Os leitores do Jornal Voz Ativa acompanharam o caso emocionante do menino Luan que no dia 13 de junho foi salvo de um afogamento pela Cabo da 2ª CIA BM de Ouro Preto, Juliana Lopes, em um pesque-pague localizado em Barro Branco, distrito de Mariana (MG). A ação de Juliana repercutiu pela região e ela foi chamada de "anjo da guarda" pela mãe do garoto, Vanderleia da Conceição Ladislau.
Relembre aqui - Cabo da 2ª CIA BM de Ouro Preto salva criança que se afogou em Mariana
Talvez muita gente não saiba, mas acidentes envolvendo crianças ficou mais comum em tempos de pandemia. A ONG Aldeias Infantis SOS Brasil chega a afirma que acidentes são a principal causa de morte de crianças de 1 a 14 anos de idade no país.
Análise dos dados mais recentes do Datasus, do Ministério da Saúde, indica que 3.165 meninos e meninas morreram, em 2019, e outras 105 mil crianças foram hospitalizadas, em 2020, por causas acidentais. Em comparação aos anos anteriores, houve redução de 4,6% nos óbitos e 7% nas internações.
“A queda nos números de acidentes é algo importante, mas todos os dias, 8 crianças morrem e outras 288 são hospitalizadas por causas acidentais no Brasil. É um grande impacto na vida de tantas famílias, levando-se em conta, principalmente, que a maioria dos acidentes poderiam ser evitados com medidas de proteção e maior prevenção”, destaca Erika Tonelli, coordenadora geral do Instituto Bem Cuidar, braço de conhecimento da Aldeias Infantis SOS Brasil e responsável pela continuidade do legado da ONG Criança Segura.
Ainda para a Aldeias Infantis SOS Brasil, que atua desde 1967 no cuidado de crianças, jovens e adolescentes esta incorporação do legado intelectual da Criança Segura é uma oportunidade para ampliarmos a atuação. “Somos uma organização que trabalha com a promoção do direito de viver em família, com a garantia de um cuidado de qualidade e com o desenvolvimento de entornos seguros e protetores para crianças, adolescentes e jovens e a redução de acidentes é um aspecto fundamental deste contexto”, completa Erika.
Acidentes na pandemia
Entre janeiro e dezembro de 2020, 105.060 crianças de até 14 anos foram hospitalizadas em decorrência de acidentes, sendo que as maiores vítimas foram meninos e meninas de 5 a 9 anos (35,6%), seguida dos de 10 a 14 anos (32,8%), 1 a 4 anos (26,6%) e menor de 1 ano (5%).
Entre as principais causas de internação estão a queda (44%), queimadura (19%) e trânsito (10%) – todas apresentaram diminuição quando comparadas a 2019. No entanto, casos de intoxicação, afogamento e sufocação cresceram 8%, 7% e 6%, respectivamente.
Para a coordenadora geral do Instituto Bem Cuidar, não ter ocorrido um aumento no número de internações especialmente em meio à pandemia de COVID-19 é uma conquista importante, uma vez que existia o risco de aumento de acidentes domésticos em razão da maior presença das crianças dentro de casa e do perigo do álcool líquido 70%, liberado para venda com a revogação da RDC nº46.
“O alerta dado por organizações que trabalham pela segurança e proteção das crianças no Brasil pode ter contribuído para a adoção de medidas de prevenção por pais e responsáveis. Por outro lado, também não descartamos que os acidentes em ambientes externos tenham diminuído com o isolamento social, como no caso da queda, que reduziu 12%, ou que a ida ao hospital em casos mais leves tenha sido evitada pelo medo de contaminação da COVID-19”, avalia Erika.
Erika reforça que "os números positivos não devem ser justificativa para diminuir a atenção com as crianças, principalmente em relação aos acidentes que registraram alta; e, pelo contrário, a proteção e a prevenção devem ser prioridades".
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