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Transmitido na terça-feira - 17/09/2024 - 20h

Ouro Preto lança durante a 2ª SDE projeto para conquistar segunda chancela da UNESCO

Para se tornar uma “Cidade Criativa da UNESCO”, Ouro Preto investe em sua economia criativa, no desenvolvimento sustentável, nos objetivos de desenvolvimento da ONU e mobiliza todos os setores que formam a governança da cidade.

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Por JornalVozAtiva.com Publicado em 24/09/2024, 16:22 - Atualizado em 24/09/2024, 16:22
Foto — Reprodução. Crédito — Ane Souz. Siga no Google News

Produto do Plano de Desenvolvimento da Economia Criativa (PDEC), o projeto “Ouro Preto, Cidade Criativa” almeja submeter Ouro Preto como uma cidade criativa pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) no campo das artes e do artesanato. O lançamento do pleito ocorreu durante o “Fórum de Economia Criativa como alternativa de diversificação econômica”, realizado na última quarta-feira (20.09), como parte da programação da 2ª Semana de Desenvolvimento Econômico de Ouro Preto.

São parceiros nesta nova empreitada a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Inovação e Tecnologia de Ouro Preto e o Departamento de Turismo da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), em colaboração com profissionais da Universidade Federal de Viçosa (UFV). Esta é, portanto, a segunda chancela da UNESCO a que Ouro Preto se candidata, já que, em 1980, recebeu o título de Patrimônio Mundial.    

De acordo com as Nações Unidas, as atividades da economia criativa estão baseadas no conhecimento e produzem bens tangíveis e intangíveis, intelectuais e artísticos, com conteúdo criativo e valor econômico. A relevância do tema para o município e região fez a 2ª SDE de Ouro Preto, realizada e gerida pela ADESIAP MINAS com patrocínio das empresas Vale e Samarco, abrir espaço para este Fórum.

Apoiaram a 2ª SDE de Ouro Preto a Gerdau, Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) e o Centro de Artes e Convenções da UFOP, Associação Comercial Empresarial de Ouro Preto (ACEOP), DONATO – Gestão Social e Desenvolvimento Sustentável, SEBRAE, Fundação Dom Cabral (FDC), INSTITUTO FEDERAL DE MINAS GERAIS (IFMG), Incultec, Real FM 90.1, LIBERTAS NET, KS Ingressos, Mulheres de Vena, EMPREENDELAS MULHERES EMPREENDEDORAS, PLAN Soluções, INVEST MINAS, BDMG, CODEMGE, GOVERNO DE MINAS GERAIS.

Durante o “Fórum de Economia Criativa como alternativa de diversificação econômica”, os organizadores exibiram um vídeo produzido pela UFOP, mostrando todo o potencial do município, como, por exemplo, a taquara de Lavras Novas, a pedra-sabão de Santa Rita, a prata do Leite.

Segundo o secretário de Desenvolvimento Econômico, Inovação e Tecnologia de Ouro Preto, Felipe Guerra, o turismo é a atividade que mais emprega no município e fomenta a cultura local. “Então buscar esta chancela de ‘Cidade Criativa da Unesco’ será muito importante para a valorização de todos os nossos artistas e artesãos, também porque coloca a cidade neste cenário, gerando mais turistas, mais dinheiro, o que provoca um giro maior da economia criativa, que ganha agora este plano próprio”, enfatiza.

O projeto “Ouro Preto, Cidade Criativa” já fez o levantamento de dados sobre os produtores locais da economia criativa e, com base nesses dados, realizou oficinas de sensibilização e coleta de mais informações por meio de uma metodologia dinâmica.

Economia afrocriativa

O projeto Economia Afrocriativa e Afroempreendedorismo em Ouro Preto, desenvolvido pela Diretoria de Economia Criativa e Solidária do município, realiza pesquisa para descobrir o perfil do afroempreendedor local, principalmente daqueles que estão inseridos no setor da economia criativa.

Foto - Reprodução. Crédito - Ane Souz.

“Por causa deste trabalho, já foi identificada a necessidade de criação de uma rede de afroempreendedores. Em novembro de 2023, foi lançada a Rede Integrada dos Micro e Pequenos Afroempreendedores (RIMPA), de Ouro Preto. A maioria dos participantes é formada por mulheres e artesãs, como é o caso da Associação das Mulheres Artesãs em Ação, o Coletivo Vila Pop e empreendedoras individuais. A comunicação entre organizadores e os participantes é feita por grupo de Whatsapp”, explica o diretor Economia Criativa e Solidária do município, Luiz Viana.

