“Quando eu não puder pisar mais na avenida, quando as minhas pernas não puderem aguentar levar meu corpo junto com meu samba, o meu anel de bamba entrego a quem mereça usar”. Esse trecho da música “Não deixe o samba morrer”, considerada um hino do samba, talvez seja a melhor forma de descrever em palavras o legado do eterno e já saudoso Wanderley Alexandre da Silva, ou simplesmente Vandico, ou melhor, o nosso Vandico, se me permitem utilizar todo personalismo que as matérias jornalísticas muitas vezes não me permitem.
Bom, se você caro leitor chegou até esse segundo parágrafo já pode começar a notar que esse texto não é apenas uma homenagem póstuma, mas sim uma forma de reverenciar toda a obra e história desse pintor, escritor, compositor e acima de tudo ouro-pretano. Ao me deparar com as linhas que tinha escrito até aqui não me saia do pensamento uma forte indagação: Teria Vandico realmente nos deixado? e para a minha surpresa a resposta foi um grande e enfático não, poderia então Vandico ser imortal? Dizem que uma pessoa só parte de vez quando é totalmente esquecida, e com toda certeza pode-se dizer que esse não será o caso.
Iniciar o texto com esse belo samba vai muito além do que um recurso estético, essa canção fala sobre viver a arte até o fim da vida e foi assim a sua trajetória. Você que dedicou a vida ao carnaval, com inúmeras músicas e sambas-enredo, infelizmente partiu no meio da festa que tanto amou, você que um dia escreveu um “Samba pra mim mesmo”, me inspirou a escrever esse texto para você. Assim chegamos a mais um “Fim de carnaval”, que contrariando a sua composição nem tudo se acabou, a saudade realmente ficou e ano que vem brincaremos novamente nas ruas.
Missa pelo sétimo dia de falecimento
Dia 06/03/2022
16h
Igreja de Nossa Senhora do Rosário - Ouro Preto-MG
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