Pe. Edmar José da Silva é sacerdote da Arquidiocese de Mariana, graduado em Teologia (Seminário de Mariana), licenciado em Filosofia (PUC/MG), especializado em Filosofia Moderna (UFOP) e Metodologia do Ensino Superior (NEWTON PAIVA), mestre em Filosofia pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma/Itália. É autor do livro "Provocações éticas" (Editora Dom Viçoso, 2ª edição, 2014), organizador do livro: "Dizer o testemunho, Vol. II" (Editora Paulinas, 2016) e lançará brevemente o livro: "Saboreando a Palavra: roteiros homiléticos". Atualmente é professor da Faculdade Dom Luciano Mendes, Coordenador de Pastoral da Arquidiocese de Mariana e Pároco da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, em Ouro Preto.
O renomado poeta Carlos Drummond de Andrade, no seu famoso poema “fatiando o tempo”, elogia o indivíduo que cortou o tempo em fatias e ofereceu aos seres humanos, ao final de cada ano, a oportunidade de rever a caminhada, renovar os projetos e restaurar a esperança. Assim se expressa o poeta: “Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial. Industrializou a esperança fazendo-a funcionar no limite da exaustão. Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez com outro número e outra vontade de acreditar que daqui pra adiante vai ser diferente”.
O ser humano é homo viator, é um caminhante pelas estradas da vida. Na experiência do “caminho” e do caminhar, muitas vezes ele erra, desvia do itinerário correto, afasta-se da rota original, pega atalhos perigosos e colhe como amargas consequências o desnorteamento, a desilusão, a tristeza e a angústia existencial. Porém, em se tratando da existência humana, nada é definitivo! Cada ser humano (a cada dia), especialmente no início de um novo ano, tem a oportunidade de rever rotas, refazer caminhos, renovar projetos e propósitos existenciais.
Recomeçar, rever, restaurar, refazer, reinventar e renovar são verbos que apontam para um horizonte existencial futuro marcado por mudanças profundas, transformações radicais, conversões existenciais e, como diz o poeta, pela “vontade de acreditar que daqui pra adiante vai ser diferente”. É o milagre da renovação que está sempre ao alcance do ser humano! Opções que não deram certo, devem ser revistas; atitudes que não agregaram valores e não renderam bons frutos, devem ser rejeitadas; comportamentos violentos que feriram o coração das pessoas, devem ser eliminados; enfim, no itinerário da vida, cada ser humano deve aproveitar o início de um novo ano para rever a rota e refazer o caminho existencial.
No início deste ano de 2022, cada ser humano deve aproveitar para fazer o que deveria ter sido feito há muito tempo; deve desfazer-se do que não trouxe alegria e paz no ano passado e deve refazer o que foi destruído ao longo de 2021. Esta é a complexa dialética da vida humana marcada por contradições, paradoxos, recomeços e, acima de tudo, pelo desejo de ser feliz!
Termino este artigo citando novamente o poeta mineiro, nascido em Itabira: “não importa onde você parou, em que momento da vida você cansou. O que importa é que sempre é possível recomeçar. Recomeçar é dar uma nova chance a si mesmo. É renovar as esperanças na vida e o mais importante, acreditar em você de novo”.
Desejo a você um bom recomeço neste ano de 2022!
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