Um novo método de fraude digital, descoberto pela empresa de segurança cibernética Kaspersky, permite que criminosos subtraiam valores via Pix de celulares Android infectados de maneira sorrateira. O golpe explora uma vulnerabilidade que possibilita a alteração da chave Pix e do montante da transferência durante a operação bancária, muitas vezes passando despercebida pela vítima em um primeiro momento.
Trojan bancário age silenciosamente durante a transação
O ataque se concretiza por meio de um trojan bancário, um software malicioso disfarçado que, uma vez instalado no dispositivo Android, intercepta o processo de transferência via Pix. O vírus tem a capacidade de substituir a chave de destino pela de um criminoso e, ainda, modificar o valor a ser transferido, ajustando-o conforme o saldo disponível na conta da vítima. Um leve tremor na tela pode ser o único indício da ação maliciosa.
Vídeo revela potencial de roubo de quase todo o saldo
Em análise conduzida pela Kaspersky, um vídeo demonstra a sofisticação da ameaça, batizada de Brats. Nas imagens, um usuário tenta realizar uma transferência de R$ 1, mas ao inserir a senha e revisar os dados, constata a alteração para uma chave Pix desconhecida e um valor de R$ 636,95 – representando 97% dos R$ 650 presentes na conta. Nesse cenário, a vítima só tomaria ciência do prejuízo ao verificar seu extrato bancário posteriormente.
Evolução do “golpe da mão invisível” mira transferências automáticas
O Brats, detectado mais de 1.500 vezes em nove meses de 2023, representa uma evolução do conhecido “golpe da mão invisível”. A nomenclatura “Brats” combina a abreviação de Brasil (“Br”) com a sigla em inglês para sistema automatizado de transferência (“ats”).
Enquanto o golpe da mão invisível exigia que o cibercriminoso acessasse remotamente o smartphone infectado no momento da transação, o Brats opera de forma autônoma. O criminoso pode estar distante, enquanto o malware executa as fraudes, permitindo um ganho em escala.
A preferência dos cibercriminosos pelo Pix reside na instantaneidade das transferências, o que facilita o rápido escoamento dos valores para diversas contas, dificultando o rastreamento.
Como ocorre a infecção e como se proteger
A Kaspersky alerta que o Brats é geralmente disseminado por meio de aplicativos baixados fora da Google Play Store. A tática envolve a oferta de recompensas em dinheiro ao instalar um arquivo .APK (formato de instalação de aplicativos Android) a partir de sites suspeitos.
Após a instalação, o aplicativo malicioso exibe uma notificação falsa de atualização para softwares como leitores de PDF ou Flash Player, solicitando a ativação de uma permissão de acessibilidade. Ao conceder essa permissão, o usuário inadvertidamente autoriza o acesso remoto do cibercriminoso ao seu dispositivo. Sem essa permissão, o malware não consegue interagir com outros aplicativos e realizar a fraude.
Para evitar a infecção, a recomendação primordial é instalar aplicativos apenas da loja oficial do Android. Adicionalmente, é crucial negar qualquer solicitação de permissão de acessibilidade por aplicativos de origem desconhecida. A instalação de um antivírus no smartphone também é uma medida preventiva importante, considerando o crescente direcionamento do cibercrime para dispositivos móveis, impulsionado pelo aumento das transações financeiras realizadas por meio deles.
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