria, Espanha, Moçambique, China e Argentina.

BLOCO OFICINA TAMBOLELÊ é um grupo musical criado em 1999 pelos integrantes do Grupo Tambolelê, no bairro Novo Glória, na periferia de Belo Horizonte. Surgiu com o objetivo de preparar a participação no carnaval de 2000 da cidade, após anos sem festa. Com influência dos ritmos afro-mineiros e do Reinado, o grupo faz releituras utilizando instrumentos de percussão convencionais e específicos das guardas tradicionais. Com sua musicalidade única, o Bloco Oficina Tambolelê valoriza a cultura do Reinado de Minas Gerais, resistindo e contribuindo para a realização de novos carnavais.

SILVIA GOMES é uma cantora que apresenta uma fusão única de sonoridades e cujo canto ecoa elementos da cultura Afro. Com três álbuns lançados, incluindo o mais recente “Canto pra Recomeçar” (2023), sua jornada artística é um reflexo vibrante deste legado musical. Reconhecida como principal intérprete da obra do compositor Mestre Jonas, mantém viva sua música através do show “Santo Forte: Silvia canta Jonas”. Seu trabalho mais recente, “Senhora Negra Aparecida”, estreou na semana do Reinado de Ouro Preto em 2024, honrando o sagrado feminino. Com profundo respeito pela herança musical, Silvia Gomes busca a comunhão através do samba, refletindo uma jornada de lutas e resistência em prol de um mundo melhor.

Mauricio Tizumba e Grupo Tambor Mineiro (Belo Horizonte-MG) part. Fabiana Cozza (São Paulo-SP)

MAURICIO TIZUMBA é ator, compositor, cantor, multiinstrumentista, diretor musical e capitão de congado. Estabelece em sua trajetória artística o diálogo entre diversas linguagens e entre a arte e as manifestações populares tradicionais da cultura afro-brasileira e afro-mineira. Excursionou por EUA, Canadá e Europa, representando Minas Gerais no “Ano do Brasil na França” e no Landesmusikakademie Berlim. Formado pelo Teatro Universitário da UFMG, atuou em vários espetáculos, incluindo “Bituca” e “Galanga Chico Rei”. Fundou a Cia. Burlantins e o Espaço Cultural Tambor Mineiro, e idealizou a Mostra Benjamin de Oliveira. Recebeu o Prêmio Shell de Teatro (2024) por sua atuação em “Viva o Povo Brasileiro (De Naê a Dafé)”.

BLOCO TAMBOR MINEIRO, criado a partir das oficinas de Maurício Tizumba, apresenta repertório influenciado pelo Congado de Minas, com caixas de congado, patangomes e gungas. As vozes femininas e masculinas se unem ao batuque congadeiro, com alegria e sensibilidade.

FABIANA COZZA é cantora, jornalista e mestre em Fonoaudiologia pela PUC-SP. Deixou o jornalismo para seguir sua carreira artística como intérprete, atuando também no teatro e na dança. Estudou danças brasileiras e canto popular, destacando-se como uma das principais vozes da música brasileira contemporânea. Com sete álbuns lançados e colaborações internacionais, recebeu dois Prêmios da Música Brasileira. Sua música, destacada por sua interpretação e profundidade, já percorreu festivais ao redor do mundo. Como curadora artística, contribui para projetos culturais, e ministra oficinas e workshops sobre voz e interpretação, cultura afro-brasileira, empreendedorismo negro.