Ativistas plus size unem forças para ajudar pessoas gordas vítimas das enchentes no RS

Grupo já arrecadou 10 toneladas de tecidos, o equivalente a 10% da demanda. Baixe o PDF da Pesquisa Mapeamento da Gordofobia no Brasil.

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Por João Paulo Silva Publicado em 23/05/2024, 11:18 - Atualizado em 23/05/2024, 11:18
Foto — Reprodução. Crédito — Divulgação. Siga no Google News

Amanda Momente, CEO e fundadora da Wonder Size, e Viviane Lemos, empreendedora, palestrante e idealizadora da Feira de Moda BPSPOA, arrecadaram mais de R$ 100 mil e 10 toneladas de tecidos nas últimas semanas na tentativa de atender a uma demanda de mais de 1.200 pedidos de ajuda feitos por pessoas gordas em situação de extrema vulnerabilidade causada pelas enchentes.

Os números parecem grandiosos, mas a estimativa é que a arrecadação seja suficiente para atender apenas 10% da demanda recebida até o momento. O trabalho social está focado em duas áreas-chave: a compra de peças prontas para atender rapidamente às necessidades e o custo de produção e distribuição de peças plus size para maximizar o impacto das doações de maneira eficaz.

"É incrível e, ao mesmo tempo, assustador, ter a oportunidade de estar fazendo esse trabalho para o Rio Grande do Sul. Estima-se uma população de cerca de 63% de gordos no estado e, se fizermos a conta da quantidade de desabrigados, olha o número que a gente precisa atingir para conseguir atender toda essa demanda!Então, a gente realmente precisa da contribuição de toda a indústria da moda", afirma Amanda.

Todas as ações realizadas pelas ativistas têm um único objetivo: receber e entregar roupas. Para isso acontecer, o site da Feira de Moda Plus Size foi adaptado para receber os pedidos das vítimas e foi montado um centro de distribuição de roupas plus size em Porto Alegre (RS) que atende a esses pedidos. O site também tem acesso rápido para quem quer doar roupas e está em Porto Alegre (RS) ou em outro local, além do endereço para envio pelos Correios, chave pix e prestação de contas. O trabalho também consiste em organizar a confecção, separação dos kits com uma troca de roupa e a logística para encontrar caminhos seguros e viáveis para as doações chegarem a quem precisa.

A necessidade de ações direcionadas como essa escancara ainda mais a dificuldade de acesso a vestuário básico que pessoas gordas enfrentam no Brasil. Segundo a Pesquisa Mapeamento da Gordofobia no Brasil, realizada pela jornalista Thamiris Rezende em agosto de 2022, 86,1% das pessoas gordas têm dificuldade de encontrar vestuário. Esse número traduz a realidade do cotidiano dessas pessoas, que fica ainda mais difícil em situações adversas como a catástrofe climática no Rio Grande do Sul. 

A força das divulgações faz com que as doações cheguem a todo momento e, ainda assim, tamanhos a partir da numeração 54 são muito difíceis de encontrar. Além disso, os Correios, a Força Aérea Brasileira (FAB) e outras ações de âmbito nacional pausaram o recebimento de roupas porque consideram o estoque suficiente, mas poucas são as roupas de tamanho grande e a situação é de extrema vulnerabilidade, muitas pessoas não têm uma troca de roupa para vestir após o resgate.

"Essa ação toda que estamos fazendo, esse esforço todo, é uma ação de pronto atendimento. É só o comecinho para as pessoas terem dignidade. Vamos ter um trabalho longo pela frente, que tem que ser atendido de muito perto, porque essas pessoas, além de terem perdido suas roupas, elas perderam as suas casas, a renda, estão em situação de vulnerabilidade", conclui Viviane.

Vale lembrar que as doações de roupas são muito importantes e devem estar em bom estado de conservação, sem avarias. Também é possível fazer doações financeiras via pix (26423527000112 - CNPJ/ Viviane Pereira Lemos - SICREDI) e de tecidos para confecção de peças. 

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