Leia “Grande Cidade Pequena” na coluna Valdete Braga

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Por Tino Ansaloni Publicado em 07/06/2016, 14:29 - Atualizado em 07/06/2016, 14:29
  Por Valdete Braga Um casal de amigos, morando há anos em São Paulo, veio para uma visita. Em férias, vieram passar o mês com os familiares, em Belo Horizonte, e tiraram uns dias para passear por aqui. Fomos almoçar em um restaurante conhecido, encontramos vários amigos, e quando voltamos, ela comentou: “uma das vantagens de cidade pequena é que todo mundo se conhece”. Cheguei a abrir a boca para responder, mas achei melhor fechá-la. Eram meus convidados, estavam em minha casa, e o comentário foi feito com tanta naturalidade, que não valeria a pena criar um clima por isto. A verdade é que Ouro Preto deixou de ser “cidade pequena” há muito tempo, e não me refiro ao aspecto histórico, cultural, ou turístico, pelos quais nunca foi. Refiro-me à questão geográfica, mesmo. Já se foi o tempo em que Ouro Preto se resumia a algumas ruas do centro histórico. A cidade cresceu muito, bairros antigos se expandiram e bairros novos foram criados. A época de “cidade pequena” ficou para trás. O comentário da minha amiga faz jus à Ouro Preto de nossa adolescência, quando estudamos juntas na então ETFOP, e a realidade da cidade era outra. De acordo com a sua referência, ela não está errada. Tenho amigos que até hoje nos vêem assim, como uma “cidadezinha pequena do interior”. Para alguns, Ouro Preto se resume ainda ao seu “miolo”. O “turista” chega na Praça Tiradentes, desce a Rua Direita, segue pela São José, desce as Escadinhas, visita a Basílica do Pilar e retorna, pelo mesmo caminho. Pronto! Conheceu Ouro Preto! Sob esta ótica, somos mesmo cidade pequena. Não que isto seja um defeito, só não é real. Nos tempos atuais, não cabe mais esta classificação, mas muitos acreditam nisto, como a minha amiga. Ainda enxergam como Ouro Preto somente o seu miolo, como se os nossos bairros não fizessem parte da cidade. Obviamente, se comparada a São Paulo, Rio de Janeiro, ou mesmo à nossa capital tão próxima, Belo Horizonte, vamos ser uma cidade geograficamente bem menor. Mas daí a nos classificarmos “cidade pequena” vai uma grande diferença. A topografia da cidade ajuda neste engano. O preconceito de que “centro” é só o dito “miolo” também. Somos todos Ouro Preto. Do bairro Taquaral ao São Cristóvão, nos dois extremos da cidade, passamos por muitos outros, tão Ouro Preto quanto o seu justificadamente famoso centro histórico. Houve uma época em que estes bairros eram tão longínquos que sequer eram considerados. Não havia meio de transporte, e a qualidade de vida não chegava aos pés da que possuem hoje. Mas as coisas mudaram e, graças a Deus, mudaram para melhor. Atualmente nossos bairros possuem infra-estrutura necessária para a qualidade de vida de seus moradores, sem a necessidade de terem de recorrer ao “centro” para as suas necessidades básicas. Escolas, supermercados, farmácias, etc são encontrados nos bairros, permitindo aos moradores resolverem ali os seus compromissos. É preciso esclarecer que não me refiro ao crescimento desordenado, de maneira nenhuma. Infra-estrutura é fundamental. Ainda temos, infelizmente, muitas casas em área de risco, encostas ocupadas onde pessoas vivem assustadas em época de chuva, etc. Esta é outra questão, que precisa ser resolvida, e resultaria em outra crônica, tamanha é a sua importância e complexidade. Aqui eu trato da visão equivocada de pessoas que vêem das metrópoles e nos julgam “cidade pequena”, como se Ouro Preto se resumisse em seu não menos importante, diga-se de passagem, “miolo” histórico. E, pior, há pessoas nascidas e criadas aqui que pensam assim também. É preciso nos esclarecermos mais sobre a nossa terra. Ouro Preto é muito mais do que parece a olhos menos observadores.

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