O dia 11 de fevereiro é uma data emblemática para celebrar e refletir sobre a importância das mulheres na ciência. Instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2015, o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência propõe o reconhecimento das contribuições femininas para o avanço científico e promove a igualdade de gênero nesse campo.
Segundo dados da UNESCO, menos de 30% dos pesquisadores em todo o mundo são mulheres, e em áreas como engenharia e tecnologia, esse número é ainda menor. Barreiras como estereótipos de gênero, falta de incentivo e dificuldades em conciliar carreira e vida pessoal continuam a afastar muitas meninas e mulheres da trajetória científica.
Uma boa história para ilustrar uma jornada feminina no mundo da ciência é protagonizada pela médica e pesquisadora mineira Mariana Maciel, considerada uma referência em inovação no mercado de cannabis medicinal. Em 2018 ela fundou a Thronus Medical após imigrar para o Canadá e conhecer de perto os benefícios medicinais da planta.
Suas pesquisas científicas já renderam a ela a integração à Society of Cannabis Clinicians, uma organização sem fins lucrativos norte-americana dedicada a educar profissionais de saúde sobre o uso médico da cannabis. A médica também foi listada pela Kaya Mind – entidade que é autoridade quando o assunto é dado e informações sobre o mercado de cannabis no mundo - como executiva referência no setor em 2023.
“Eu sempre me identifiquei muito com a área de pesquisa e tive essa grande oportunidade de estudar e desenvolver produtos à base de cannabis. Antes dos 30 já liderava uma equipe de laboratório engajada em buscar novos caminhos para os medicamentos. Foi quando desenvolvi as nanopartículas de cannabis com base na nanomedicina, e que hoje são a marca registrada dos produtos da Thronus”, conta Dra. Mariana.
Atualmente ela é uma das maiores estudiosas em inovações para o uso terapêutico da cannabis e foca esforços em pesquisas para o aprimoramento da nanotecnologia relacionada ao uso farmacêutico da planta.
A médica brasileira trouxe para o mercado produtos com a tecnologia PowerNano e hoje oferta aos pacientes uma forma eficaz e inovadora de absorção dos fitocanabinoides da planta. O desenvolvimento da ciência nanomolecular torna possível o aumento a absorção e eficácia dos fármacos em até dez vezes em relação aos óleos e fórmulas convencionais da cannabis, pelos quais apenas cerca de 6% a 8% dos princípios ativos das substâncias extraídas da planta atingem a circulação sistêmica dos humanos.
Ainda é preciso avançar
A trajetória da médica brasileira é inspiradora em um país que ainda tem muito para avançar com relação a presença das mulheres na ciência. Dados da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), de 2021, mostram que as mulheres são maioria nos programas de pós-graduação no Brasil, representando 60% dos matriculados em mestrado e doutorado. Porém, ainda existe uma imensa desigualdade na distribuição por áreas. Em cursos de engenharia, por exemplo, as mulheres representam apenas 27% dos estudantes, enquanto em áreas como educação e saúde elas são maioria.
“Mulheres cientistas frequentemente recebem menos financiamento para pesquisas, têm menos acesso a redes de colaboração e são menos propensas a serem promovidas a posições de liderança em comparação com seus colegas homens. Essa desigualdade limita nosso impacto e visibilidade no campo científico. Não podemos desistir, pois temos um lugar importante para ocupar ainda”, finaliza Dra. Mariana.
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