Campanha Setembro Amarelo estimula a prevenção do suicídio em todo o mundo

Para o psicólogo e voluntário do CVV, Luiz França, é preciso estimular e conscientizar as pessoas sobre a prevenção, a fim de reverter o quadro que só piora se não houver conhecimento, informação e tratamento.

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Por João Paulo Silva Publicado em 03/09/2018, 12:26 - Atualizado em 02/07/2019, 00:41

Imagem-Divulgação/CVV

Na semana passada uma notícia chocou os quatros cantos do mundo. Jamel Myles, um estudante da quarta série, se suicidou em Denver, no estado norte-americano do Colorado. O garoto de nove anos, que era obcecado por computadores e desenhos animados, se enforcou em seu quarto no dia 23 de agosto. Sua mãe revelou à imprensa que Jamel cometeu suicídio após ele e sua irmã mais velha sofrerem bullying frequentemente na escola. Ela também criticou a escola por não ter se esforçado para mudar a situação.

Mundo

O caso de Jamel Myles serve de alerta para uma realidade mundial. Estima-se que aproximadamente um milhão de pessoas tenha cometido suicídio em 2017, colocando-o entre as dez causas de morte mais frequentes em muitos países do mundo. Os dados são da Organização Mundial de Saúde (OMS) e foram publicados em português na cartilha “Prevenção do Suicídio – Um recurso para conselheiros”.

Mas presume-se que os números reais sejam ainda mais elevados. Embora as taxas de suicídio variem de acordo com categorias demográficas, elas aumentaram aproximadamente 60% nos últimos 50 anos, ainda de acordo com a OMS. A redução da perda de vidas devido a suicídios tornou-se um objeto essencial para a saúde mental.

Brasil

Recentemente, o Ministério da Saúde (MS) também divulgou dados inéditos sobre tentativas e mortes por suicídio no país. De acordo com o levantamento, nos últimos seis anos, a média tem sido a de oito mortes para cada 100 mil pessoas. Outro dado preocupante é a alta taxa de suicídio entre idosos com mais de 70 anos. Além disso, chama a atenção o elevado índice entre jovens, principalmente homens, e indígenas.

Um mês, uma cor e uma causa.

A cor amarela é adotada em setembro para colorir o movimento mundial que visa conscientizar a população sobre a realidade do suicídio, mostrar que a prevenção é possível e que mais de 90% dos casos podem ser evitados através do apoio, segundo a Organização Mundial da Saúde.

O psicólogo Luiz França, de Cachoeira do Campo, distrito de Ouro Preto (MG), explica que A Campanha do Setembro Amarelo acontece no mundo todo, tendo o dia 10 como o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio. “A Campanha é de grande importância, pois, o objetivo principal é quebrar o tabu que existe sobre o suicídio. Durante todo o mês, várias ações são feitas no intuito de esclarecer, estimular e conscientizar as pessoas para a prevenção, para perderem principalmente o medo e a vergonha de falar sobre suicídio, a fim de reverter um quadro crítico como é o do suicídio, que só piora se não houver conhecimento, informação e tratamento”.

Você não está só

Ainda de acordo com França, é preciso discutir sobre o suicídio e suas causas mais abertamente. “É importante que as pessoas, principalmente as que sofrem de depressão, quadros de ansiedade e outras síndromes, e que percebem pensamentos suicidas, que perdem a vontade de viver e não encontram saídas para seus problemas e angústias, saibam que existe saída”.

Luiz França ressalta ainda que as pessoas nessas condições devem buscar auxílio e terem a consciência de que podem contar com o CVV na prevenção e no apoio emocional.

Valorização da Vida

O Centro de Valorização da Vida (CVV), em parceria com o Ministério da Saúde, passou a atender gratuitamente, a partir de julho deste ano, através do número 188, a todo o território nacional. Há mais de 50 anos, voluntários se dedicam a ouvir a dor alheia 24 horas por dia durante todos os dias da semana. De acordo com o CVV, a meta de atender os mais de 5.500 municípios brasileiros foi concluída com quase dois anos de antecedência.

O CVV realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por telefone, e-mail e chat 24 horas todos os dias.

Se você quer ser atendido pelo Programa de Apoio Emocional, além de ligar para o 188, você também pode acessar o site do CVV e escolher uma das formas de contato no rodapé da página ou acessar a opção “Quero Conversar”. Mesmo que você não tenha certeza de que precisa de ajuda, não tenha receios em entrar em contato com o CVV. Um de seus voluntários estará à sua disposição.

Nos atendimentos o anonimato é sempre garantido. Os voluntários não têm qualquer tipo de contato com quem liga a não ser o próprio atendimento. Ele se restringe ao contato feito no momento do plantão. Não há conversa depois, troca de perfis de redes sociais ou números de telefone.

Você também não precisa necessariamente sofrer de depressão para entrar em contato com o CVV, algumas pessoas ligam simplesmente porque sofrem de solidão e procuram alguém para compartilhar o que acontece no dia.

O Núcleo de Apoio à Vida de Ouro Preto (NAVIOP), mantenedora do Centro de Valorização da Vida de Ouro Preto, foi lançado em fevereiro de 2018.  A criação da ONG foi o primeiro passo para o requerimento do posto CVV na cidade e recebe apoio de voluntários, moradores e associações diversas.

Em Ouro Preto, o posto do CVV está em funcionamento no Prédio da Estação, realizando atendimentos pelo 188 (24 horas, todos os dias da semana) e também conta com atendimentos presenciais de quarta a domingo, das 8h às 11h, com previsão de atendimento em todo o horário comercial.

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