Coisas do Cotidiano: Leia “Precisamos de Muita Paciência”, por Antoniomar Lima
Em “Coisas do Cotidiano”, o escritor, poeta e graduado em Letras pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Antoniomar Lima, visa percorrer “esse espaço fronteiriço, entre a grandeza da história e a leveza atribuída à vida cotidiana.”
A ação mais fácil e cômoda que existe é regalar-se diante das circunstâncias favoráveis da vida. Ou não? O contrário, não é recíproco.
Jó, que se saiba só existiu um, pois portar-se do modo que se portou ao perder tudo que tinha e seus entes amados e, ainda por cima, quase a ponto de perder a própria vida, temos que reconhecer que não é para qualquer um.
Nos dias de hoje, por exemplo, é impossível, ou quase impossível alguém suportar o que esse servo de Deus suportou, mas que no final, viu sua fé revigorada ao ter de volta tudo que tinha perdido, em dobro.
Hoje qualquer coisinha é motivo de desespero, abandono, brigas e coisas do gênero.
Creio que entre os homens e as mulheres do passado a fé, a força de vontade de dar a volta por cima – mesmo com toda sorte de empecilhos – era muito maior.
O materialismo está cada vez mais ocupando espaço nos corações das pessoas, o que automaticamente, desencadeia a competição. Isto é, a fileira dos “quem consegue mais”, ou “pode ter mais”.
E pensar que há um outro contingente que pena fragorosamente para sobreviver! Outros seres humanos que não querem muito, que se contentam com pouco, que caminham à margem da sociedade como se não existissem, fossem invisíveis.
Aliás, palavra “invisível” que, aqui, retomo no singular, hoje comumente usada por outros grupos em prol de visibilidade que, rechaço, nada mais justo ante tantas barbaridades que ocorrem descaradamente ante olhares, às vezes, impassíveis dos que poderiam fazer algo, ou pelo menos, tentar para justificar o poder que lhes é dado.
É aquela velha história 'se o rico não entra no céu, o pobre tem que penar na terra”.
Claro que não temos que levar essa frase ao pé da letra, pois, sabemos que tem rico humano, solidário, que sabe que bens materiais são apenas complementos da existência e que não tem valor algum senão servir também para ajudar outrem.
A própria palavra sagrada diz: “(...) se amardes os que vos amam, que galardão tereis?” (Mateus 5:46).
Podemos não ter a mesma fé, a mesma esperança e crença em milagres como Jó. Entretanto, podemos procurar ter, mesmo tenuamente, um pingo da paciência que ele tinha para suportar as terríveis adversidades que suportou, pois, cá entre nós, precisamos, não de pouca, mas de muita paciência.
Laudate Dominum
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