Bandeira de mais de 200 anos ficará exposta em Igreja
A Relíquia sagrada foi encontrada na Capela de Nossa Senhora das Necessidades, ao lado da Igreja de Nossa Senhora do Rosário, no bairro Padre Faria, em Ouro Preto. Restaurador confirmou se tratar de uma peça bicentenária, feita de ferro fundido utilizando técnica africana e pintada com elementos minerais e vegetais, típicos da região.
Neste 21 de setembro de 2021, a Paróquia de Santa Efigênia, bem como toda a cidade de Ouro Preto (MG) festeja sua padroeira. Dentre as muitas celebrações em honra à Grande Princesa Núbia, às 13h, aconteceu um evento diferente. A Bandeira com a esfinge de Nossa Senhora do Rosário de um lado e da Virgem do Rosário entregando o Rosário a São Benedito e a Santa Efigênia, na outra face, cunhada em ferro há mais de 200 anos, vai dar prosseguimento ao seu legado de fé.
Reapresentada à comunidade ouro-pretana e aos devotos do Rosário em 2019, sua história, no entanto, vem dos tempos coloniais, pois “desde que a Irmandade existe que se realiza o levantamento do Mastro”, afirma Kátia Silvério, presidente da Associação dos Amigos do Reinado de Nossa Senhora do Rosário e Santa Efigênia.
Kátia Silvério conta que em novembro de 2018 foi acertar os detalhes da festa do próximo ano com o Sr. Wilson Ferreira, zelador da Igreja do Padre Faria, como de costume. “Conversa vai, conversa vem, ele disse que na Capela de Nossa Senhora das Necessidades tinha uma bandeira muito antiga e me levou para ver”. Ao se deparar com a bandeira, para Kátia, foi como se tivesse se reencontrado com seus ancestrais, com todos os Congadeiros que por ali passaram, com todos os Reinadeiros do Rosário, com a Família de Galanga, o grande Chico Rei.
Confeccionada com técnicas vindas de África, a Bandeira é uma prova viva de que sempre se celebrou o Reinado do Rosário. “Com autorização do Sr. Wilson, a Bandeira foi levada ao restaurador Aldo Araújo que confirmou que se trata de uma peça de mais de 200 anos, feita de ferro fundido utilizando técnica africana e pintada com elementos minerais e vegetais, típicos da nossa região”.
Legado de história, devoção e memória, a peça vai ganhar um novo caminho, mas continuará dando significado aos devotos. “Dada a importância desta bandeira para o Reinado, o Congado, o Moçambique e a Irmandade, juntos estes grupos acordaram que ela deve ser cuidada, mas também deve ser conhecida por todos que trazem a marca da ancestralidade africana e/ou reconhecem sua importância”.
Ao receber a Bandeira em nome da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário e Santa Efigênia, o Juiz Sr. Cassimiro Teixeira reforçou que ela é patrimônio da fé em Nossa Senhora do Rosário e aos Santos Negros, que sempre foram cultuados nesta Igreja. “Devido a sua delicadeza e importância, por motivos de preservação, não será levantada em mastro de festa, mas será cuidada e guardada como toda a herança que recebemos dos nossos ancestrais”.
A relíquia ficará exposta a visitação na Igreja de Santa Efigênia, para que todos conheçam esta página importante da história. “Caberá à Irmandade a responsabilidade de exposição e preservação, mas a guarda será coletiva, compartilhada por todos os devotos do Rosário, que ao adentrarem este templo terão mais esta marca da força, engenhosidade, inteligência, sabedoria e fé daqueles que nos antecederam sobre as bênçãos de nossas padroeiras. Viva Nossa Senhora do Rosário. Viva Santa Efigênia. Viva a Irmandade, o Reinado, os Congados. Viva o Povo Negro do Rosário”, conclui Kátia.
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