Coisas do Cotidiano: Leia “A Festa Carnavalesca”, por Antoniomar Lima

Em “Coisas do Cotidiano”, o escritor, poeta e graduado em Letras pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Antoniomar Lima, visa percorrer “esse espaço fronteiriço, entre a grandeza da história e a leveza atribuída à vida cotidiana.”

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Por Antoniomar Lima Publicado em 16/02/2024, 14:07 - Atualizado em 16/02/2024, 14:07
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Antoniomar Lima é graduado em Letras (licenciatura em Língua Portuguesa) pela UFOP e já publicou dois livros de poesias. Crédito — Arquivo pessoal. Siga no Google News

Entra e sai ano e a festa carnavalesca segue o ritmo, que também funciona como cano de escape para esquecer – pelo menos momentaneamente as mazelas sociais.

Na minha época tinha os blocos de sujo, organizados pelos moradores dos bairros, era tudo muito simples:  "As pessoas pintavam os rostos com carvão, cada participante criava seu próprio figurino, ou como se diz hoje ‘look carnavalesco’." 

Munidos de pó de maisena iam para a rua, avenidas, clubes, para jogá-lo nas pessoas durante o trajeto que, claro, tinham conhecimento dessa brincadeira e tentavam se precaver de toda maneira dos ataques dos foliões.

Entravam nas casas, sendo recebidos pelos donos, levando alegria e diversão tudo isso com muito respeito.

À medida que caminhavam os blocos ia aumentando seu contingente.

Homens vestiam roupas de mulheres e mulheres, de homens, de Tarzan, super-homem, Charlin Chaplin, O Gordo e o Magro, A Feiticeira, Jeannie é um gênio e outras coisas mais... 

Não digo que não tinha, mas quase não ouvíamos notícias de morte, de roubo. Idade, cor, raça, pouco importavam no desenrolar da emoção carnavalesca. Tudo era válido desde que não houvesse extrapolações e abusos.

De lá para cá, muita coisa mudou – como tudo muda – menos a alegria  que não pode faltar e que é o principal elixir do evento.

Lembro que naquela época, como hoje, a folia comia solta, as pessoas se divertiam pra valer, principalmente as de classe baixa.  

Nos grandes centros, sabemos que o carnaval se elitizou e qual o pobre que pode comprar um camarote na Marquês de Sapucaí, por exemplo?

O jeito é acompanhar pela televisão, curtir do lado de fora das passarelas, ou então, fazer parte de alguma escola de samba.

As celebridades desfilam nos lugares de destaque dos carros alegóricos. E os que conduzem tais carros? Podem até se divertir, mas não creio que totalmente. Afinal de contas, estão trabalhando.

Uma das coisas positivas do carnaval dos tempos atuais é que não existem mais os rodos de pimenta – antigo entrudo. Eles eram problemáticos – certamente muita gente ficou com a visão comprometida. Diferente dos de água pura que não ameaçavam a saúde de ninguém, mas que ninguém usa mais, saiu de moda. Além do mais, nesse item, de modo coletivo, o corpo de bombeiros não apaga o fogo, mas quebra o galho refrescando a galera.

Laudate Dominum.

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