Escritor ouro-pretano homenageia Rubem Alves com “Um filósofo leve”

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Por Tino Ansaloni Publicado em 21/07/2014, 20:37 - Atualizado em 21/07/2014, 20:46
O ouro-pretano Eduardo Augusto é escritor, filósofo humanista, autor do Blog Maneira Simples. Casado com Ana e pai de Clara, de 7 anos de idade, já publicou artigos em jornais e revistas e prepara para breve o lançamento de seus livros, um de crônicas e outro infantil. Eduardo reside atualmente na capital mineira, mas, estará em breve visitando sua terra natal para o lançamento dos seus trabalhos. O Jornal Voz Ativa publicará informações, em breve, sobre a noite de autógrafos de Eduardo em Ouro Preto. Aguardem. Tive a oportunidade de estar pelo menos três vezes com Rubem Alves. Na 1ª delas, em 1995, em Ouro Preto- MG. Ele estava no auge de sua produção literária, seus livros e palestras ganhavam uma audiência que só aumentava a cada dia. Ele tinha a capacidade de dizer as coisas mais importantes com um humor que se apresentava sorrateiramente. De repente uma conversa sobre a razão do existir se direcionava para um verso de Cecília Meireles, Adélia Prado, Fernando Pessoa e outros. Rubem era capaz de estabelecer pontes entre o real e o imaginado, entre filosofia e literatura, entre o cotidiano e a poesia; despertando naqueles que o escutavam ou liam, o nostálgico sentimento da beleza e da infinitude. Uma flor, um pássaro, um jardim, uma cebola, uma caixa de brinquedos, uma sala de aula; temas de muitos dos seus textos, descortinavam o nosso olhar para o caleidoscópio da vida, que assim ganhava novas cores, sons e ritmos à luz de detalhes inusitados. Muitas de suas histórias ficarão para sempre na memória de seus admiradores e das novas gerações. Uma delas em especial, ele gostava sempre de contar: “Eram 6h. Minha filha me acordou. Ela tinha três anos. Fez-me então a pergunta que eu nunca imaginara: "Papai, quando você morrer, você vai sentir saudades?". Emudeci. Não sabia o que dizer. Ela entendeu e veio em meu socorro: "Não chore, que eu vou te abraçar..." Ela, menina de três anos, sabia que a morte é onde mora a saudade. Rubem Alves, poeta também crianças. Gostava de estar junto delas investigando o mundo, montando quebra-cabeças, desmanchando outros, com especial atenção a essa fantástica lógica que habita o universo infantil e revela dele suas mais instigantes e belas explicações. Eu, um jovem estudante de filosofia, resolvi me aproximar do Mestre, ao final daquela palestra em Ouro Preto e pedir a ele um autógrafo. Ao vê-lo tão de perto, impressionou-me o brilho do seu olhar. Estendi a mão ao cumprimentá-lo. Ele perguntou meu nome e disse: _ Uma alegria, Eduardo! Feliz, respondi: _ Espero revê-lo outras vezes! Não reparei num primeiro instante, o que ele havia escrito para mim, pois mais pessoas se achegavam. Momentos depois, quando fui ler o que estava no papel, não entendi uma palavra sequer. Por uma feliz coincidência, eu o encontrei na saída do grande teatro e com o livro aberto na dedicatória disse a ele: “Rubem, não consigo entender sua letra!” Ele sorriu e falou: “tem horas que nem eu entendo!” Colocou os seus óculos e disse com toda solenidade: Há filósofos leves e pesados, há filósofos leves que fazem voar. Leia o “Direito de Sonhar de Bachelard”. Leia “Asssim Falava Zaratustra” de Nietzsche. Filosofia pode ser divertido! Não me esqueci de seus conselhos! Aqui, minha pequena homenagem a esse ser humano tão especial! Ficam os ensinamentos deste grande Mestre e que muitas e muitas gerações conhecerão através de seus livros, entrevistas e palestras. Um legado de amor à vida, à beleza e à poesia. Siga em paz, no caminho da Luz, Rubem Alves. Leia mais no Blog Maneira Simples.

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