Após meses de debates, a lei proibindo o uso de celulares em escolas das redes pública e privada foi sancionada no Brasil. O projeto é uma vitória para milhares de brasileiros, sobretudo, por aqueles que trabalham na área da educação, mas não é considerada positiva por grande parte dos alunos e ainda existem dúvidas sobre o funcionamento e benefícios.
A medida já entra em vigor em todas as etapas da educação considerada básica, ou seja, da creche ao ensino médio. A decisão ocorre após uma série de pesquisas apontar os efeitos das telas, sobretudo, para crianças e adolescentes, que se encontram em uma fase de desenvolvimento com muito aprendizado.
De forma geral, o consenso dos estudos revela que, quanto maior o período de exposição aos celulares, facilmente transportados para a sala de aula e sempre conectados à internet e redes sociais, causam danos à capacidade de aprendizagem e produtividade estudantil.
Para se ter ideia, o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) identificou que aparelhos eletrônicos impactaram a capacidade de oito em cada dez alunos brasileiros em prestarem atenção nas aulas, em 2022.
A proibição também vale para outros dispositivos com acesso à internet, como tablets e relógios inteligentes, englobando ainda, todos os momentos ligados aos afazeres escolares, como durante as aulas, recreio, intervalos e, até mesmo, em atividades extracurriculares.
O uso será liberado apenas para fins pedagógicos e didáticos, questões de acessibilidade, inclusão e saúde, com a permissão do professor. Já o armazenamento, varia conforme a fiscalização de cada instituição.
O projeto ainda estabelece a obrigação de alertar os alunos sobre os riscos e os efeitos psíquicos da ação, que podem levar à nomofobia digital, ou seja, o medo de ficar longe do aparelho.
Vale ressaltar que a escola não oferece apenas a formação intelectual dos jovens, como também, promove a capacidade de socialização com amigos e outros companheiros. Como os celulares são aparelhos de uso individual, nos últimos anos, se tornou cada vez mais comum ver cenas de jovens sentados de maneira coletiva, porém, sem qualquer interação, pois estão ocupados demais usando o aparelho.
Pode até parecer algo banal, contudo, o aprimoramento dessa habilidade também é essencial para os futuros adultos.
Ângela Mathylde Soares é PHD em neurociência, psicanalista e psicopedagoga.
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