Yara Tupynambá é homenageada por meio dos tapetes devocionais em Ouro Preto

Rodrigo Câmera reuniu amigos e turistas que passaram pela cidade no feriado para homenagear a multiartista que já teve até um poema em sua homenagem escrito por Drummond.

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Por João Paulo Silva Publicado em 01/04/2024, 16:02 - Atualizado em 01/04/2024, 16:31
Foto — Releitura da arte de Yara Tupynambá por meio dos tapetes devocionais. Crédito — Reprodução. Siga no Google News

Pintora, gravadora, desenhista, muralista, professora... Yara Tupynambá é uma multiartista reconhecida nacional e internacionalmente. Ela que já foi homenageada até pelo poeta Carlos Drummond de Andrade (1902 - 1987) com o poema “Exposição”, também ganhou homenagens nesta Páscoa, dessa vez, por meio dos tradicionais tapetes devocionais em Ouro Preto (MG).

A Casa Câmara, por meio do fotógrafo, designer, cenógrafo e diretor de arte, Rodrigo Câmara, de amigos e turistas que vieram visitar a cidade histórica no feriado de Semana Santo, encheu o Largo do Rosário de cores para homenagear a quem ele se referiu como “um dos mais importantes nomes da arte e cultura mineiras”.

Rodrigo Câmara disse que há anos os tapetes são produzidos da Igreja do Pilar até a Igreja de Nossa senhora da Conceição de Antônio Dias, Ouro Preto (MG), abrangendo quase 4 km, mas “este trajeto não era feito há mais de 10 anos em virtude das obras de restauro da Igreja”.

Com a liberação do trajeto, amigos e turistas puderam homenagear Yara que sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC) em 2023. Como a artista ficou com sequelas e está se recuperando, ainda não consegue pintar. Ela agradeceu a homenagem postando fotos dos tapetes em uma rede social. Veja alguns trabalhos de anos anteriores:

Nova exposição
No dia 11 de março de 2024, a partir das 14h, a Câmara Cultural, localizada na Avenida dos Andradas, n° 3.100, em Belo Horizonte, recebe a exposição "Novos Tempos" com obras de Yara.

Saiba mais sobre a artista

Foto - Yara Tupynambá recebe homenagem na Páscoa. Crédito — Reprodução.

(Com informações do site escritoriodearte.com)

Yara Tupynambá Gordilho Santos tem seu primeiro emprego aos 17 anos de idade como concursada em datilografia, na Caixa Econômica Estadual. Lá permanece por dois anos e, por datilografar com agilidade, faz um acordo com o chefe e consegue mais tempo livre, o qual utiliza para desenhar. Inicia-se nos estudos de arte com Guignard (1896-1962), em 1950, em Belo Horizonte, além de estudar gravura com Misabel Pedrosa (1927), em 1954, e aperfeiçoar-se posteriormente com Oswaldo Goeldi (1895-1961), no Rio de Janeiro. Cursa a Faculdade de Artes Visuais da Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG e, em 1967, defende tese sobre Albert Dürer.

No ano seguinte, passa lecionar gravura na mesma universidade. Dedica-se à gravura, especialmente sobre madeira, preferindo o preto e branco à gama de cores. Em telas a óleo pinta congados, cavalhadas e violeiros, temas referentes a sua adolescência, e as andanças pelo interior do estado de Minas Gerais. Ela mesma fabrica algumas tintas vinílicas. É convidada a fazer um mural sobre a inconfidência mineira na reitoria da UFMG, inaugurado em 1969, e posteriormente torna-se se diretora da Escola de Belas Artes da mesma universidade.

Na década de 1970, realiza diversos murais para residências, estabelecimentos comerciais e órgãos públicos, como o Minas, do século XVII ao século XX , feito para a Assembléia Legislativa de Minas Gerais. Executa um mural na Igreja Matriz na cidade de Ferros, Minas Gerais, no qual retrata Adão e Eva nus, fato que causa polêmica, obrigando o prefeito a colocar a obra no seguro. Pesquisa as pinturas do século XVIII em igrejas de Ouro Preto e Sabará, produzindo desenhos realizados sobre arcas e baús, e retratando cenas da época e símbolos como brazões. Lidera o Atelier Vivo na Bienal Nacional de São Paulo, em 1974, onde mostra uma pesquisa realizada na área educacional e com estandartes. Recebe bolsa de estudos do Pratt Institute e viaja para Nova York (Estados Unidos). Retorna a Belo Horizonte e torna-se assessora cultural da Empresa Mineira de Turismo - Turminas, além de ser responsável pela implantação de um programa do Ministério do Trabalho para requalificação do artesanato no estado de Minas Gerais. Em 1992, recebe o título de Cidadã Honorária de Belo Horizonte do governo de Minas Gerais. É escolhida pela crítica diversas vezes como destaque das artes, além de homenageada com poemas, como fez Carlos Drummond de Andrade (1902 - 1987) ao escrever o poema Exposição sobre a artista.

Um Comentário

  1. Christiane 03/04/2024 em 15:45- Responder

    Caro Rodrigo, parabéns pela escolha.
    Desconheço adjetivo para citar Yara Tupynamba.
    No SERPRO de BH há um mural, que ‘contemplei” diariamente, até aposentar.

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