Coisas do Cotidiano: Leia “Onde Será a Próxima Pescaria?”, por Antoniomar Lima
Em “Coisas do Cotidiano”, o escritor, poeta e graduado em Letras pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Antoniomar Lima, visa percorrer “esse espaço fronteiriço, entre a grandeza da história e a leveza atribuída à vida cotidiana.”
Dizem que o Brasil é o país dos fenômenos e das anomalias que beira a bizarrice. Tais ocorrências encontramos, ou são percebidas em praticamente todas as áreas que compõem a sociedade.
Vivemos dando a volta por cima e fazendo acrobacias para sobreviver em meio ao caos.
Entre os “fenômenos” e as “anomalias” segue a sina de vermos – estou me referindo a coisas mais genéricas - algo posto em prática que carece de haver algum escândalo, algo que chame a atenção, ou em última hipótese, uma tragédia, para que os que estão no andar de cima se toquem, se sensibilizem, finalmente, mesmo usando, às vezes, paliativos, para minorar a repercussão que envolve a coisa.
E pior da coisa que a coisa, na maioria dos casos, trata-se de uma ação simples, que o cidadão já pagou antecipado e que pena fragorosamente para ver solucionado pelos mandatários provisórios.
Digo mandatários provisórios porque ninguém – humanamente falando - fica em lugar nenhum de modo vitalício.
Por exemplo, os buracos no asfalto da rotatória do Posto Raul – local em Mariana de fluxo ininterrupto e intenso de veículos – que taparam depois de modo emergencial, movidos pela ideia de Bruno Ferreira, um morador que certamente estava indignado pela enrolação e demora em resolver o caso.
A arma de Bruno foi simples: uma vara de bambu com um peixe na ponta da linha de nylon, que era constante mergulhado num dos buracos - o maior, é claro – tudo acompanhado pela câmera e a curiosidade dos transeuntes, para ver se alguma providência fosse tomada. E foi.
Puseram lá uns blocos que estou na torcida que dure bastante tempo, pois cá entre nós, os serviços prestados pelas prefeituras não têm sido de boa qualidade, mas resolvendo o problema, mesmo provisoriamente, já está de bom tamanho.
Não sei qual o nome do peixe que simbolizava a pescaria do referido morador e contribuinte, mas seja qual for, sabemos que, não digo que morreu (o peixe em si estava morto, coitado!). Valeu a pena sua imolação -, mas o suposto peixe foi pego pela boca.
Esse é apenas um capítulo de um livro que não pode e nem deve parar de ser escrito.
Depois do dito surge uma pergunta que não quer calar: Onde será a próxima pescaria? E quais peixes virão?
Laudate Dominum
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