O grande escritor paraibano José Lins do Rego escreveu: ‘se chove, tenho saudades do sol; se faz calor, tenho saudades da chuva’. Tanto o sol quanto a chuva são de extrema importância para a nossa sobrevivência neste planeta de contradições e absurdos.
De certo modo, a frase escrita pelo escritor paraibano nos faz refletir sobre a permuta desses dois elementos essenciais que fazem parte do nosso cotidiano. Quando chove e toda a vegetação é regada e os reservatórios enchem - chegando ao ponto de entornar -, sentimos saudades do sol. Entretanto, quando faz sol e a temperatura atinge o pico in(suportável), bate aquela saudade incontida da chuva.
Sem água as plantações não vingam, e sem sol a mesma coisa. Há, às vezes, de nossa parte certa incompreensão sobre esse desenrolar que, independente da vontade humana. Talvez, se tal dependesse da nossa vontade viveríamos em constante guerra para ver qual vontade prevalece e, consequentemente, estaria implantada a vontade artificial e não a continuidade da natural. E isso, certamente, não queremos. Pois se fosse assim as catástrofes seriam piores e irreversíveis.
Já não bastam os monopólios selvagens que existem e que tanto assolam a humanidade, principalmente os mais necessitados que no fritar dos ovos é que pagam o ônus que nem precisamos enumerar?
Que a chuva e o sol sigam a lei da permuta natural e que nós que não criamos ambos os elementos, saibamos nos adaptar às suas intempéries assim como fazemos quando tudo está correndo às mil maravilhas.
Pudera, se tanto numa situação como noutra não houvesse prejuízos e transtornos!
A realidade tem que ser encarada e não podemos nos deixar ludibriar diante de tudo que ocorre diante de nossos olhos, das coisas que temos controle e, mais ainda, das que não possuímos nenhum controle.
Há possibilidades - dependendo das circunstâncias - de evitarmos as primeiras; quanto às segundas, temos que usar estratégias, usar métodos antigos e novos de sobrevivência que estejam ao nosso alcance para que os tormentos não sejam tão doloridos.
Claro que José Lins quando cunhou a frase acima ele não pensou no lado negativo do sol e da chuva. Certamente, a intenção da metáfora era outra, diversa das que tratamos aqui. Mas, pelo seu alto poder de reflexão ela não deixa de nos dar esperanças, de fitarmos um horizonte numa perspectiva positiva em todos os sentidos.
Laudate Dominum!
“Coisas do Cotidiano”
Em “Coisas do Cotidiano”, o escritor, poeta e graduando em Letras pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Antoniomar Lima, busca percorrer “esse espaço fronteiriço, entre a grandeza da história e a leveza atribuída à vida cotidiana”.
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