Entrevista com Victor Stutz, escritor Ouro-pretano, que participa da XXIII Feira de Livros de Itabirito-MG, dia 07 de outubro

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Por Tino Ansaloni Publicado em 02/10/2018, 17:56 - Atualizado em 02/07/2019, 00:59

Foto-Escritor Victor Stutz
Divulgação

No dia 7 de outubro, domingo, dia das eleições, o escritor Victor Louis Stutz, nascido em Belo Horizonte, mas morador de Ouro Preto desde 1975, estará em debate com a garotada e autografando alguns de seus livros na XIII Feira do Livro de Itabirito, no Complexo Turístico da Estação, a partir das 14 horas.

Com dez títulos publicados, ele, que vai completar 35 anos de carreira como autor de livros infanto-juvenis em 2019.

Ele conta como começou sua aventura nesse delicado e complexo universo literário, em entrevista exclusiva concedida ao Jornal Voz Ativa, acompanhe:

Belo horizonte, ano de 1984. Um jovem sonhador, de 21 anos, circula pelos corredores da Imprensa Oficial de Minas Gerais com um texto debaixo do braço.

VOZ ATIVA – Escrever naquele tempo era mais fácil ou mais difícil?

STUTZ- Bem mais difícil, sem dúvida! Pra começar, não tínhamos computador, nem corretor ortográfico, nada disso. O sonho de consumo de quem trabalhava com textos naquela época era comprar um dicionário Aurélio Buarque de Holanda atualizado. Caríssimo! Pra vocês terem uma ideia, meus dois primeiros livros foram redigidos numa máquina de escrever Remington manual, e qualquer errinho era um suplício. Pra consertar, a gente tinha de usar fita corretiva, dava trabalho danado e manchava o original. Hoje, tudo é fácil, conserta-se com um toque. Antes, não era assim.

VOZ ATIVA – E publicar livros, como acontecia?

STUTZ – Tão difícil quanto, ou pior! Escrevi meu primeiro livro em 1982, e demorei dois anos pra conseguir editá-lo. E só aconteceu graças à sorte que tive de receber o apoio de um grande e respeitadíssimo escritor, o Murilo Rubião. Murilo é uma lenda, é considerado o pai da literatura fantástica brasileira. Fiquei horas esperando para ser recebido por ele, que, naquele tempo, era o diretor da Imprensa Oficial de Minas Gerais. Murilo leu meu texto em poucos minutos, em seguida, me apresentou para outros senhores, todos muito distintos. Mais tarde, fiquei sabendo que um deles era o escritor pernambucano Austregésilo de Athayde. E eu nem imaginava quem fosse aquela figura!

VOZ ATIVA – E depois, como foi?

STUTZ – Saí da Imprensa Oficial com uma carta de recomendação do Murilo, direcionada ao Roberto Brant, que era o presidente do banco MinasCaixa, a velha Caixa Econômica Estadual. Uma vitória! Na carta, Murilo assumia o compromisso de ajudar na edição do meu livro com a mão de obra, mas faltavam recursos pra pagar o material: fotolitos, chapas e papel.

VOZ ATIVA – E, conseguiu ser recebido pelo presidente do banco?

STUTZ – Sem problema! Roberto foi diretor da MinasCaixa de 1975 a 1978, mas virou presidente, de 1983 a 1985. E já era conhecido da galera das artes, ele é irmão do poeta letrista Fernando Brant, um sujeito muito sensível e acessível. Topou no ato compartilhar os custos da publicação com o Murilo Rubião. E assim nasceu meu primeiro livro, a “Família da Árvore”, com ilustrações do arquiteto Keller Veiga. Pra fazer a diagramação e a arte final, contei com a ajuda de um bom amigo, o pintor Bigu. Enfim, muitos me ajudaram, de graça, não esqueço isso!

VOZ ATIVA – De lá para cá, foram dez livros publicados. Quais serão os próximos passos?

STUTZ – Andei meio desiludido com tudo relacionado à arte e cultura por um bom tempo. Mas meus filhos, Catarina e Breno, já adolescentes, hoje, cobram muito que eu resgate essa minha história. E, por eles, vou fazer. Ano que vem, 2019, promete, mas não posso ainda revelar todos os planos, pois o destino do país está incerto, ainda mais no que diz respeito à produção cultural. Aproveito para recomendar aos que vão ler essa matéria: por favor, nessas eleições, escolham bem os seus representantes. Precisamos muito resgatar a dignidade e fazer sorrir esse povo lindo do nosso Brasil. Talvez, se o herói tupiniquim Macunaíma, de Mário de Andrade, vivenciasse os tempos de hoje, ele diria: “Muito verbo e pouca verba, os males do Brasil são”.

Victor Stutz é autor dos livros ‘A Família da Árvore’ (1984 – texto recomendado pelo escritor Murilo Rubião); ‘A Família do Som’ (1986 – editado pela Universidade Federal de Ouro Preto | Ufop); ‘Lua Nova’ (1990 – Editora Bakana/Alphabeto); ‘O Mistério do Navio Fantasma’ (1993 – Editora Bakana/Alphabeto); ‘O Emprego da Lua’ (1997 – Saraiva Editora- 6a Edição); ‘A Marca da Caveira’ (1999 – Saraiva Editora); ‘Menino de Pau’ (1999 – Saraiva Editora – Selecionado no Salão Capixaba de Literatura); ‘O FANTASMA DA MÁSCARA’ (2000 – Saraiva Editora – Menção Altamente Recomendável Melhor Texto Categoria Teatro, pela Fundação Nacional do Livro Infanto-Juvenil -FNLIJ e THE INTERNATIONAL BOARD ON BOOKS FOR YOUNG PEOPLE, UNESCO – UNICEF); ‘Duelo de Bruxos’ (2004 – Saraiva Editora); ‘Os Aventureiros de Argos’ (2004- Formato Saraiva Editora). 2008/2009.

Ele também é professor de Artes do Ensino Fundamental e Médio do COLÉGIO SINAPSE e redator do Departamento de Comunicação da Prefeitura Municipal de Ouro Preto. Em 2011, “O Fantasma da Máscara”, de Victor Stutz, ganhou os palcos de São Paulo e, com direção e elenco de artistas nacionalmente consagrados, recebeu 5 indicações para o Prêmio Coca Cola FEMSA de Teatro.

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