Leia “Brasileiros por nascimento” na Coluna Valdete Braga

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Por Tino Ansaloni Publicado em 15/03/2016, 09:12 - Atualizado em 15/03/2016, 09:18
Valdete Braga Sou brasileira e, obviamente, quero o melhor para o meu país. Difícil acreditar que alguém não queira. É tão óbvio que nem precisaria ser dito. Se existe alguém que não queira ver o país onde vive, cria seus filhos, constrói sua vida, bem, essa pessoa deve ter algum problema. Acertando ou errando, por caminhos retos ou sinuosos, o óbvio é que assim seja. Não querer ver o seu país bem, significa não querer estar bem. Mas ainda existe quem não consiga ou não queira entender que somos brasileiros porque nascemos no Brasil. Tão simples! Não porque somos pobres ou ricos, pretos ou brancos, sulistas ou nordestinos, estudados ou ignorantes. Recuso-me a aceitar esta divisão que alguns querem impor, de dois brasis: de um lado o povo trabalhador e honesto, cumpridor de seus deveres e merecedor de seus direitos, e de outro os ricos exploradores, desonestos e sem caráter. O primeiro grupo são os brasileiros e o segundo os que querem destruir o Brasil. Não esquecendo de frisar que, dentro desta mentalidade pequena, também os pobres são negros e os ricos são brancos. Fazem marketing com a condição social, cultural, e até com a cor da pele das pessoas. Pelo amor de Deus! Existe gente honesta e desonesta, trabalhadora e exploradora, bom caráter e mau caráter, em todas as classes sociais e de todas as cores. Exemplo disto é a expressão criada “elite branca”, depois que a palavra “elite” ganhou uma conotação não apenas pejorativa, mas totalmente equivocada. Equívoco número um: existem negros nesta dita “elite” brasileira, sim! Da mesma forma que existem brancos abaixo da linha da pobreza. Equívoco número dois: o que é “elite”, afinal de contas? São as pessoas de pele branca que votaram em A, B ou C? Se for, e os de pele negra que também votaram? É ter dinheiro? Se for, e os negros ricos? Então surge aí mais uma divisão “elite branca e elite preta”? Que confusão! No desespero de se criar rótulos, perdeu-se a capacidade de raciocínio lógico. A generalização banalizada está criando dois lados tão distintos que o tiro já começa a sair pela culatra, porque a grande maioria dos brasileiros, que são brasileiros por nascimento e não por escolha de um grupo que definiu quem é e quem não é, fica de fora destes dois únicos e distintos lados. Quando se tem a pretensão de colocar o Bem absoluto de um lado e o Mal absoluto de outro, pessoas normais preferem ficar de fora, porque pessoas normais não são absolutas, nem no bem, nem no mal. Particularmente, eu sinto enorme orgulho em ser uma brasileira normal. A minha nacionalidade foi definida em meu nascimento, independente da cor da minha pele ou da condição social que eu viesse ter ou não ter no futuro. Tivesse eu a cor da pele preta ou branca, morasse eu debaixo da ponte ou em uma ilha particular, não é ninguém que vai dizer se eu sou “brasileira de verdade” ou não. O meu nascimento já definiu isso, e ponto final. Assim é que com todos nós, e o que alguns não estão entendendo ainda é que somos exatamente nós que fazemos o país. Nós que trabalhamos, pagamos impostos, e produzimos, nas mais diversas áreas, fazendo este país seguir em frente. O brasileiro por nascimento não está preocupado com rótulos: elite branca, pobre negro, direita reacionária, esquerda revolucionária... o povo, no real sentido da palavra, gente branca, preta, amarela, pobre, remediada, rica, tem mais o que fazer do que rotular os outros. Chega a beirar o ridículo essa insistência em colocar todo branco como elite, todo negro como pobre, todo rico como bandido, todo pobre como vítima. O brasileiro comum, no seu dia a dia, é um povo diversificado e todo mundo sabe disto. Importante deixar muito claro que estou falando em generalização, não em racismo. Serve para os dois lados. Este é o perigo dos rótulos.

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