Senadora quer sustar ato que exclui Marina Silva da lista de personalidades negras

O ato administrativo foi uma iniciativa do presidente da Fundação Cultural Palmares, Sérgio Camargo.

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Por Agência Senado Publicado em 14/10/2020, 13:30 - Atualizado em 14/10/2020, 13:30
Foto – Eliziane Gama classificou como “estapafúrdio, lamentável e revoltante” ato do presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo. Crédito – Pedro França/Agência Senado. Siga no Google News

A líder do Cidadania no Senado, Eliziane Gama (MA), anunciou pelo Twitter que apresentará um projeto de decreto legislativo (PDL) contra os atos administrativos do presidente da Fundação Cultural Palmares, Sérgio Camargo, que excluíram nomes da lista de personalidades negras que marcaram a história brasileira. A iniciativa de Eliziane busca reintegrar o nome da ex-ministra do Meio Ambiente e ex-senadora Marina Silva à lista.

"Mulher negra, evangélica, seringueira. Marina Silva, que dedicou sua vida à causa ambiental, tem seu nome retirado da lista de personalidades negras da Fundação Palmares. A medida estapafúrdia é de Sérgio Camargo, o mesmo que disse que não existe racismo no Brasil. Lamentável, revoltante! Vamos apresentar um projeto de decreto legislativo sustando todos os atos do presidente da Fundação Palmares que excluíram pessoas da lista de personalidades negras", explicou.

Foto - Reprodução. Crédito - Twitter Eliziane Gama.

Se o PDL da senadora for aprovado, fará com que o nome de Benedita da Silva também retorne à lista de personalidades negras que marcaram a história do Brasil. Benedita da Silva foi líder de movimentos sociais ligados a moradores de favelas no Rio de Janeiro, durante o regime militar. Na carreira política, foi governadora do Rio de Janeiro, ministra da Assistência Social e senadora. Ela teve seu nome excluído por ato administrativo de Sergio Camargo no mês passado.

Repercussão

Os senadores Randolfe Rodrigues (AP) e Fabiano Contarato (ES), que são do mesmo partido de Marina Silva (Rede), também se manifestaram pelo Twitter. Para Randolfe, "o racismo, a cultura do ódio e o negacionismo, marcas do atual governo, não podem ser institucionalizados". "Mulher negra, seringueira, sobrevivente das lutas, militante do meio ambiente e por justiça social. Não apagarão sua história! Estes ataques mostram a pequenez deles, incapazes e ignorantes que não merecem o posto que ocupam", afirmou o senador pelo Amapá em mensagem a Marina Silva.

Já Contarato, que preside a Comissão de Meio Ambiente (CMA), chamou a ação de Camargo de "revoltante". "Repudio um governo que nega o racismo e agora age para apagar da história oficial a biografia de Marina Silva, ex-ministra do Meio Ambiente negra, seringueira, corajosa, que militou e milita por um país igualitário", disse.

O senador Paulo Paim (PT-RS), único negro no Senado, também se manifestou sobre o episódio. Segundo ele, tentam apagar da história os nomes das heroínas e heróis negros.

"Insistem em desacreditar a história e a luta da nossa gente altiva. Mas quem já fincou raízes na terra em defesa da liberdade, da justiça, da democracia e da igualdade não sucumbe aos ventos das discórdias", afirmou, pelo Twitter.

Marina Silva, também se pronunciou por meio de suas redes sociais. Para Marina, quem julga o valor da contribuição de uma pessoa à sociedade é a própria sociedade e a sabedoria da história.

A ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. Crédito - Reprodução/Instagram Marina Silva.

"Todas as pessoas excluídas não o foram por serem irrelevantes, mas exatamente pela importância das causas que defendem. Temos que encarar isso com a altivez de quem sabe que a história não é feita por aqueles que têm uma visão autoritária e que eventualmente estão no poder, mas por aqueles que persistem na democracia e nos valores da civilização. Agradeço às inúmeras mensagens de solidariedade e apoio".

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