Tamanho foi o sucesso da 1ª SDE de Ouro Preto, realizada em 2023, que membros da rede solicitaram espaço na segunda edição, que acaba de ser realizada. Eles ocuparam três estandes para exporem seus produtos, entre os quais estiveram joias em prata, artesanatos em bordado e mel.

A “Cidade Criativa da UNESCO” propõe a uma localidade que ela alcance o desenvolvimento econômico e cultural a partir de seu potencial criativo, que, em outras palavras, é o capital intelectual das pessoas. “Ouro Preto já é uma cidade criativa ainda sem esta chancela. O arcabouço criativo que este local evoca por sua cultura, música, arquitetura e gastronomia, entre outras manifestações, é muito pujante. Estes campos são interdependentes e se complementam. Percebemos como mais forte atualmente em Ouro Preto a arte popular e o artesanato, pela pedra-sabão, bordados e pelas mãos de quem faz esta arte”, analisa Elias Mediotte, pós-doutor em Governança Pública, Desenvolvimento Sustentável e Destinos Turísticos Criativos, pela Universidade Federal de Viçosa (UFV).

Ele chama a atenção para a necessidade “de que a população saiba que vive em uma cidade criativa. Este selo precisa chegar a todas elas, principalmente a quem vive da economia criativa, porque precisam se sentir identificadas e produtoras desta criatividade”.

A UNESCO participa do processo que leva ou não uma cidade a conquistar o selo “Cidade Criativa”. A Cátedra Economia Criativa e Políticas Públicas das Nações Unidas é a única estabelecida no Sul Global, mais propriamente na América Latina, e possui enfoque em políticas públicas. “Por meio dessa relação economia criativa e políticas públicas, buscamos apoiar candidaturas como esta de Ouro Preto com a oferta de ferramentas técnicas”, explica seu coordenador, Magnus Emmendoefer.

Segundo ele, não há e não deve haver uma relação confrontante entre o tradicional e o novo. “Ouro Preto tem um conjunto cultural, artístico, material, patrimonial, tangível e intangível que permitiu ela ir além. O mais difícil é convencer as pessoas de que o novo não representa um perigo. Elas já tem o novo, só é preciso trabalharmos de uma forma mais sinérgica. A economia criativa é uma congregação de outras expressões econômicas, de trocas e nela não precisamos ter dicotomias entre o saber tradicional e o saber tecnológico, pois eles são complementares. Então surgem novas oportunidades de criação de novos recursos, que atraem público”. 

A quem teme a automação e a inteligência artificial, Magnus Emmendoefer assegura: “A máquina vai sempre depender da dimensão humana para enviar o comando. Em contrapartida, o ser humano aprende com a máquina”.

Resiliente

No Brasil, 14 cidades possuem o selo de “Cidade Criativa”, por chancelas diferentes. Entre estas, somente João Pessoa-PB possui a designação de artes populares e artesanato, que é pleiteada por Ouro Preto. Já na gastronomia, por exemplo, são reconhecidas Belém, Belo Horizonte, Florianópolis e Paraty.

Ouro Preto apresenta desta vez mais conhecimento sobre todo o processo, na opinião de Elias Mediotte. “Esta cidade é resiliente e se fortificou após a primeira tentativa de conquistar a chancela, buscando alternativas para melhorar. Conversamos com outras cidades que já a obtiveram, para entender o que deu certo para elas. Aprendemos que uma cidade criativa não se faz sozinha. Independente do tipo de selo, é preciso comunicar-se com outras cidades criativas. É isso que a UNESCO preserva. Estamos agora estruturando um dossiê com muito planejamento para que consigamos ser contemplados desta vez”.

Ouro Preto está mostrando às pessoas envolvidas com este nicho da economia o que é uma cidade criativa, buscando envolvê-las no processo e fazendo com que trabalhem juntas. “Afinal, nenhuma cidade está pronta quando se candidata a esta chancela. Temos encontrado muitas portas abertas pelos distritos. O interesse das pessoas é um bom caminho para traduzirmos a chancela como uma grande oportunidade de alavancarmos a diversificação e gerarmos desenvolvimento sustentável”, finaliza Mediotti.

Foto - Reprodução. Crédito - Ane Souz.

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