No início da tarde desta quarta-feira (18/05), membros do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco participaram de uma coletiva de imprensa, em Ouro Preto (MG). A intenção foi falar sobre a campanha anual em Defesa do Rio São Francisco, a Campanha Vire Carranca, sobre as Expedições Científicas no Baixo e no Submédio São Francisco e sobre o IV SBHSF, entre outros assuntos importantes.
Estiveram presentes: José Maciel Nunes de Oliveira, presidente do Comitê; Marcus Vinícius Polignano, vice-presidente do Comitê; Cláudio Ademar da Silva, coordenador da Câmara Consultiva Regional do Submédio São Francisco e Emerson Soares, professor da Universidade Federal de Alagoas e coordenador da Expedição Científica do Baixo São Francisco.
José Maciel Nunes de Oliveira, presidente do Comitê, apresentou a Campanha “Eu viro carranca para defender o Velho Chico”. O presidente ressaltou a importância dos jornalistas para divulgar todas as ações do CBHSF.
A campanha
Em um ano eleitoral, em que se abre perspectivas de retorno seguro de ações presenciais e de mobilização social na Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, o CBHSF se propõe a mobilizar a população do território – seja o meio político estadual e municipal, as companhias de saneamento, o setor produtivo em geral e a sociedade civil – em torno da necessidade urgente de revitalização do rio.
As obrigações em torno da recuperação do Rio São Francisco – um manancial de importância histórica principalmente para o Nordeste brasileiro, e fundamental no abastecimento da população – devem novamente encampar políticas públicas.
A ideia é que em 2022 a campanha “Eu Viro Carranca para Defender o Velho Chico” lance um olhar sobre os múltiplos territórios que integram a Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco. Uma Bacia Hidrográfica não se faz de um único rio. São nascentes, afluentes, tributários, riachos, córregos e ribeirões que se interligam nessa verdadeira teia da vida. Territórios que se unem pela lógica das águas.
Da mesma forma, neste território há municípios, distritos, estados, metrópoles, povoados – culturas que igualmente se interligam e que, por isso, constroem a identidade que tanto caracteriza a bacia do Velho Chico, o rio da integração nacional. Em outra escala, tem-se as quatro regiões fisiográficas da bacia – Alto, Médio, Submédio e Baixo São Francisco – que se caracterizam por ser as principais unidades de estudo e planejamento do território.
"A Campanha é a favor e em defesa do Velho Chico, inserindo todos os segmentos, desde que tenham interesse na sua revitalização. A ideia é que a campanha lance múltiplos olhares sobre todos os integrantes do Velho Chico. Uma bacia hidrográfica se faz primeiramente de gente. A nossa intenção é pensar o rio como um todo”.
Expedições científicas
A realização de expedições científicas é de indiscutível relevância para a gestão dos recursos hídricos na bacia do Rio São Francisco, à medida que possibilita a condução de diagnósticos e estudos essenciais para o planejamento dos usos e de programas de revitalização, em uma região fortemente antropizada e com conflitos de uso que podem comprometer a sustentabilidade futura dos diversos usos, como já havia explicado o coordenador da Expedição e secretário da Câmara Consultiva Regional do Submédio São Francisco, Abelardo Monteiro.
Emerson Soares, professor da Universidade Federal de Alagoas e coordenador da Expedição Científica do Baixo São Francisco disse que “é preciso sair dos muros das universidades e fazer pesquisas práticas". Ele complementou afirmando que "precisamos ter gestão do uso da água do São Francisco."
As expedições científicas também lidam com muitas problemáticas que trazem consequências às populações ribeirinhas, como desmatamento, pesticidas e saneamento básico. Apesar de ações também corriqueiras como a entrega de material educativos nas escolas, essa pode ser considerada a maior expedição científica no Brasil.
PL 4.546
Para os membros da CBHSF, a PL 4.546 não condiz com a Política Nacional de Recursos Hídricos Cláudio Ademar da Silva, coordenador da Câmara Consultiva Regional do Submédio São Francisco defende que é “um absurdo pegar um patrimônio brasileiro e entregá-lo ao mercado privado. Não podemos permitir isso".
Já Marcus Vinícius Polignano, vice-presidente do Comitê, disse que uma identidade coletiva tem que ser construída. “Somos diversos por características várias, mas o que nos une é um sentimento de pertencimento a um território. Essa bacia nos pertence e nós pertencemos a ela”.
A proposta, em tramitação na Câmara dos Deputados, vem sendo chamada pelo governo de “novo marco hídrico” e é um dos 27 projetos que tramitam apensados ao PL 1616/99, elaborado pelo então governo Fernando Henrique Cardoso, e que também trata da gestão de recursos hídricos no Brasil.
4ª edição do Simpósio da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco
Entre os dias 14 e 16 de setembro de 2022, a capital mineira Belo Horizonte, recebe a 4ª edição do Simpósio da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco – IV SBHSF. O evento, promovido pelo Fórum de Pesquisadores de Instituições de Ensino Superior da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco e pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco – CBHSF, terá como tema central a “Gestão hídrica no rio São Francisco: desafios e soluções”.
O principal objetivo do Simpósio é reunir pesquisadores e acadêmicos de todo o país para apresentação de estudos que contemplem a bacia hidrográfica do rio São Francisco e, dessa forma, identificar produções científicas sobre a bacia que possam auxiliar o CBHSF na busca por melhorias socioambientais. O evento contará com a participação nacional e internacional de diversos estudiosos relacionados à gestão dos recursos hídricos.
Por meio de palestras, mesas-redondas e apresentações, o evento objetiva congregar os seis grandes eixos que são as metas do Plano Diretor de Recursos Hídricos do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco. São eles: Governança e mobilização social; Qualidade de água e saneamento; Quantidade de água e usos múltiplos, Sustentabilidade Hídrica no Semiárido; Biodiversidade e requalificação ambiental e, por fim, Uso da terra e segurança de barragens. (Informações sobre o Simpósio retirado do próprio site do evento).
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