Pesquisa mapeia locais no mundo com riscos de novas emergências de coronavírus

Estudo é de pesquisador da Universidade Federal de Ouro Preto e parceiros

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Por João Paulo Silva Publicado em 27/07/2022, 12:37 - Atualizado em 27/07/2022, 12:37
Pesquisa aponta que egiões com maior chance de encontrar novos vírus e ter novas epidemias são locais originalmente ricos em biodiversidade. Crédito – Reprodução / Pexels Siga no Google News

O estudo é um fragmento da tese de doutorado do professor titular do Instituto de Ciências Exatas e Biológicas (Iceb) e do Núcleo de Pesquisas em Biologia (Nupeb), Sérvio Pontes Ribeiro, do Laboratório de Ecologia do Adoecimento e Florestas (Leaf). De acordo com a pesquisa, o surgimento de vírus da família coronavírus está relacionado a ambientes urbanos, desenvolvidos e poluídos e é uma consequência de padrões insustentáveis de desenvolvimento de uma sociedade intensamente consumista.

A tese está sendo desenvolvida no doutorado em Parasitologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e é composta por outras pesquisas produzidas com auxílio de colegas da UFOP e da UFMG. O artigo, intitulado "Long-term unsustainable patterns of development rather than recent deforestation caused the emergence of Orthocoronavirinae species" estuda, em escala global, a influência dos seguintes pontos para o surgimento de novos SARS-CoV:

1 - tamanho da população humana;
2 - densidade da populacional humana;
3 - Índice de Desenvolvimento Humano (IDH);
4 - emissões de CO2;
5 - precipitação total;
6 - precipitação do mês mais seco;
7 - área de remanescentes florestais;
8 - desmatamento na ocorrência e transmissão de vírus.

Por meio de uma árvore filogenética (representação gráfica, em forma de árvore, da evolução das espécies), Sérvio traçou um perfil ambiental do local onde os vírus apareciam. De acordo com o professor, foram encontrados, significativamente, mais ocorrências em locais com maior IDH, "porque esse índice é uma média, então, se você tem muitos ricos mas também tem muita desigualdade, as pessoas pobres sofrem com o custo ambiental da manutenção de uma pequena população de pessoas muito ricas".

Outro ponto a ser ressaltado é que as regiões com maior chance de encontrar novos vírus e ter novas epidemias são locais originalmente ricos em biodiversidade, mas que no presente são cidades com grande concentração de pessoas, alta emissão de CO2 e poluição. Esse cenário é composto, ainda, por um elemento pouco estudado em razão de seu caráter criminoso: o tráfico de animais. "É muito mais fácil encontrar coronavírus de diferentes espécies a partir do tráfico de animais para cidades grandes e desenvolvidas, onde esse comércio é gigantesco e escondido, e não da natureza, do local de onde o animal é retirado", pontua Sérvio.

O estudo, além de ser "um alerta sobre os riscos ambientais à saúde humana", segundo o pesquisador, é um convite para a sociedade repensar sobre o consumo e, principalmente, pensar em investir, com urgência, no desenvolvimento sustentável da sua ocupação no planeta. Ele conclui que a covid-19 matou milhares de pessoas no mundo e isso também é culpa nossa.

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