Muito além das batalhas: Estudante da UFOP leva pesquisa sobre Hip Hop até Salvador

O trabalho intitulado “Hip Hop: Da Periferia à Universidade”, foi produzido por alunos do curso de Serviço Social e contextualiza o Hip Hop para além da música, explicitando o papel político exercido pelo movimento.

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Por João Paulo Silva Publicado em 15/02/2019, 17:24 - Atualizado em 03/07/2019, 21:24

Foto-Estudantes apresentam trabalho na Bienal Nacional dos Estudantes
Crédito-Arquivo pessoal

O estudante de Serviço Social da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Gabriel Gallo, de 23 anos, levou, no começo de fevereiro, até Salvador (BA), seu trabalho de pesquisa acadêmica sobre o cenário Hip Hop realizado Mariana (MG). Intitulado “Hip Hop: Da Periferia à Universidade” a pesquisa faz parte da disciplina Pesquisa e Serviço Social II, ministrada pela professora Rafaela Fernandes.

O trabalho apresentado na Bienal da União Nacional dos Estudantes (UNE), entre os dias 6 e 10 de fevereiro de 2019, na categoria mostra científica, contextualiza o Hip Hop para além da música, explicitando o papel político exercido pelo movimento enquanto representação das vozes da periferia.

Morador de Itabirito (MG), Gabriel é conselheiro municipal de Cultura, músico, presidente da União da Juventude Socialista de Itabirito (UJS) e um dos responsáveis pelo surgimento do movimento das “batalhas de rima” na cidade localizada na Região Central de Minas Gerais.

Hip Hop não é só música, antes disso, é uma cultura de rua, uma forma de arte e atitude com características de movimento social, política e cultural, explica o estudante. “Pretendo utilizar o Hip Hop como um elemento transformador na cidade, que possa contribuir para o fortalecimento das políticas públicas para a juventude mais vulnerável e criminalizada, que hoje, tem no movimento grande parte da sua identificação”, ressalta Gabriel.

Como explica a pesquisadora e jornalista e professora do Curso de Comunicação Social da Universidade Federal do Tocantins, o termo hip hop, foi criado em meados de 1968 por Afrika Bambaataa, reconhecido como fundador oficial do hip hop. “Ele teria se inspirado em dois movimentos cíclicos, ou seja, um deles estava na forma pela qual se transmitia a cultura dos guetos americanos, a outra estava justamente na forma de dançar popular na época, que era saltar (hop) movimentando os quadris (hip) ”.

Caracterizado pela multidimensionalidade, a performance do Hip Hop mistura, em níveis sucessivos, gêneros que para os leigos, ou distantes desta cultura, seriam diferentes ou separados. Estão presentes nessas performances não só a música, como também a dança, a pintura e a poesia.

O trabalho também contou com a coautoria de outros alunos de Serviço Social e sociais aplicadas da Universidade Federal de Ouro Preto: Gabriel Regis Galo Borba, Ana Paula Carvalho, Danielle Ribeiro, Mariana Monteiro e Yuri Vinicius Ferrari. A pesquisa, de acordo com os estudantes, deu margem para entender a relação de força em contraponto à parte hegemônica que não quer ver o movimento acontecer e ocupar os espaços públicos em Mariana.

“Compreendendo a particularidade da cidade de Mariana, ocorre frequentemente a repressão policial nas Batalhas de MC’s, configurando uma das expressões da violência estrutural legitimada pelo Estado, causando constrangimento e criminalizando quem produz, organiza e assiste, podendo ser também um dos motivos que ocasiona a falta de incentivo aos elementos do Hip Hop presentes na cidade”.

No que diz respeito à declaração acima, os estudantes afirmam compreender o movimento Hip Hop como movimento sociocultural transformador. “Ele que se encaixa como instrumento de denúncias sociais a qual apontamos diversos recortes, sinalizam as expressões da questão social geradas pelo modo de produção capitalista e a segregação do movimento cultural periférico dos espaços públicos e do acesso às instituições de ensino federal”.

“O movimento Hip Hop juntamente com as questões levantadas por essa pesquisa nos possibilita refletir sobre desigualdades sociais, opressões presentes na sociedade e falta de acesso à universidade pública, entre várias outras questões”.

Foto-Estudantes apresentam trabalho na Bienal Nacional dos Estudantes. Crédito-Arquivo pessoal

2 Comments

  1. Juliana Cobuci 16/02/2019 em 09:07- Responder

    Parabéns a estes/as lindos/as alunos/as pelo trabalho. Muito feliz por ver vocês realizando uma caminhada que já da frutos.

    • João Paulo Silva 18/02/2019 em 15:57- Responder

      Realmente são merecedores, são um orgulho para Mariana.

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