Dando continuidade à programação on-line do projeto Ateliê Casa Bracher, no dia 25 de setembro (sábado), a artista plástica mineira Fani Bracher participa de um bate-papo sobre a sua trajetória artística, conduzido pelo poeta e tradutor conterrâneo Ronald Polito. Em atividade desde 1973, Fani é inquieta e sua arte múltipla se revela em pinturas a óleo, chitas e estandartes, bordados, santuários e assemblages – colagens com objetos e materiais tridimensionais criados com restos de tubos de tinta, madeiras e garrafas. A conversa ao vivo será transmitida pelos canais do Ateliê Casa Bracher a partir das 20h. O Ateliê Casa Bracher tem patrocínio do SESI.
Convidado para conduzir o bate-papo, Ronald Polito conhece o trabalho de Fani há muitos anos, tendo feito os textos de um dos catálogos da artista e um texto-poema para uma mostra em Belo Horizonte. “Acho o trabalho da Fani muito singular. O que me chama atenção é a ausência de personagens, são sempre espaços de profunda solidão. É expressiva a dinâmica das cores. Ela tem um domínio espetacular de uma palheta terrosa e que lembra, de algum modo, a pintura italiana do final da Idade Média. É muito curioso imaginar como a Fani foi impactada por essas imagens quando ela viveu na Europa”, diz Ronald.
O início da carreira artística de Fani foi com a pintura, nos anos 1970, em Ouro Preto, onde reside e trabalha há 50 anos ao lado do companheiro de vida, o pintor Carlos Bracher. Natural de Coronel Pacheco, ela passou a infância cercada por paisagens rurais. A vivência com a terra marcou muito a artista, mas só mais tarde virou tema de suas pinturas. “Desde pequena, lembro de passar horas deitada olhando as nuvens. Elas fazem parte da minha pintura, quase todos os meus quadros têm nuvens. Sempre via muitos formatos nelas”, conta a artista.
Fani sempre teve uma relação forte com Piau, terra de sua mãe, onde a família tem um sítio. Em 2019, a artista começou a fazer intervenções artísticas nos móveis e objetos da casa de Piau. Um dia, segundo ela, já aos 75 anos, subiu em uma escada e começou a desenhar as paredes que logo foram tomadas por pinturas abstratas e coloridas. O resultado são 13 grandes murais, totalizando 30 metros quadrados de extensão. Parte da trajetória artística de Fani e este último trabalho podem ser conferidos no documentário “A Casa Verde de Todas as Cores”, lançado em junho e disponível no canal do YouTube do Ateliê Casa Bracher.
Parte das obras de Fani Bracher pode ser vista no tour virtual do projeto Ateliê Casa Bracher (www.ateliecasabracher.com), no qual, desde dezembro, mais de 150 obras da coleção pessoal do casal de artistas Carlos e Fani Bracher estão disponíveis on-line. O acervo fica anexo ao casarão onde ambos residem. No segundo andar e no subsolo, localizam-se as obras de Fani Bracher, das quais 85 delas estão no tour virtual. São óleos, objetos, mobiliário, panos, bordados, colchas, desenhos, figurinos de teatro, além de suas fases temáticas: “Paisagens”, “Mineração”, “Flores”, “Ossos”, “Pedras”, “Setas” e a série mais recente, “De Pigmentos e Pedras”.
SOBRE FANI BRACHER
Fani Bracher nasceu na Fazenda Experimental em Coronel Pacheco, Minas Gerais. Graduada em jornalismo pela UFJF. Em 1968 casa-se com o artista Carlos Bracher e juntos viajam para a Europa, onde residem por dois anos. Em Portugal, fez cursos de história da arte com os críticos José Augusto França e Mário Gonçalves. Frequentou o atelier do pintor Almada Negreiros. Na cidade do Porto, conheceu a obra de Amadeu de Souza Cardoso. Depois de Portugal, partiu em viagem de estudos pelos Museus da Dinamarca, Suécia, Finlândia, Rússia, Alemanha, Holanda, Bélgica e Inglaterra.
Fixou residência em Paris de agosto de 1969 a dezembro de 1970. Ainda na capital francesa, participou ativamente do “Centro de Artes para estudantes e artistas americanos”. De volta ao Brasil, estabeleceu-se em Ouro Preto, onde começa a pintar em 1973. A partir desta data, participou de várias exposições em museus, centros culturais e galerias de arte no Brasil e no Japão. Realizou 30 exposições individuais em cidades brasileiras e também no Uruguai, Argentina, Peru, Colômbia, Guiana Francesa, Jamaica e França. Sobre sua obra escreveram vários críticos, como Celma Alvim, Rubem Braga, Wilson Coutinho, Roberto Pontual, George Racs, Ferreira Gullar, Flávio de Aquino, Walmir Ayala, Walter Sebastião, Marcelo Castilho Avellar, Frederico Moraes e Ângelo Oswaldo de Araújo Santos.
Ganhou 14 prêmios de pintura e tem seus trabalhos incluídos em 34 livros de arte. O livro “Fani Bracher”, de Frederico e Ronald Polito (editora Salamandra Consultoria e Editora SA) obteve o Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro (CBL) e o V Prêmio Fernando Pini de Excelência Gráfica, como “Melhor Livro de Arte”. Tem ainda publicado o livro “Fani Bracher”, (C/Arte Editora), de autoria de José Alberto Pinho Neves.
FICHA TÉCNICA ATELIÊ CASA BRACHER
Artistas: Carlos Bracher e Fani Bracher
Coordenação Geral: Larissa Bracher | Sergio Saboya | Silvio Batistela
Coordenação ACB, pesquisa, arquivo, acervo, curadoria, filmes, produção executiva de eventos e textos do site: Blima Bracher
Assessoria de Imprensa: Paula Catunda | Fernanda Lacombe
Tour Virtual Hipermídia: Ricardo Macedo e Cristiane Macedo
Coordenação site e tour virtual: Carlos Chapéu
Sound designer e trilha sonora: Marcello H.
Tradução: Aline Casagrande (inglês e espanhol) | Roberta Arantes (inglês)
Social media: THD Digital
Coordenação financeira e administrativa: Letícia Nápole
Contabilidade: Contabilidade Teixeira e Carvalho CTC
Anúncios publicitários: Nea Palma Comunicações
Teasers dos eventos: André Sutton
Fotos: Acervo pessoal, Blima Bracher, Edmar Luciano, Ricardo Correia de Araujo, Larissa Bracher, Rômulo Fialdini, Miguel Aun, Pollyanna Assis, Pirex, Dimas Guedes, Zélia Gattai, Eduardo Tropia, Sérgio Pereira Silva, Sérgio Bara.
Deixar Um Comentário