Leia “Manipulação através da comunicação”, por Valdete Braga
"Em uma sociedade repleta de “influenciadores”, onde qualquer pessoa faz papel de jornalista, repórter ou noticiarista, onde basta a abertura de um canal digital para o indivíduo se tornar “formador de opinião” é muito fácil manipular a mente dos mais incautos".
A geração dos nossos avós se informava através de jornais impressos, de difícil acesso à época. A dos nossos pais continuava com os impressos, agora adquiridos em bancas, e começavam, timidamente, a assistir também os telejornais, que chegavam junto com a TV aberta. A nossa geração se utiliza dos dois e da internet, de um tempo mais novo, mas igualmente presente.
A comunicação vem criando a cada dia novos contornos, e isto é ótimo, porque aumenta não só os caminhos para o conhecimento, como nossa capacidade crítica, à medida que as informações chegam com maior facilidade e praticamente em tempo real.
No geral, isto é muito positivo, mas atualmente estamos enfrentando um obstáculo preocupante, no meio. A geração atual encontra uma barreira que a nossa, a de nossos pais e a de nossos avós não encontraram, que é a enorme quantidade de informação tendenciosa, interesseira, e o pior de tudo, mentirosa, que nos chega.
Em uma sociedade repleta de “influenciadores”, onde qualquer pessoa faz papel de jornalista, repórter ou noticiarista, onde basta a abertura de um canal digital para o indivíduo se tornar “formador de opinião” é muito fácil manipular a mente dos mais incautos.
Quem tem o mínimo de conhecimento ou maturidade não cai fácil nas armadilhas das “fake news”, mas o que esperar de jovens que praticamente já nascem com um celular nas mãos, que não conhecem outro mundo além do das telas de seus aparelhos? O que esperar de uma geração que está se formando em um mundo onde se fica milionário (não apenas rico, mas milionário) do dia para a noite, fazendo dancinhas ou exibindo sua vida nos “stories”, do momento em que acorda ao momento em que vai dormir?
Nada contra as dancinhas ou os diários virtuais, desde que sejam usados com parcimônia, pelo entretenimento, como diversão para si ou para os outros. Nada contra o uso da internet, pelo contrário, ela pode ser para a geração que está chegando o que a TV e os jornais foram, e ainda são, para a nossa e a de nossos pais e avós.
O mundo gira, as coisas mudam e o progresso é inevitável e necessário. O que não pode acontecer é este exagero, onde nada mais importa além da própria exposição. Crescendo assim, onde só se conhece este mundo, é tristemente natural que se acredite em tudo o que se vê nas telas, e elas se tornam o ambiente ideal para interesses pessoais de pessoas manipuladoras.
A televisão e jornais também manipulam? Claro que sim, nem tudo o que as gerações passadas e a nossa liam ou assistiam era totalmente confiável. Só não era tão comum. As mentiras e manipulações eram exceção e não regra, e quando descobertas eram rechaçadas.
O que assusta nos dias atuais é a naturalidade com que tudo é aceito e tido como crível. Precisamos acordar para esta realidade, antes que seja tarde.
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