MPMG lança Projeto ‘Restauradoras’ em Brumadinho para fortalecer comunidades atingidas
O projeto Restauradoras se propõe a compartilhar com as lideranças femininas das comunidades atingidas pelo rompimento de barragens o conhecimento sobre a Justiça Restaurativa e a capacitação para que elas atuem como facilitadoras de Círculos de Construção de Paz.
Em um esforço para levar apoio e ferramentas de resiliência às comunidades impactadas pelo rompimento das barragens da Mina Córrego do Feijão, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) apresentou o projeto 'Restauradoras'. A iniciativa pioneira foi lançada no Santuário Arquidiocesano Nossa Senhora do Rosário, em Brumadinho, e visa introduzir a Justiça Restaurativa e os Círculos de Construção de Paz nas áreas afetadas pela tragédia de 25 de janeiro de 2019.
O projeto 'Restauradoras' é uma ação conjunta do Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça de Apoio Comunitário, Inclusão e Mobilização Sociais (CAO-Cimos) e do Centro Estadual de Apoio às Vítimas (Casa Lilian), com a colaboração do Centro de Autocomposição (Compor-MPMG) e o suporte do CAO Direitos Humanos (CAO-DH), CAO Promoção dos Direitos das Pessoas Idosas e das Pessoas com Deficiência (CAO-IPCD), do CAO-Saúde, da 1ª Promotoria de Justiça de Brumadinho e do Banco Sicoob.
A proposta central do 'Restauradoras' é capacitar lideranças femininas das comunidades atingidas, compartilhando conhecimento sobre a Justiça Restaurativa e oferecendo treinamento para que atuem como facilitadoras de Círculos de Construção de Paz. Essa prática restaurativa possui diversas aplicações, desde a criação de laços comunitários e celebrações até o apoio em momentos difíceis, a superação de traumas, a tomada de decisões e a resolução de conflitos.
A articulação do projeto envolveu 11 promotoras de Justiça e diversos membros das equipes dos órgãos parceiros. Esse esforço permitiu a facilitação simultânea de quatro Círculos de Diálogo por oito promotoras já formadas na metodologia, que atuaram de forma voluntária para compartilhar seu conhecimento com as líderes comunitárias.
A promotora de justiça Shirley Machado de Oliveira, coordenadora do CAO-Cimos, destacou a vulnerabilidade e a força das mulheres impactadas: “Temos a compreensão de que essas mulheres foram e continuam sendo duramente impactadas pelo desastre, e buscam se reestruturar, encontrar forças para seguir, ajudar suas comunidades e serem resilientes”.
Danielle de Guimarães Germano Arlé, coordenadora Técnico-Jurídica do Compor, explicou o objetivo da ação: “Estamos aqui hoje para proporcionar a essas lideranças uma vivência nos Círculos de Construção de Paz, para que possam avaliar se a iniciativa faz sentido e se é útil às suas comunidades”.
A promotora de Justiça Ana Tereza Ribeiro Salles Giacomini, coordenadora do Centro Estadual de Apoio às Vítimas (Casa Lilian), enfatizou o potencial da capacitação: “A capacitação pode vir a ajudar essas mulheres a se firmarem e se fortalecerem enquanto lideranças”. Segundo ela, a iniciativa busca contribuir para a autonomia, a resiliência e a transformação social por meio da escuta e do diálogo, representando “um compromisso com a dignidade e o protagonismo feminino em uma situação de desastre”.
Vanessa Cristiane de Jesus, presidente da Associação Comunitária Parque do Lago, Parque da Cachoeira e Alberto Flores, ilustrou o protagonismo feminino no contexto do desastre de Brumadinho: “Tivemos de sair do conforto de casa em busca por Justiça e por reparação”. Ela ressaltou o papel “fundamental” das mulheres na reconstrução das comunidades afetadas.
Durante o encontro, 22 mulheres das comunidades aderiram à proposta do Projeto Restauradoras e se inscreveram para participar de um curso de formação conduzido pelo Compor-MPMG. O impacto da iniciativa foi resumido por uma das líderes comunitárias: "Essa foi uma tarde maravilhosa para mim. Há mais de seis anos, eu não sentia que era eu mesma. Hoje, com essa vivência no Círculo, pude me reencontrar. Essa tarde valeu por anos".
Promotoras Engajadas:
A iniciativa conta com a participação das promotoras de Justiça Ana Bárbara Canedo Oliveira, Ana Gabriela Brito Melo Rocha, Ana Tereza Ribeiro Salles Giacomini, Carolina Cerigatto Zanella Fortes, Danielle de Guimarães Germano Arlé, Érika de Fátima Matozinhos Ribeiro, Giovanna Carone Nucci Ferreira, Ludmila Costa Reis, Nádia Estela Ferreira Mateus, Shirley Machado de Oliveira e Vanessa Aparecida Gomes Barcellos.
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