Pesquisa revela desconhecimento do calendário de vacina pelo grupo de risco

O levantamento realizado pela Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria) para a campanha "CRIE + Proteção" ouviu 2.000 pessoas a pedido da Pfizer e mostrou que 60% dos respondentes não conhecem o calendário diferenciado.

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Por JornalVozAtiva.com Publicado em 22/06/2021, 16:26 - Atualizado em 22/06/2021, 16:26
Imagem ilustrativa. Crédito – Freepik License. Siga no Google News

Pessoas que vivem com HIV, pacientes em tratamento oncológico, cardiopatas, diabéticos, pneumopatas, entre outros grupos que apresentam doenças crônicas ou fragilidade imunológica podem se vacinar gratuitamente nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais, os CRIE. O serviço faz parte do Sistema Único de Saúde (SUS) e garante, por meio do Programa Nacional de Imunizações (PNI), acesso a um calendário completo, ampliado e gratuito de vacinação1.

Porém, 68% daqueles que têm alguma doença crônica ou o sistema imunológico debilitado e, portanto, têm direito ao atendimento, afirmam nunca ter recebido do médico ou profissional de saúde a orientação para se vacinar. Os dados foram revelados por pesquisa inédita realizada com 2.000 pessoas na cidade de São Paulo e nas regiões metropolitanas de Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte, Salvador e Curitiba.

Mesmo à disposição da população há quase três décadas, é grande o desconhecimento sobre os CRIE e o calendário ampliado de imunização para quem vive com doenças crônicas ou tem comprometimento do sistema imunológico. É o que aponta o levantamento chamado “Pacientes de risco: o conhecimento da população sobre os CRIE e o calendário de vacinação”, feito pela Inteligência em Pesquisa e Consultoria (Ipec) para a campanha CRIE Mais Proteção, a pedido da Pfizer.

A pesquisa tem nível de confiança de 95% e margem de erro de 2 pontos porcentuais para mais ou menos sobre os resultados encontrados no total da amostra. De acordo com os dados, 3 em cada 5 brasileiros entrevistados não sabem que indivíduos do grupo de risco têm direito ao calendário ampliado de vacinas no sistema público de saúde.

Além disso, 76% dos respondentes garantem nunca ter ouvido falar dos CRIE. No recorte social, o índice de maior desconhecimento está entre aqueles que mais se beneficiariam do serviço: a classe C (82%). A falta de informação é verificada também entre os profissionais da área de saúde.

Do total da amostra que declarou conhecer os CRIE, somente 5% foram informados pelos médicos e igual parcela obteve a informação em hospitais, consultórios, postos ou outras unidades de saúde. A pesquisa também revelou que 68% das pessoas que vivem com doenças crônicas não receberam a recomendação de vacinação por profissionais da saúde.

“Esse último dado chama atenção, pois a equipe de saúde é envolvida no atendimento e no tratamento de quem faz parte do grupo de risco e pode impactar positivamente os índices de vacinação. Afinal, 85% dos entrevistados admitiram que escutam as recomendações médicas e 74% afirmaram que, com certeza, tomariam as vacinas recomendadas para a sua faixa etária ou condição de saúde”, explica Márjori Dulcine, diretora médica da Pfizer Brasil. 

Quando perguntadas se vacinas salvam vidas, 91% das pessoas responderam que sim. E, entre os entrevistados com doenças crônicas que receberam a recomendação para vacinação, um percentual alto afirmou que tomou as vacinas sem receio (67%).

“Embora esses resultados mereçam ser comemorados, não podemos deixar de observar que os números podem ter forte influência da campanha de vacinação contra a COVID-19. Em outra perspectiva, 21% dos respondentes ainda sentem receio em se vacinar, mesmo tendo recebido recomendações.

Vale ressaltar que o percentual é maior entre os mais jovens – 30% na faixa etária de 18 a 24 anos e 34% daqueles entre 25 e 34 anos –, um motivo de preocupação do ponto de vista de saúde pública e que demonstra a necessidade de informar melhor esse público”, reforça Márjori.

A pesquisa também apontou que diversas condições de saúde que predispõem ao maior risco de contrair infecções evitáveis pela vacinação são desconhecidas. Inclusive as mais incidentes, como é o caso das cardiopatias e do diabetes (34% cada uma). Entre outros grupos que chamam a atenção por não serem reconhecidos como de risco estão pessoas com câncer (31%), as que vivem com HIV (40%) e as que passaram por transplante (50%).

Enquanto existe uma forte percepção da importância da vacinação para quem faz parte do grupo de risco − 68% dos entrevistados afirmam que quem tem doença crônica deve tomar vacinas − falta conhecimento sobre os imunizantes. Um exemplo é que 65% desconhecem ou não compreendem que existe vacina para prevenir a pneumonia pneumocócica.

Pessoas com condições clínicas que comprometem o sistema imunológico apresentam um risco aumentado para doenças pneumocócicas invasivas. Em alguns casos, a propensão a ter pneumonia é 100 vezes maior na comparação com pessoas saudáveis2.

Também é relevante observar que, quanto mais alta a classe social, maior é o número de pessoas que receberam o diagnóstico de doenças crônicas, evidenciando um subdiagnóstico nas classes mais baixas: 52% dos entrevistados pertencentes à classe A em comparação com 31% da classe C.

“Os CRIE são um serviço gratuito, de qualidade, que atendem a um direito de vacinação da população que apresenta mais risco de ser acometida por doenças infectocontagiosas. Eles foram criados há quase 30 anos, mas ainda são pouco conhecidos. Precisamos agir para aumentar a visibilidade tanto para médicos como para a população geral, pois esse é um programa criado para salvar vidas e está sendo subaproveitado por quem mais precisa”, finaliza Márjori. 

Referências

1.    Ministério da Saúde. Manual Dos Centros De Referência Para Imunobiológicos Especiais. Disponível em: https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2019/dezembro/11/manual-centros-referencia-imunobiologicos-especiais-5ed.pdf. Acessado em 27/05/2021

2.    PELTON SI et al. Rates of pneumonia among children and adults with chronic medical conditions in Germany. BMC Infect Dis. 2015;15(1):470. Disponível em: https://bmcinfectdis.biomedcentral.com/articles/10.1186/s12879-015-1162-y. Acessado em 09/06/2021.

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