Coisas do Cotidiano: Leia “Seu Bubu”, por Antoniomar Lima

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Por Antoniomar Lima Publicado em 06/12/2023, 11:00 - Atualizado em 06/12/2023, 11:00
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Antoniomar Lima é graduado em Letras (licenciatura em Língua Portuguesa) pela UFOP e já publicou dois livros de poesias. Crédito — Arquivo pessoal. Siga no Google News

Nesses dias minha atenção se prendeu num senhor que é vizinho meu chamado José Aloísio, mais conhecido como Bubu que mora na Rua Wenceslau Brás, uma das principais de Mariana.

Conversamos por mais de duas horas sobre curiosidades da Rua Wenceslau Braz que segundo ele, era nessa rua que funcionou por muitos anos um meretrício.

Com 73 anos, viúvo, ex-caminhoneiro, aposentado, com filhos criados e independentes, seu Bubu entre uma volta e outra pelo bairro, para espantar a vida solitária passa a maior parte do tempo ouvindo as músicas da marcante década de 1980. 

Período esse que - parece opinião unânime - nacional e internacionalmente foram produzidas canções que seguem embalando os corações saudosos e apaixonados.

Seu Bubu é uma daquelas figuras pitorescas que vivem no anonimato, mas que é uma verdadeira enciclopédia, isto é, conhece coisas do fundo do baú sobre o bairro onde mora.

Entretanto, fiquei restrito às músicas que gosta de ouvir que lhe evocam, segundo ele, imagens e momentos que vão longe, mas que guarda no coração com seu olhar saudoso, nostálgico.

Ainda segundo ele, quem não o conhece tem impressão que ele só vive triste ao escutar as canções que ouve. Mas ele discorda peremptoriamente dessa equivocada observação dizendo que 'não é bem assim, ao contrário, sentir saudades não é sentir tristezas, é sentir-se bem e confortável. Afinal de contas, as músicas não foram feitas para serem ouvidas? E cada qual escolhe ou ouve as do seu tempo ou de outros tempos que lhe fazem bem que é o meu caso, reitera'.

Reputei de relevância essa sua observação. E procede, pois ouvimos ou não ouvimos nos nossos momentos de saudade ou mesmo de solidão, as canções que gostamos?

'As gerações se satisfazem com as canções de seu tempo, não importa o ritmo ou as letras, ou se são boas ou ruins, esses são casos particulares, pois cada um sabe – tendo ciência do mundo e das coisas ao redor - o que é bom para si’.

Concordei com ele nesse ponto, pois a questão de gosto não se discute. O que nos caracteriza são as diferenças e tais servem para tudo, ou quase tudo. Se assim não fosse o mundo não evoluiria e não chegaríamos ao nível atual de desenvolvimento tecnológico, mesmo que a pobreza e outras mazelas humanas sigam perdurando... 

Durante nossa prosa informal seu Bubu ficou à vontade, era perceptível a sua alegria ao passar essas informações que, na verdade, era quase um desabafo que ao olhar de um escriba atento que à semelhança dos apóstolos do Sermão da montanha, colhe os sobejos de pães espirituais para ofertar aos seus leitores no intento de saciar-lhes a fome e a sede.

Laudate Dominum

“Coisas do Cotidiano”

Em “Coisas do Cotidiano”, o escritor, poeta e graduado em Letras pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Antoniomar Lima, visa percorrer “esse espaço fronteiriço, entre a grandeza da história e a leveza atribuída à vida cotidiana.”

Um Comentário

  1. Alice 06/12/2023 em 13:12- Responder

    amei ele é meu avô e o amo muito

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