Poeta norte-americana considerada uma das mais importantes do século XX morou em Ouro Preto
Elizabeth Bishop ganhou o Prêmio Pulitzer de Poesia em 1956 pela sua coleção de poemas “Poemas: Norte e Sul/Uma Primavera Fria”. Sua vida foi retratada em filme.
A renomada poetisa norte-americana Elizabeth Bishop encontrou no Brasil um refúgio criativo e emocional. Entre os anos 1951 e 1971, viveu no país, passando por cidades como Rio de Janeiro, Petrópolis e Ouro Preto. Foi nesse período que sua obra ganhou novas nuances, influenciada pela cultura e pela paisagem brasileira.
Elizabeth Bishop recebeu o Prêmio Pulitzer de Poesia em 1956 por sua coletânea Poems: North & South – A Cold Spring. Além desse reconhecimento, ela também foi premiada com o National Book Award em 1970 e o Prêmio Literário Internacional Neustadt em 1976. Sua poesia é admirada por sua precisão, observação detalhada e sensibilidade.
Bishop, considerada uma das maiores poetisas do século XX, chegou ao Brasil por acaso, mas acabou se apaixonando pelo país e por Lota de Macedo Soares, arquiteta e urbanista responsável pelo projeto do Aterro do Flamengo. O romance entre as duas foi intenso e inspirador, sendo retratado no filme Flores Raras (2013), estrelado por Glória Pires e Miranda Otto.

Em Ouro Preto, Bishop restaurou uma casa histórica e a batizou de Casa Mariana, em homenagem à poetisa Marianne Moore. O imóvel, datado do período colonial, tornou-se um espaço de contemplação e criação, onde Bishop escreveu alguns de seus poemas mais marcantes. Sua poesia, conhecida pela precisão e sensibilidade, reflete a observação detalhada do mundo ao seu redor, e sua vivência no Brasil trouxe novos elementos à sua escrita.
Apesar dos momentos felizes, a relação com Lota teve desdobramentos trágicos. A arquiteta enfrentou problemas de saúde mental e faleceu em 1967, deixando Bishop profundamente abalada. A poetisa retornou aos Estados Unidos anos depois, mas sua ligação com o Brasil permaneceu viva em sua obra e em sua memória.
O legado de Elizabeth Bishop segue influenciando gerações de escritores e leitores, e sua passagem por Ouro Preto é um capítulo especial de sua trajetória. Sua poesia, marcada pela observação minuciosa e pela emoção contida, continua a ecoar, revelando a beleza e a complexidade da vida.
A arte de perder é um de seus poemas mais famosos e pode ser conferido abaixo:
A arte de perder não é nenhum mistério;
Tantas coisas contêm em si o acidente
De perdê-las, que perder não é nada sério. Perca um pouquinho a cada dia.
Aceite, austero, A chave perdida, a hora gasta bestamente.
A arte de perder não é nenhum mistério.
Depois perca mais rápido, com mais critério:
Lugares, nomes, a escala subseqüente Da viagem não feita.
Nada disso é sério.
Perdi o relógio de mamãe.
Ah! E nem quero Lembrar a perda de três casas excelentes.
A arte de perder não é nenhum mistério.
Perdi duas cidades lindas.
E um império Que era meu, dois rios, e mais um continente.
Tenho saudade deles.
Mas não é nada sério.
– Mesmo perder você (a voz, o riso etéreo que eu amo) não muda nada.
Pois é evidente que a arte de perder não chega a ser mistério por muito que pareça (Escreve!) muito sério (Elizabeth Bishop)
Flores Raras
Flores Raras é um filme brasileiro de 2013, dirigido por Bruno Barreto, que retrata a história de amor entre a poetisa americana Elizabeth Bishop e a arquiteta brasileira Lota de Macedo Soares. O longa é baseado no livro Flores Raras e Banalíssimas, de Carmen L. Oliveira, e mistura romance e drama biográfico.
Enredo
A trama se passa entre os anos 1950 e 1960, período em que Bishop visita o Brasil e se hospeda na casa de sua amiga Mary Morse, que vive com Lota. Inicialmente, Elizabeth e Lota têm personalidades opostas, mas acabam se apaixonando. O filme acompanha o desenvolvimento desse relacionamento intenso, marcado por desafios pessoais e históricos, como o golpe militar de 1964.
Elenco
Glória Pires como Lota de Macedo Soares
Miranda Otto como Elizabeth Bishop
Tracy Middendorf como Mary Morse
Treat Williams como Robert Lowell
Marcello Airoldi como Carlos Lacerda
Produção e Recepção
O filme teve um orçamento de aproximadamente R$ 13 milhões e foi distribuído pela Imagem Filmes. Apesar de ter recebido críticas mistas, foi elogiado pela atuação de Glória Pires e Miranda Otto, além da abordagem sensível sobre o romance entre as protagonistas. A imprensa internacional também destacou a produção, com críticas positivas em veículos como The Guardian.
A casa de Elizabeth Bishop em Ouro Preto está localizada no bairro Lajes, uma casa colonial mineira construída no final do século 17 ou início do 18. Ela foi comprada por Bishop em 1965 e ali viveu de 1969 a 1979, ano em que faleceu. A casa tem um terreno de 7 mil metros quadrados e 500 metros quadrados de área construída. Linda Nemer, economista e socióloga aposentada, a comprou da herdeira da poeta, Alice Methfessel, em 1982.
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