Difícil acreditar que existem pessoas comemorando a morte do Papa Francisco. Falam absurdos e recebem a notícia como se tivessem derrotado um adversário em guerra, quando, na verdade o Papa só falou de paz enquanto viveu.
Por mais incrível que possa parecer, estão pelas redes sociais disseminando um ódio irracional, misturando política com fé, em uma insensatez incompreensível a qualquer ser humano com o mínimo de sensibilidade.
Não se trata de religião ou crença, esta irracionalidade vai muito além disto. Não se trata de opinião, e sim de humanidade.
Quem prega exclusão, desunião dos povos e ódio ao próximo não está externando opinião, vai muito além disto. Da mesma forma, indignar-se com esta insana alegria de alguns, também vai muito além de religião. Católico, espírita, umbandista, evangélico ou ateu, qualquer pessoa com o mínimo de humanidade se horroriza com certas frases ditas ou escritas sobre esta morte.
Alguns chegam ao extremo de dizer que a partida do Papa Francisco, que sempre ressaltou a importância da humildade para todos os cristãos, significa “o início de uma nova era”, sem especificar que era seria esta. Uma era de batalhas e fúria? De gente cruel e insensível se digladiando por ganância? Será isto que querem para nosso futuro?
Estas pessoas não entendem que estão comemorando o fim de uma era que nunca existiu como a viam. São vencedores de uma batalha que na verdade nunca aconteceu, só existindo em suas mentes fanáticas e deturpadas por uma realidade paralela, da qual seu fanatismo os tornam prisioneiros.
O Papa Francisco pregava o que o mundo mais precisa: paz. Ver pessoas celebrando a sua passagem assusta, pela constatação do ódio que reina no mundo em que vivemos. Como pode a morte de alguém, ainda mais alguém que falava tanto em harmonia e união, ser motivo de comemoração? Esqueceram que a única certeza que compartilhamos é a mesma certeza que encerrou a sua jornada?
É triste constatar que esta realidade paralela cresce pelo mundo, ultrapassando as fronteiras do raciocínio lógico e tornando-se concreta na mente de tantas pessoas. Destas, algumas se guiam por maldade ou interesses escusos, conscientes do que fazem, mas muitas seguem por ignorância, aceitando o caminho mais fácil, como na brincadeira antiga de “seguir o líder”.
A esperança que nos resta é que do outro lado deste triste espetáculo existe outro tipo de pessoas. Gente que, também independentemente de crença ou religião, entende o horror de tudo isto e segue por caminhos diferentes.
Estes ainda são maioria e assim hão de continuar, acreditando e lutando pela paz e não pela guerra, seguindo neste mundo, de acordo com as palavras do próprio Papa, construindo pontes e não muros. Que assim seja.
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