O extraordinário e, talvez, o maior comediante de todos os tempos, Charles Chaplin, entre as muitas frases que nos legou, uma nos faz refletir sobre as nossas próprias mazelas humanas, a saber: “A vida é uma tragédia quando vista de perto, mas uma comédia quando vista de longe”.
Tal frase não deixa de corresponder com a vida em voga e, como ela sempre foi desde tempos imemoriais. A visão de cá não difere muito da visão de lá. É por aí. É como se andássemos numa corda bamba, ou “Se ficar o bicho come, se correr o bicho pega”. Essa frase, dentre as suas múltiplas significações e especulações, remete-nos também a olharmos, e sabermos da visão dos outros em relação a nós.
Outrossim, a visão da comédia, neste caso, é um pouco mais confortável, pois rir da miséria dos outros, não deixa de querer nos fazer iludir a nossa própria miséria. Miséria aqui, não é só no sentido viver na pendura, na falta das coisas necessárias à sobrevivência. Mas, também de nossa própria condição humana com suas complexidades e contradições. Essa é triste e doída, faz qualquer ser humano se sentir o nada do nada.
Existem outras misérias… Cada um vive a sua… E, é justamente, aí, penso que o comediante inglês tão bem sintetizou nesse sábio pensamento.
Existem as misérias interiores, aquelas que, em surdina, nos estrangulam, nos fazem ver as nossas fraquezas; as nossas inutilidades; a nossa pequenez diante de certas situações que a vida nos apresenta. Essas misérias nos cobram para sermos mais humanos uns com os outros.
E, por fim, as exteriores que nos fazem, muitas das vezes, ignorar os nossos semelhantes dentro daquele velho ditado: “pimenta nos olhos dos outros é refresco”. E, às vezes, ante estas, viramos as costas, sem nos atermos, o quão somos pequeninos e impotentes! O quão somos recíprocos espelhos de nós mesmos! Estamos aqui, como estamos lá. E assim, vamos vivendo, assim, vamos andando na corda bamba…
Laudate Dominum.
"Coisas do Cotidiano"
Em "Coisas do Cotidiano", o escritor, poeta e graduando em Letras pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Antoniomar Lima, busca percorrer “esse espaço fronteiriço, entre a grandeza da história e a leveza atribuída à vida cotidiana”.
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