Reitora da UFOP vai à rádio esclarecer o bloqueio de verbas que chega a R$20,8 milhões

Também esteve presente o professor Eleonardo Lucas Pereira, que responde pela Pró-reitoria de Planejamento e Desenvolvimento.

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Por João Paulo Silva Publicado em 10/05/2019, 12:56 - Atualizado em 04/07/2019, 23:18
Foto-A reitora da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Cláudia Aparecida Marliére de Lima. Crédito-Reprodução/Rádio UFOP. Siga no Google News

Na semana passada, o Ministério da Educação (MEC) anunciou que todas as Instituições Federais de Ensino Superior sofrerão um bloqueio de 30% do seu orçamento de custeio. A notícia gerou grande apreensão em toda a comunidade universitária, visto que, há quatro anos, as universidades já vêm enfrentando grandes problemas com restrições orçamentárias.

A reitora da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Cláudia Aparecida Marliére de Lima, concedeu entrevista à rádio educativa na manhã desta sexta-feira (10/05), para esclarecer a atual situação financeira da UFOP e as consequências da nova decisão do Ministério da Educação. Também esteve presente o professor Eleonardo Lucas Pereira, que responde pela Pró-reitoria de Planejamento e Desenvolvimento.

“Surpresa constrangedora”

Cláudia Aparecida Marliére revelou que a notícia do corte orçamentário chegou de surpresa à instituição. “Nós não recebemos nenhum comunicado prévio e oficial por parte do governo. Ficamos sabendo por meio da imprensa, uma situação bastante constrangedora”. Já Eleonardo Pereira disse que “o recurso já está bloqueado no sistema, o que impede a instituição de promover novos compromissos”. Embora se fale de em 30% em cadeia nacional, na UFOP, o impacto do bloqueio de verbas chega à casa dos 35% e impactam diretamente nas áreas de investimento e custeio.

Cortes

Como resultado dos bloqueios, a Universidade Federal de Ouro Preto terá de lidar com cortes de: 1 milhão seiscentos e cinquenta em fomento, 14 milhões em funcionamento, 348 mil em capacitação. Os cortes afetarão também o REUNI, Programa do Governo Federal de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais Brasileiras.

O Pró-reitor de Planejamento e Desenvolvimento explicou os cortes no fomento. De acordo com Eleonardo Lucas Pereira, o funcionamento das universidades públicas é detalhado em ações que compreendem atividades de ensino, pesquisa e extensão. “É com esse orçamento que a instituição mantém o pagamento de bolsas de mestrado e doutorado, por exemplo”.

Já a reitora explicou que o “funcionamento” pode ser entendido como a rotina diária da universidade. “Os cortes impactam diretamente nas ações corriqueiras como compra de papel, giz, reagentes para aulas práticas em laboratórios, para citar apenas poucos exemplos. São centenas de materiais que mantém a universidade funcionando em seu dia a dia”. Além disso, como explicou Eleonardo Pereira, no quesito funcionamento “também está contido o pagamento de funcionários terceirizados e o nosso maior receio é a perda de contratos”.

Caso isso aconteça, não só a universidade será prejudicada com a medida do governo, mas também toda a comunidade ouro-pretana e região, visto que todos sentirão os impactos desses cortes.

Cláudia Marliére também esclareceu os cortes ligados à área de capacitação na universidade. “Capacitação se refere aos servidores: docentes e técnicos administrativos e o investimento para a classificação desse grupo, que pode ser interna ou externa. Compra de equipamentos, construções de novos prédios, tudo o que envolve capital pode ser prejudicado em função desse bloqueio”. Com isso, a consolidação de algumas obras, já em andamento, inclusive obras importantes de acessibilidade, também poderão ser comprometidas.

Saiba mais sobre o bloqueio orçamentário na UFOP

A Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) publicou, no início da noite de sexta-feira (03/05), uma nota assinada pela reitora Cláudia Aparecida Marliére de Lima e pelo vice-reitor Hermínio Arias Nalini Júnior, esclarecendo o bloqueio orçamentário da Instituição Federal de Ensino Superior. Leia a nota na íntegra:

“Diante do bloqueio de 30% no orçamento das Instituições Federais de Ensino Superior, a Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) presta os seguintes esclarecimentos:

1 – A UFOP terá uma perda de R$ 20,8 milhões dos seus R$ 65,6 milhões disponíveis para despesas de manutenção e investimento;

2 – O cenário afeta os processos de concessão de bolsas acadêmicas, a realização de trabalhos de campo e as excursões curriculares, comprometendo diretamente suas atividades relativas ao Ensino, à Pesquisa e à Extensão;

3 – A política de assistência estudantil pode, a médio prazo, também ficar comprometida, provocando a diminuição do número de alunos na instituição, situação que vai impactar seriamente na economia, uma vez que a Universidade exerce um papel significativo na geração de emprego e renda nas regiões onde está instalada;

4 – Caso a situação não seja revertida, importantes serviços também serão seriamente comprometidos, tais como contratos de manutenção, energia elétrica, vigilância, limpeza e aquisição de materiais, entre outros;

5 – A administração central manterá intenso diálogo junto ao MEC, a associação dos reitores (Andifes), entre outros órgãos, visando a manutenção das atividades da UFOP, de forma a garantir seus compromissos em favor da sociedade brasileira;

Diante do exposto, a equipe gestora se coloca à disposição para dialogar com as comunidades internas e os diversos setores da sociedade civil organizada, para esclarecer sobre os eventuais prejuízos e buscar alternativas neste delicado momento. ”

Festival de Inverno

Com o corte de verbas na universidade, o tradicional Festival de Inverno também poderá ser comprometido. De acordo com a reitora, várias reuniões estão sendo realizadas com a sociedade civil no sentido de tentar viabilizar e conseguir recursos para o festival esse ano. “A Universidade Federal de Ouro Preto não tem condições, em termos orçamentários, de realizar o Festival de Inverno”. Ainda de acordo com Marliére, a captação de recursos para o evento está sendo planejada junto a algumas empresas privadas e entidades da região.

“Nós acreditamos que será possível a realização, mas não sabemos falar ainda sobre estrutura, atrações e outras especificidades ligadas ao festival que, certamente, será promovido com poucos recursos”.

Greve Geral

A Associação dos Docentes da UFOP aprovou a participação na Greve Geral da Educação na próxima quarta-feira, 15 de maio e também na Greve Geral da Classe Trabalhadora prevista para o dia 14 de junho. No dia 15 de maio todas as atividades acadêmicas estarão suspensas na universidade.

Em Ouro Preto, o ato ocorrerá às 13h, com concentração em frente ao restaurante universitário. Já em Mariana, os protestos terão início a partir das 15h no Instituto de Ciências Sociais Aplicadas (ICSA). A Greve Geral da Educação luta contra cortes nas instituições de ensino superior e contra a reforma da Previdência.

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