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Estudantes paulistas conhecem na AVABRUM uma realidade diferente das propagandas da reparação da Vale

Em visita a Brumadinho, alunos do 3° ano do ensino médico do Colégio Vera Cruz, de São Paulo, buscaram entender a verdadeira realidade dos familiares de vítimas e atingidos pelo maior desastre humanitário do Brasil, o rompimento da barragem da Vale em 2019.

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Por JornalVozAtiva.com Publicado em 19/04/2024, 14:35 - Atualizado em 19/04/2024, 14:35
Visita do Colégio Vera Cruz ao Centro de Convivência dos Familiares de Vítimas do Rompimento da Barragem Mina Córrego do Feijão. Crédito – Reprodução / AVABRUM. Siga no Google News

Na tarde da última quinta-feira, a AVABRUM (Associação dos Familiares de Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Barragem Mina Córrego do Feijão-Brumadinho) recebeu, pela primeira vez, no Centro do Convivência dos familiares, a excursão dos alunos do 3° ano do ensino médio do Colégio Vera Cruz, que vieram de São Paulo para conhecer Brumadinho. Durante a ação, a turma de cerca de 70 estudantes, além de visitar Inhotim, buscou conhecer a comunidade e os familiares de vítimas do maior desastre humanitário do Brasil, a tragédia-crime da Vale, ocorrida em 2019.

Na visita, representando a AVABRUM, Josiane Melo, que perdeu neste crime a irmã Eliane Melo, grávida de 5 meses, recebeu os jovens e os emocionou ao contar sua história e falar sobre a luta dos familiares das vítimas por justiça e não esquecimento do crime, para que nunca mais aconteça. Josiane, que também trabalhava na mina, estava de férias no dia do rompimento. Além da irmã, ela perdeu dezenas de colegas de trabalho.

“É muito importante poder contar a história do rompimento para toda sociedade. Esses jovens são os profissionais do futuro. Eles ficaram muito comovidos, e impactados com o motivo da luta da AVABRUM, que é por justiça, encontro das vítimas ainda não identificadas, memória, direito dos familiares e não repetição. Essa atividade abriu um leque para receber ou visitar outras instituições, e contar nossa história”, disse Josiane.

Durante a dinâmica, os alunos também questionaram a narrativa da publicidade de reparação feita pela Vale. Mais cedo, eles haviam visitado o bairro de Córrego Feijão, lugar onde aconteceu o crime no município. Lá, eles estiveram na praça principal, que de forma impecável foi reformada pela mineradora. O local até recebeu o nome da data da tragédia, 25 de janeiro de 2019, e tem um mirante voltado para o lugar onde a barragem se rompeu. Porém, antes da tragédia, cerca de 600 famílias viviam nessa comunidade e, atualmente, apenas 100 permanecem lá. As casas, que na sua maioria foram compradas pela mineradora, estão vazias, com placas escritas “propriedade privada”. As que não foram compradas até hoje recebem muitas propostas pela causadora do rompimento. 

“Estou muito impactada. É preciso tirar a maquiagem que a mineradora prega em suas obras de reparação e publicidades para enxergar o problema que está acontecendo aqui em Brumadinho. Nós também conversamos com os funcionários da Vale. Eles nos disseram que nós precisamos esquecer o passado e olhar para o futuro. Mas é impossível construir o futuro sem lembrar do passado. Essa tragédia não pode ser esquecida de maneira alguma”, apontou a estudante Carolina Zaterka, de 17 anos. 

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