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Revitalização do Jardim: População de Mariana-MG continua resistente ao projeto

Na ocasião foi apresentado aquilo que pode vir a ser o Projeto Arquitetônico e Paisagístico da Praça Gomes Freire.

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Por Rodrigo Fontenelle, estagiário de Jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto, sob supervisão de Tino Ansaloni/Jornal Voz Ativa. Publicado em 01/10/2019, 22:26 - Atualizado em 11/11/2019, 14:01
Foto-Reunião conjunta discute intervenções na Praça Gomes Freire. Crédito-Rodrigo Fontenelle. Siga no Google News

Atendendo ao convite do Executivo Municipal, moradores e comerciantes próximos à Praça Gomes Freire, compareceram, na tarde desta terça-feira (01/10), ao Teatro Municipal (antigo SESI), para uma reunião conjunta entre Prefeitura, Câmara de Vereadores, Fundação Renova, membros do COMPAT e do IPHAN.

Na ocasião, foi apresentado o pré-projeto Arquitetônico e Paisagístico que se pretende realizar no Jardim, além de esclarecimentos sobre a ação.  A audiência pública foi a primeira de uma série de reuniões e debates acerca do tema que, de acordo com o prefeito Duarte Júnior “têm a intenção de esclarecer todos os pontos do projeto envolvendo a revitalização da Praça Gomes Freire junto à população”.

 No entanto, o encontro só reafirmou o posicionamento de parte da população que tem se colocado contra qualquer tipo de intervenção que “descaracterize o estilo bucólico da praça que já passou por inúmeras transformações ao longo dos séculos e já foi, inclusive, cenário para gravação de novela”.

Houve também a crítica por parte dos presentes quanto à comunicação do Executivo, até então, sobre a divulgação do projeto de revitalização do Jardim. Sobre isto, o vereador Bruno Mól comentou: “Houve uma mudança de discurso que proporcionou hoje a participação da população nesse importante momento para a cidade. O que foi importante para o Executivo perceber hoje foi que a população está muito atenta, e que ela não vai permitir nenhuma intervenção sem seu aval”.     

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De acordo com especialistas contratados pela Fundação Renova, financiadora do que pode vir a ser o Projeto Arquitetônico e Paisagístico da Praça Gomes Freire, o objetivo do projeto de revitalização é “valorizar a ambiência já existente nesse espaço peculiar de Mariana, com a preservação dos principais elementos e manutenção de grande parte do traçado atual”.

As propostas ou “premissas do projeto” destacam: Priorizar a contemplação do patrimônio circundante; Respeitar o conceito de jardim; Preservar as ambiências existentes; Intervir minimamente para atender às demandas e revitalizar o espaço; Manter os eixos compositivos melhorando a leitura da Praça, Reforçar a identidade do lugar na cidade; Restaurar o patrimônio ambiental e assumir área de vocação para eventos culturais.

Sobretudo os dois últimos itens elencados na exposição geraram manifestações espontâneas e contrárias na maioria dos presentes que desaprovaram o corte ou remanejamento de árvores, de acordo com os especialistas, “doentes” e a construção de palco permanente para eventos no Jardim.

Já sobre o valor das verbas do projeto de revitalização, o artista Álvaro da Silva, que também é morador no centro de Mariana, questionou a finalidade dos gastos: “Estão querendo colocar banheiro público debaixo da biblioteca. É justamente esse espaço que precisa ser revitalizado, necessita de livros e de mais espaço para as pessoas estudarem. A praça está virando ponto comercial, a finalidade é só o comércio”.

“Amigos do Jardim”

O Jornal Voz Ativa teve acesso ao documento elaborado durante o primeiro encontro de moradores do centro histórico de Mariana, ocorrido no dia 25 de setembro de 2019. Na ocasião, o grupo autointitulado “Amigos do Jardim” apresentou o primeiro ponto a ser questionado: “Qual o levantamento feito pela Prefeitura para propor o projeto de reforma do Jardim?”.

“O grupo, definitivamente, não quer uma reforma, mas, sim, a recuperação do espaço”, Os “Amigos do Jardim” destacaram os seguintes pontos:

1. Aumentar a potência da parte elétrica para que se possa colocar uma iluminação adequada, como a que foi instalada pela Rede Globo, à época das gravações da novela Espelho da Vida.

2. Refazer a tubulação de esgoto;  

3. Refazer os jardins, plantando mudas de flores, grama e cercando os canteiros com uma estrutura delicada e forte, para evitar pisoteamento;

4. Fazer um plano de manejo das árvores, para avaliá-las, monitorá-las e podá-las, quando necessário;

5. Limpeza e plano de manejo dos tanques e peixes, reintroduzindo as carpas coloridas (Koi) como as que existiam;

6. Refazer as lixeiras;

7. Plano de manejo para a limpeza geral incluindo uma lavagem mais frequente das pedras;

8. Manter a segurança com vigilância 24 horas no Jardim.

Além disso, de acordo com o grupo, não é necessário:

1. Trocar as pedras;

2. O Jardim já possui rampas de acessibilidade; portanto, não é preciso refazê-las.

Com a palavra, a Secretaria de Cultura

O secretário de cultura Efraim Rocha defendeu alguns pontos propostos pela Fundação Renova e que foram muito discutidos durante a reunião como sendo “descaracterizadores” do Jardim.

 Na opinião do secretário, a instalação de um palco, que seria “na verdade, um espaço elevado para manifestações”, pouparia o dinheiro de instalações metálicas para palcos temporários e embelezaria a praça. Mas, se a população julgasse a construção desse palco desnecessária, a prefeitura acataria essa decisão solenemente.

Efraim reforçou as medidas principais a serem tomadas: um projeto luminotécnico eficiente para o Jardim e a instalação de banheiros públicos definitivos no local. Sobre a dita falta de comunicação, do Executivo com a população marianense, quanto ao projeto de revitalização, Efraim Rocha esclareceu o silêncio da prefeitura: “Muitos entenderam que o município estava ocultando informações, mas não estava. Estávamos na verdade precisando ter um estudo preliminar para então partirmos para a discussão. Porque se for perguntar o que faz e o que não faz, são mil opiniões diferentes”.

Ao fim da reunião, os encontros previamente agendados para os dias 07 e 15 de outubro foram adiados. A prefeitura informou que logo disponibilizará um novo cronograma de reuniões, inclusive com uma visita guiada ao Jardim para esclarecer vários pontos técnicos discutidos durante esta primeira audiência.

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