Ato pró-Bolsonaro, marcado para domingo (26/05), divide direita brasileira

A manifestação não terá apoio do PSL, partido de Bolsonaro e é uma resposta às manifestações feitas contra o contingenciamento na área da educação.

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Por João Paulo Silva Publicado em 23/05/2019, 14:31 - Atualizado em 04/07/2019, 23:26
Foto-Paralisação pela educação em Mariana. Crédito-João Paulo Teluca Silva. Siga no Google News

Uma manifestação marcada para o próximo domingo (26/05), em apoio ao governo Bolsonaro, tem gerado discordância entre grupos que costumam mobilizar o povo nas ruas. O movimento nasceu como resposta às manifestações feitas contra o contingenciamento na área da educação.

O ato de apoio ao governo ganhou força após a publicação de um texto por parte do presidente em grupos de WhatsApp que foi interpretado como um pedido de ajuda. Logo esses grupos se mobilizaram e colocaram na pauta atos principalmente contra o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal. O próprio presidente Jair Bolsonaro chegou a dizer que “o problema no Brasil é a classe política”.

“É um país maravilhoso, que tem tudo para dar certo, mas o grande problema é a nossa classe política. Nós temos que mudar isso. ”, afirmou o presidente.

A convocação dessas manifestações provocou ruído entre os parlamentares. Membros do governo passaram a reconhecer que o movimento poderia prejudicar as negociações de pautas importantes como a reforma da Previdência.

A deputada estadual Janaina Paschoal, conhecida por ter sido uma das autoras do pedido de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, foi uma das que criticou a manifestação pró-Bolsonaro. “Não tem sentido quem está com o poder convocar manifestações! Raciocinem! Eu só peço o básico!”, rebateu.

Em reunião nesta quarta-feira (22) realizada pela Comissão de Constituição, Justiça e Redação da Assembleia Legislativa de São Paulo, Janaína Paschoal relatou a outros deputados que está sendo ameaçada e recebeu informações de que 200 pessoas estariam indo ao local para “pegá-la”.

Quem também criticou o ato pró-Bolsonaro foi o primeiro ministro do atual governo a ser demitido. Em entrevista a uma das revistas de maior circulação do país, Gustavo Bebianno avaliou a manifestação como “inconveniente em todos os sentidos” e afirmou que o governo tem ‘pretensões absolutistas’ em relação ao Congresso.

Mudança de pauta

Diante das polêmicas, os grupos resolveram mudar a pauta das manifestações e as transformaram em atos a favor da reforma previdenciária, da CPI da Lava Toga e do pacote anticrime do ministro Sérgio Moro.

Grupos responsáveis pelas grandes manifestações de 2014 e pelo impeachment de Dilma Rousseff e combate à corrupção decidiram ficar de fora do ato do próximo domingo. Por que esses movimentos que surgiram, cresceram e ganharam força com o povo nas ruas decidiram não participar dos atos em prol do presidente Jair Bolsonaro?

MBL

O Movimento Brasil Livre (MBL) foi fundado em 2014 por uma aliança de jovens que defendiam a saída do PT do governo e o apoio às ações do Ministério Público no combate à corrupção. Com mais de 4 milhões de seguidores nas redes sociais, o grupo é responsável pela produção de conteúdo na internet a favor de pautas liberais.

O grupo também apoiou Jair Bolsonaro no segundo turno das eleições em 2018. Do movimento, nasceram lideranças políticas que integram o legislativo brasileiro como é o caso de Arthur Duval, conhecido como “Mamãe Falei”, hoje deputado estadual em São Paulo. Para ele, a manifestação é legítima, mas neste momento, mais atrapalha do que ajuda nas negociações das pautas com o Congresso.

“Houve ruídos de comunicação e até mesmo erro de postura de alguns membros do MBL na hora de criticar essas manifestações. Mas nós não vamos às ruas no próximo domingo, pois acreditamos que isso mais atrapalha as reformas do que ajuda. Não é hora de criarmos mais caos e fissuras entre as diferentes frentes governistas e sim de fazermos o contrário, esperar a poeira baixar com diálogo e inteligência”.

Movimento Vem Pra Rua

Com veia liberal e nascido também nas manifestações de 2014, o “Movimento Vem Pra Rua” movimentou mais de 6 milhões de pessoas em suas convocações. Com mais de três milhões de seguidores nas redes sociais o “Vem Pra Rua” também não participará das manifestações do dia 26. Adelaide Oliveira, coordenadora nacional do movimento considera que hoje as lutas são travadas nos gabinetes e não nas manifestações.

“Na verdade, essa manifestação de domingo se transformou, era uma coisa e depois virou outra. Esse tipo de chamamento não acaba agregando em nada, são atos isolados. “Virou um ato claramente pró-Bolsonaro. O movimento é suprapartidário, não defende políticos ou pessoas, mas ideias e projetos”.

Sem apoio

Na tarde de ontem (22/05), o presidente Jair Bolsonaro anunciou que desistiu de ir à manifestação pró-governo e pediu o mesmo aos ministros. As manifestações também não terão apoio institucional do PSL, partido de Bolsonaro. De acordo com membros do partido, a decisão foi tomada para evitar atritos com outras legendas e a associação com bandeiras polêmicas, como intervenção militar.

 

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